Warhammer é, sem espaço para dúvidas, um dos universos de RPG mais explorados em todo o mundo, o que tem dado origem a uma diversidade de produtos praticamente impossível de contabilizar. Sem grande surpresa, este universo é amplamente explorado até mesmo no mercado de videojogos, sendo quase que obrigatório o lançamento de pelo menos 2 jogos por ano, e isso não é um exagero, principalmente quando olhamos por exemplo para 2018, ano em que foram lançados, por diferentes estúdios, 9 jogos dentro deste universo.
Obviamente que essa quantidade massiva também significa que nem todos os jogos possuem uma grande qualidade, sendo muitas vezes criticados de maneira bem negativa mesmo pelos fãs mais fieis. Sendo assim, quando a Eko Software anunciou o RPG de ação Warhammer: Chaosbane, alguns alarmes foram ativados, já que a última tentativa de adaptar o universo para este género não fora nem de perto um sucesso (Warhammer 40,000: Inquisitor – Martyr). Mas, ao que tudo indica, há uma luz no final do túnel.
Esta nova adaptação do Warhammer Fantasy chegará para PC, PlayStation 4 e Xbox One apenas no dia 4 de junho de 2019, porém, recentemente foi disponibilizada uma beta onde foi possível ter uma breve, mas interessante exploração de alguns dos elementos que o jogo tem a oferecer.
Sem muita surpresa, já que é a base de história para a maioria dos jogos de fantasia, o mundo está a ser ameaçado e enquanto os diferentes reinos buscam maneiras de sobreviver, os Demónios do Caos estão prontos para aproveitar-se desse momento de fragilidade entre os reinos para avançar. Através da reunião de um conselho de High Elves e Witch Hunters quatro heróis são invocados com a missão de travar o avanço dessas criaturas..
Para aqueles que não estão familiarizados com o universo fantástico de Warhammer, os Demonios do Caos são um exército bem antigo dentro do Warhammer Fantasy, mas que ganhou um destaque maior a partir da 5ª edição, ao tornar-se num exército independente e extremamente poderoso. Estas criaturas criadas pelos deuses obscuros são entidades que se alimentam das emoções e sentimentos mais sombrios dos seres do mundo real, com cada um a possuir características únicas que refletem a natureza dos seus criadores.
Ao iniciar então a aventura, o jogador terá que escolher entre quatro classes de personagens diferentes, sendo elas: o Soldado Imperial, que assume uma posição entre os heróis bem clara de “tank”; o Anão, especializado em combate corpo-a-corpo; um High Elf especializado em magias; e uma Wood Elf que recorre ao seu arco e a armadilhas para derrotar todos os que estiverem no seu caminho. Infelizmente, na beta apenas o Soldado Imperial e o High Elf estavam disponíveis.
Apesar de não ter muita familiaridade com o universo Warhammer nos videojogos, e o género não ser um dos meus favoritos, aceitei o desafio de jogar a beta e, principalmente, usufruir dessa experiencia na PlayStation 4, algo que com toda certeza os fãs do género entendem que seria um belo desafio para o jogo, já que por padrão são jogos que fazem melhor uso de suas mecanicas através do teclado e rato. Contudo, e com uma certa surpresa, foi possível notar que a Eko Software fez um trabalho interessante ao adaptar as mecânicas de jogo para o comando, claramente seguindo o exemplo deixado pela Blizzard com a adaptação de Diablo III para as consolas, o que significa que mesmo os jogadores mais habituados ao teclado e rato poderão aceitar o desafio de jogar na PlayStation 4 ou Xbox One sem grandes dificuldades de adaptação.
Esta acessibilidade foi conseguida graças ao estúdio ter cuidadosamente tomado em consideração as limitações dos comandos, mapeando de maneira inteligente as habilidades especiais de cada personagem entre os diferentes botões, optando ainda pelo acesso ao inventário através de uma interface de forma circular, o que permite um acesso bem mais fácil e intuitivo aos itens no mesmo com o stick esquerdo do comando.
Isso significa que a resposta é perfeita? Ainda é cedo para avançar com uma resposta definitiva, principalmente pelo facto desta antevisão ter como base apenas a beta, além do facto de o jogo ainda ter praticamente 2 meses de desenvolvimento pela frente antes do seu lançamento oficial. Contudo, foi possível notar um breve delay entre o pressionar do botão e a ação do personagem, mas antes de se julgar um produto antes mesmo do seu lançamento, é sempre aconselhado estar atento àquilo que o estúdio fará nos próximos meses e perceber se esse e outros problemas serão tidos em consideração e resolvidos até ao dia 4 de junho.
Mas quando mencionei no início que apesar do passado deixar algumas dúvidas, Warhammer: Chaosbane poderá ser uma surpresa bem agradável para os apaixonados pelo género, tal deveu-se a que o estúdio não foi apenas buscar inspirações a outros jogos já conceituados do género para o mapeamento das habilidades, mas também estudou bastante os mesmos nas mecânicas básicas de exploração e combate.
