A franquia Xenoblade Chronicles tem sido uma das marcas da Nintendo que mais sucesso teve nos últimos anos. Depois do desejado lançamento do primeiro Xenoblade Chronicles em 2010 para a Wii, o jogo, que tal como the Last Story esteve para não ser lançado nos Estados Unidos, encontrou um sucesso sem igual.
Aclamado quase unanimemente como um dos melhores RPGs para Wii, Xenoblade Chronicles seria sucedido por Xenoblade Chronicles X para a Wii U, um remaster para a Nintendo 3DS, um remake para a Nintendo Switch e finalmente duas sequelas, Xenoblades Chronicles 2 no ano de lançamento da Switch, e agora, no verão de 2022, Xenoblade Chronicles 3.
Xenoblade Chronicles 3 conta-nos a estória de duas nações militares num estado de guerra perpétua – Keves e Agnus, cujas batalhas são essenciais para a sobrevivência dos seus membros. Os soldados de ambas as nações apenas vivem durante 10 anos, nascendo com um aspecto de cerca de nove/dez anos de idade de uma criança normal e falecendo por volta do que diríamos serem os dezanove/vinte anos. Através de tecnologias avançadas, sempre que um membro de uma nação mata um adversário estrangeiro, a sua força vital é absorvida pelo “Flame Clock” do batalhão ao qual o soldado pertence, alimentando e dando força vital aos membros da nação correspondente. Isto é essencial para que ambas as nações sobrevivam e mantenham o seu conflito, cujas origens, foram perdidas para a história.
No seio desta guerra sem fim, um encontro acidental entre 6 jovens de ambos os lados das trincheiras e um homem de sessenta anos de idade vai quebrar a crença naquilo que é o dogma alimentado por cada nação, mas, mais importantemente, irá também plantar a semente do desejo de viver para além do limite de idade imposto pelas nações, para além da guerra e do sofrimento. Para tal, terão de se tornar Ouroboros, um elemento de revolução que se opõe à ordem do mundo.
Noah, Mio, Lanz, Sena, Eunie e Taion embarcam assim numa viagem pelo mundo fora, para descobrir não só as origens da guerra, mas também para se tentarem libertar do ciclo de guerra que envolve as duas nações.
A narrativa principal deste jogo encontra a caída da cortina final após cerca de 40-45 horas de jogo, um pouco curta, ainda assim a mesma contem dos momentos mais belos alguma vez apresentados num RPG. Não só todas as personagens possuem um merecido desenvolvimento narrativo, como também é possível recrutar outras personagens heroicas com as suas estórias de fundo. Para além disto, Xenoblade Chronicles 3 encerra também a estória geral de Xenoblade Chronicles, juntando os mundos de Xenoblade Chronicles e Xenoblade Chronicles 2, sem obrigar aqueles que não jogaram os outros títulos a voltar atrás. Quer isto dizer que não obriga os jogadores que entram em Xenoblade Chronicles 3 a jogar os outros jogos.
A nível de jogabilidade, é possível controlar cada uma das 6 personagens principais, combinando nos combates os ataques normais com as arts: Talent arts de cada classe, Master Arts de outras classes, Fusion Arts combinando os ataques da própria classe com outras classes. Também é possível executar Chain attacks com as suas próprias chain arts (algo já existente nos outros jogos). Finalmente, cada grupo de duas personagens podem-se fundir em Ouroboros, um ser mágico que possui as suas próprias arts e modos de ataque.
Em comparação com os outros jogos, Xenoblade Chronicles 3 refina e aperfeiçoa o que de melhor há no sistema de combate de Xenoblade, trazendo o que consideramos como o melhor sistema de combate da franquia.
Existem várias mecânicas que afetam a jogabilidade, embora existam algumas que simplesmente achamos serem desnecessárias. O caso dos flame clocks é um excelente exemplo – é nos indicado que o mesmo afeta a jogabilidade enquanto funciona, pelo que é necessário derrotar inimigos para manter os nossos stats num nível confortável, mas nem 2 horas de jogo passadas, as nossas personagens ficam desvinculadas do seu flame clock e essa mecânica é abandonada. Dado que os relógios possuem bastante relevância narrativa, não seria melhor manterem o seu aspecto puramente narrativo sem influenciar a jogabilidade (por poucas horas), obrigando o jogador a aprender e a preocupar-se com mecânicas que serão rapidamente abandonadas?
O mundo de Xenoblade Chronicles 3, embora não sendo o maior mundo alguma vez visto num RPG, encontra-se cheio de colónias (vilas pertencentes a cada nação) e enormes espaços naturais que podem ser explorados cuidadosamente pelos jogadores. O mundo está repleto de sidequests que aumentam consideravelmente o tempo de jogo e permitem-nos melhorar os stats das nossas personagens.
Gráficamente, não sabemos o que é que a Nintendo fez, mas Xenoblade Chronicles 3 é um dos jogos mais belos que alguma vez chegaram à Switch, falamos de uma consola com 5 anos de idade que já utilizava hardware um pouco antigo. Os cenários grandiosos são apresentados com uma fidelidade gráfica surpreendente. Naturalmente que devido às limitações do hardware, os inimigos distantes sofrem de uma queda no seu framerate (o mesmo é dinâmico a vários elementos no ecrã), algo já conhecido de outros jogos da Switch, mas as texturas são adequadamente apresentadas.
A nível da sonoplastia, Xenoblade Chronicles 3 é uma obra prima musical, sendo acompanhado de temas memoráveis que serão a peça principal de muitos concertos futuros de videojogos. O tema principal, acompanhado de duas flautas japonesas Shinobue, é uma peça emocional que ficará na cabeça dos jogadores durante muitos meses após jogar o jogo. A voz das personagens em inglês mantém o distintivo sotaque britânico, com algumas variações geográficas (e uma exceção americana) a que a Nintendo já nos habituou. A performance está ainda melhor do que nos últimos jogos, pelo que aconselhamos a jogar este jogo com as vozes em inglês.
Opinião Final:
Xenoblade Chronicles 3 é o melhor RPG disponível para Nintendo Switch, com uma estória emocionalmente impactante, o melhor sistema de combate, sólida exploração e uma apresentação gráfica e sonora memorável, é obrigatório para todos os possuidores de uma Nintendo Switch. Altamente recomendado.
Do que gostamos:
- Estória de cerca de 50 horas, não é muito, mas serve perfeitamente para contar uma narrativa profunda, com temas interessantes e emocionais. É impossível não gostar daquelas personagens;
- O melhor sistema de combate, cuja combinação de mecânicas permite atingir um equilibro essencial entre a exigência de habilidade e prazer em jogar;
- Uma banda sonora linda!
Do que não gostamos:
- Nada a apontar.
Nota: 10/10
Análise efetuada com um código Nintendo Switch cedido gentilmente pela distribuidora.