Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr – Análise

 

Foi bem no início de 2017 que o estúdio húngaro Neocore Games desenhou aquele que viria a ser o seu próximo Action RPG. Estamos a falar de mais uma aventura passada no mundo de Warhammer, que, depois de ser lançado para PC, nos chega agora às consolas caseiras. Depois de variados lançamentos neste universo, como em jogos de tabuleiro e MMO’s, a aposta agora foi mais elevada e Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr chega-nos como provavelmente o maior lançamento da série, e ao mesmo tempo como aquele que capta da melhor forma todo o lore da série.

A história do jogo decorre no 41º milénio do calendário do jogo, e nela vestimos a pele de um inquisidor do império, sendo o nosso principal objetivo procurar respostas e explorar regiões em nome do nosso imperador. Toda a região que exploramos no desenrolar do enredo foi criada propositadamente para este novo jogo, e portanto não é possível reconhecer algumas das regiões apresentadas, assim como alguns inimigos ou elementos diretamente associados à sua história. Como inquisidores, somos colocados no meio de uma guerra estelar onde temos a função de eliminar qualquer tipo de inimigo, monstro ou aberração que se recuse a aceitar as ordens do imperador. Sendo no fundo a nossa missão limpar os imprevistos que podem ameaçar o império, de modo que, funcionamos como uma espécie de justiceiros “abençoados”, com a capacidade que nenhum outro soldado consegue atingir.

No início do jogo somos questionados sobre que tipo de inquisidor queremos ser. Podemos escolher a classe de soldado, assassino ou de uma espécie de feiticeiro psíquico que recorre a poderes que contradizem as leis da lógica, sendo estes de natureza sobrenatural e fantástica. Depois de tomarmos a difícil decisão de escolher uma classe que vai de encontro aos nossos gostos, temos ainda a possibilidade de, dentro da mesma, decidir entre diferentes grupos de combatentes com habilidades e modos de atuar diferenciados. Apreciámos bastante que a Neocore Games tenha conseguido oferecer um leque tão variado de opções. Todas as classes têm o seu lado único e atrativo, sendo que de certa forma o jogo começou mesmo antes do início. Acabámos por escolher o inquisidor psíquico, curiosos em relação às surpresas que este nos iria proporcionar.

Quando começámos a aventura, após uma pequena introdução em CGI com uma qualidade bastante boa, notámos de imediato que o gameplay de Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr era bastante semelhante ao do conceituado Diablo, ainda que com leves toques de Alienation. A nossa adaptação aos controlos não foi a mais fácil, o que nos deixou com a convicção de que o estúdio poderia ter facilitado a vida aos jogadores caso tivesse trabalhado melhor a forma de como é suposto interagir com o jogo. O movimento da câmara também está longe do ideal e senti que me prejudicou mais do que na realidade auxiliou nas expedições, o que não é certamente o propósito que o estúdio tinha em mente. As habilidades, por sua vez, correspondem a diferentes botões e com o seu respetivo tempo de cooldown associado, não fugindo ao estilo do próprio jogo. É uma decisão perfeitamente natural do estúdio, mas talvez fosse melhor realizar os ataques mais comuns em teclas como o L1, R1, L2, R2 do que executá-las nos botões frontais do comando.

A navegação pelos cenários do jogo são outra pedra no sapato e obscurecem o potencial que existe nesta franquia. Primeiro porque os cenários são exaustivamente repetitivos, monótonos e com carência de cor e vida. E em segundo, o design do próprio mapa está algo aquém do que é esperado para o atual panorama de um videojogo que se quer fixar no mercado com um preço de lançamento tão elevado.

Chegámos à conclusão, depois de várias horas investidas nesta aventura galática, que a prinicipal jogo é fazer-nos sentir compensados por ir subindo de nível com a atribuição de novos itens a ser equipados. A variedade de opções ao nosso dispor é realmente enorme, e por isso é satisfatório ter ainda mais para escolher. Apesar de existirem as três classes que referimos, sentimos que independentemente da escolha passadas algumas horas a experiência se vá tornando mais aborrecida e desinteressante, pois apenas se alteram algumas nuances através da aquisição de uma ou outra arma, sendo a única coisa que nos afasta da ideia de em Warhammer tudo ser “mais do mesmo”.

Outra das críticas a apontar é o facto de os inimigos (à imagem de todo o jogo) serem também um pouco repetitivos. Sim, até existe um catálogo variado de ameaças a eliminar, mas muitas delas reagem da mesma forma, o que faz com que se tornem – no fundo – todos bastante parecidos, o que acaba por tirar um pouco o prazer de explorar este universo, apesar do seu bom gameplay que é sem dúvida o que consideramos ser o ponto mais forte Warhammer. Alguns bosses são aqui uma exceção, requerendo bastante do nosso tempo por serem frustrantes de derrotar, uma vez que comparados aos inimigos normais são bastantes mais complexos e exigem pensamento estratégico da nossa parte. Para nos facilitar a vida, existem também armas fixas pelos cenários de batalha que nos permitem jogar em 1ª pessoa e derrotar mais facilmente os inimigos, se bem que geralmente quando lá conseguimos chegar já todos estarão mortos.

Visualmente, o jogo apresenta-se um pouco ultrapassado não sendo um regalo ao nosso olhar. Os gráficos não são maus, mas precisavam de mais… detalhes, mais atenção e mais preocupação em criar uma experiência nova e que fosse realmente revolucionária, porque como já dissemos, potencial não falta ao mundo de Warhammer. A performance do jogo nas consolas também se apresenta com bastantes problemas técnicos, entre os mais graves as quedas de framerate constantes que surgem em batalhas com um maior número de inimigos ao mesmo tempo no ecrã.

O jogo compensa-nos com a sensação de que estamos num mundo realmente gigante com muito para oferecer, não desmerecendo o nome que carrega. O trabalho feito pelos atores também está bastante bom, assim como todo o trabalho sonoro, encaixando-se perfeitamente no mundo de ficção cientifica apresentado em Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr.

Outra novidade que vemos com bons olhos é a de ser possível (através de um sistema de cartas) criar as nossas próprias missões e jogá-las em modo cooperativo, online ou local. Uma boa ideia integrada no jogo e que consegue aumentar a longevidade do mesmo, conseguindo ainda que os utilizadores possam partilhar as suas personagens e, acima de tudo, as suas aventuras com os outros jogadores.

Opinião Final:

Warhammer 40K: Inquisitor – Martyr apresenta-se ao mundo como um jogo de nicho. Dificilmente agradará a todos, apesar de serem notáveis as ideias inovadoras do estúdio, uma vez que, por muitos motivos dificilmente explicáveis, muitas delas não se concretizam adequadamente. Apesar disso, mostra-se como um bom jogo dentro do seu universo e que certamente para os fãs vai compensar o investimento com a enorme quantidade de horas de jogo que oferece.

Do que gostamos:

  • Mundo de Warhammer;
  • Boa CGI;
  • Modo cooperativo;
  • Diversidade de personalização.

Do que não gostamos: 

  • Apresentação visual abaixo do esperado;
  • Gameplay algo trapalhão;
  • Problemas de performance;
  • Design de níveis torna o jogo repetitivo.

Nota: 5,5/10