Em Warhammer: Chaosbane o jogador basicamente terá que avançar entre diferentes missões (algumas delas bem extensas) enquanto explora diferentes locais, derrota hordas e hordas de inimigos, consegue melhores equipamentos e evolui o seu nível. Subir de nível é muito importante não apenas para conseguir melhores equipamentos, mas também para conseguir mais e melhores habilidades especiais, que serão desbloqueadas gastando-se pontos de experiência. Ao mesmo tempo, dá-se uma certa liberdade ao jogador dentro das limitações de cada personagem, para criar o seu próprio estilo de combate.
Aqueles que aqui esperam por uma evolução rápida através de uma árvore de habilidades básica vão ficar surpreendidos. A Eko Software trouxe ideias interessantes para cima da mesa, e ao contrário de outros jogos do género, Warhammer: Chaosbane apresenta uma evolução um pouco mais rigorosa dessas habilidades, uma vez que cada uma delas possui níveis e custos diferentes. Esta forma de progressão tem como consequência que quanto mais forte for a habilidade, maior será o seu custo. Tal significa que os jogadores terão realmente de pensar bem na hora de moldar a sua personagem, já que uma habilidade extremamente poderosa significa também um custo bem alto, o que em muitos casos os forçará a retirar outras habilidades para terem pontos suficientes para esta nova habilidade mais poderosa.
Para além das habilidades especiais, ao alcançar determinados níveis também será possível desbloquear algumas habilidades passivas num sistema bem similar ao de Path of Exile, em que o jogador poderá moldar ainda mais o seu personagem ao, por exemplo, aumentar a sua resistência, força ou dar prioridade a uma maior potência dos seus golpes ao realizar um contra-ataque.
Mas um dos elementos mais interessantes de Warhammer: Chaosbane, o sistema de ressurreição, não é inspirado exatamente em jogos que seguem um mesmo estilo. Este consiste em que ao ser derrotado por um inimigo, o jogador poderá pagar algumas moedas de ouro (que obtém ao derrotar inimigos ou em baús) e assim ressuscitar no mesmo local onde foi derrotado. Ao regressar, o jogador poderá mover-se livremente pelo cenário temporariamente invulnerável, o que lhe dá a possibilidade de se reorganizar e planear uma nova estratégia para derrotar os inimigos que defronta.
Este elemento, porém, só poderá ser utilizado desta maneira contra hordas de inimigos. Ao enfrentar os bosses finais de cada capítulo, se for derrotado, o jogador poderá regressar à vida sem qualquer custo adicional, mas também todo o dano e efeitos causados contra o boss serão anulados e o combate começará do zero.
Aqueles que esperam um jogo com uma grande dinâmica e rapidez na mudança entre os cenários poderá ficar muito dececionado. Como mencionado, alguns capítulos são bem extensos, pelo que podem esperar por missões que vos façam permanecer por muitas e muitas horas a explorar um mesmo cenário, o que pode indiretamente trazer uma sensação clara de repetição. Posto isto, se são daquele tipo de jogadores que procuram rapidez na transição entre cenários, talvez Warhammer: Chaosbane não seja um jogo muito indicado para vocês, e que vos poderá mesmo frustrar rapidamente.
Ainda assim, vale sempre frisar que esta repetição é quase que um elemento inerente a RPGs de ação, onde mais cedo ou mais tarde o jogador irá atingir um ponto em que irá precisar de encontrar melhores itens e habilidades para progredir, ou simplesmente encontrar novas maneiras de se desafiar.
Assim como Diablo III, Warhammer: Chaosbane permitirá aos jogadores escolher entre desfrutar dessa jornada sozinhos através do modo single-player, ou com os amigos através dos modos cooperativo local e online, com suporte para até quatro jogadores.
Opinião Final:
Em resumo, Warhammer: Chaosbane é um jogo que traz uma proposta que finalmente pode levar o universo Warhammer ao seu tão almejado sucesso no género dos RPGs de ação, algo que com certeza só será possível graças à atenção da Eko Software aos mais pequenos detalhes. Se, contudo, esperavam encontrar aqui algo de inovador ou completamente diferente de Diablo, Path of Exiles, Grim Dawn e muitos outros jogos deeste estilo… poderão sentir uma certa frustração. Muita da qualidade que o jogo promete entregar no seu lançamento está diretamente ligada a clara inspiração em elementos amplamente elogiados pela crítica especializada e fãs dos jogos/franquias mencionados.
Por isso, creio que certamente Warhammer: Chaosbane poderá realmente agradar aos jogadores mais aficionados por esse estilo de jogo, e principalmente aos apaixonados pelo Warhammer Fantasy. Resta simplesmente aguardar pelo seu lançamento, que trará mais personagens, modos, níveis de dificuldade, entre outros conteúdos, para que finalmente possamos ter uma noção de se o jogo se consegue destacar num mercado onde há pouco espaço para novas propostas, em que nomes como Diablo e Path of Exiles dominam.
Esta antevisão foi redigida com base num código do jogo para PS4 gentilmente cedida pela Upload Distribution.