O primeiro jogo da franquia The Division tinha boas ideias, mas aos olhos de muitos a Ubisoft começou de forma conturbada, pois tinha pouco conteúdo e a sua qualidade estava bastante abaixo do que o que tinha sido anunciado pela empresa francesa. Só que, por bem, os desenvolvedores continuaram a trabalhar arduamente num melhor desenvolvimento pós-lançamento, o que fez com que The Division ficasse enriquecido com mais conteúdo e se tornasse um jogo mais completo. Tom Clancy’s The Division 2 aprendeu bem nas aulas e é um jogo melhor em todos os aspetos do que o primeiro da série.
Existe uma inevitável vontade de comparar o The Division 2 ao há pouco lançado Anthem, já que ambos os jogos se focam num mercado bastante idêntico. No entanto, as comparações acabam por ser desnecessárias, uma vez que Anthem perde em praticamente todos os aspetos. Outra das comparações possíveis ao novo jogo da Ubisoft pode ser com Fallout 76, visto que cenários pós-apocalípticos focados no modo online são comuns aos dois títulos; no entanto, mais uma vez aqui a Ubisoft acaba por sair por cima, pela entrega de um trabalho com bastante mais detalhe e qualidade. A experiência em The Division 2 é tecnicamente mais sólida e refinada do que a dos títulos mencionados anteriormente. Experienciei algumas ocasiões em que o jogo não correspondeu, e fui obrigado a reiniciar uma ou outra missão, mas com pouca frequência. Apesar de tal, não ser um motivo para comemorar, é sempre bom vermos as desenvolvedoras a cumprir com o prometido, algo que parece cada vez mais complicado para alguns estúdios.
Este novo conceito de jogo em que se enquadra The Division 2 é uma verdadeira incógnita no que diz respeito a lançamentos futuros, pois evolui de forma a procurar cativar sempre novos jogadores, assim como aqueles que já são parte da sua base. Mas o que podemos dizer para já é que o jogo está muito bom e neste momento extrai do gênero muito do sumo a oferecer.
A narrativa decorre vários meses após o primeiro jogo, e desta vez em Washington DC, diga-se que reconstruída de forma excelente e muito bem representada no mundo dos videojogos. Por ser uma história em que a humanidade está desmoronada pela propagação de um vírus mortal, o estado de deterioração não se manifesta apenas na violência que a raça humana perpetua sobre si mesma, mas também nas ruas e prédios. Começamos o jogo numa floresta com tons bem vivos e que captam desde logo a atenção dos jogadores pelos lindos visuais. Mas depressa tudo passa a ser mais rude e sujo, numa Washington com carros abandonados, edifícios em ruínas e enormes quantidades de bandidos que fazem de tudo para nos aniquilar.
As missões estão muito bem elaboraras e numa relação com todo o universo ficaram bem em praticamente todos os momentos, apesar de um jogo com características de um MMO ser mais propício a ter uma história superficial e sem grande capacidade narrativa. Verdade seja dita, a maioria dos personagens de The Division 2 não tem brilho. É possível personalizar o nosso boneco de forma totalmente livre, com bons e variados itens, contudo as personagens do próprio jogo pouco acrescentam ao universo. A caracterização é um aspeto importante em The Division 2, conseguindo criar uma atmosfera fantástica e credibilizando a destruição em ascensão em Washington DC. Isto pode ser visto nas mensagens encontradas, nas referências de ódio entre fações, assim como nos áudios que podemos encontrar. A Ubisoft fez o seu trabalho de casa.
Neste mundo, acabamos por ser também incentivados a explorar os cenários, não apenas pela sua bela construção, mas pela existência de itens mais raros pelos quais vamos lutar até os conseguir. O meu tempo gasto no jogo foi essencialmente em combate ou exploração para a obtenção de melhor loot.
Em comparação ao primeiro jogo, praticamente todos os aspetos estão mais aprimorados e muito melhor detalhados. Os inimigos estão bem mais inteligentes e caracterizados, não tornando o jogo previsível e aborrecido, como sucedeu no primeiro. Existe agora a possibilidade de arrancar partes de armaduras, atordoando os oponentes para tornar o combate mais dinâmico, não sendo necessários “milhões” de tiros para os derrotar. Alem disso, os tiroteios tornaram se mais interessantes dado o aumento da inteligência artificial atribuída aos NPCs. Estes são os grandes fatores melhorados em relação ao primeiro jogo, e que fazem com que The Division 2 seja algo mais do que um shooter banal.
A variedade de armas, tal como os vários tipos de vantagens e habilidades, trazem ao jogo da Ubisoft elementos de RPG que são muito bem-vindos tanto para a dinâmica de progressão individual, como para o próprio decorrer da narrativa. O meu conselho é de que se juntem aos vossos amigos ou a outros jogadores e enfrentem as várias lutas desafiantes, e ainda desesperar por ajuda quando as coisas não correm bem. The Division 2, quando jogado com amigos, apresenta uma ascensão mais imersiva e realista, um pouco em oposição a outras franquias da companhia que promovem o single player, como Assassins Creed ou Far Cry. Mesmo assim, para os jogadores que preferem jogar no seu próprio sossego, podem ficar descansados: continua a ser possível ter uma experiência sólida.
Opinião Final:
Pouco mais há a dizer a respeito de The Division 2. A história curta, juntamente com as personagens pouco carismáticas contrasta com a construção de cenários e desenvolvimento das missões. Nas missões vemos sim o aproveitamento que podemos tirar desta experiência, que é algo mais do que prosseguir do ponto A ao ponto B, apanhar um item e voltar à base. A construção mais complexa das missões consegue ser mais interessante do que algumas personagens específicas que supostamente impulsionam o desenvolver do enredo. Apesar dessa falta de sintonia comparativamente ao resto do jogo, quase tudo feito em The Division 2 foi realmente bom e promissor para o futuro.
Do que gostamos:
- Belos visuais;
- Boa IA;
- Excelente caracterização;
- Gameplay bem trabalhado;
- Uma grande evolução face ao primeiro jogo da série.
Do que não gostamos:
- História redutora;
- Alguns bugs e erros.
Nota: 8,5/10