Análise – Alienation

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A Housemarque já não é nenhuma novata nestas andanças, estando já na indústria há pelo menos duas décadas e tendo recentemente lançado em 2010 o jogo Dead Nation – recebido por boas críticas e apresentado um estilo top-down que colocava o jogador num apocalipse zombie.

Agora, decidiu aventurar-se numa espécie de sucessor espiritual, com Alienation. Neste exclusivo da Playstation 4, o planeta Terra foi assolado por alienígenas e atualmente todo o mundo está em guerra, com a humanidade à beira da derrota. O governo mundial desenvolveu armaduras de exoesqueletos para organizar um exército mecanizado para enfrentar a ameaça e o jogador fará parte dessa força especial.

Na sua essência, Alienation é um shooter com uma visão top-down onde o stick esquerdo controla os movimentos da nossa personagem e o direito a mira da nossa arma. A jogabilidade é extremamente simples, basicamente temos de disparar para tudo o que mexa, tendo para o efeito um verdadeiro arsenal de armas. Para além da nossa arma principal, temos uma secundária (mais leve e com menos capacidade bélica) e uma arma de maior peso – como um lança-chamas. A juntar a isto tudo, temos ainda armas de arremesso, como granadas.

Mas Alienation não se resume apenas a disparar e disparar… bem na verdade sim, mas aqui temos também alguns elementos de RPG, permitindo que à medida que vamos ganhando pontos de experiência vamos também ganhando pontos para ir melhorando ou adquirindo novas habilidades para nos ajudarem em batalha. Ao iniciarem a campanha, poderão escolher de entre três classes – Bio-Especialista, Tanque e Sabotador – cada uma com diferentes habilidades e capacidades específicas da sua armadura.

Apesar de não ser um jogo que tome pleno partido das capacidades da PS4, Alienation não deixa de ser um festim visual.

Apesar de não ser um jogo que tome pleno partido das capacidades da Playstation 4 como outros desta geração, Alienation não deixa de ser um festim visual.

A nossa armadura pode ser melhorada através da criação de núcleos – estes são criados através de pedaços de metal que vão sendo apanhados ou obtidos a partir de armas que sejam recicladas, à semelhança do que pode ser feito com todo o armamento. Apesar de existir um foco no melhoramento do equipamento já existente, Alienation está cheio e repleto de loot. A exploração de cada nível é motivada não só pelo ganho de mais experiência como também pela aquisição de armas melhores e maiores e de material para a criação de upgrades. Neste sentido, temos aqui quase um action RPG – apesar de o elemento da história ser muito incipiente. Não existirá grande motivação para irem descobrindo o enredo uma vez que, o pouco que há, apenas serve para estabelecer um pequeno fio condutor para as missões que vão assumindo.

Todo o combate não é só run and gun, em Alienation vão ver-se a braços com diferentes tipos de inimigos que exigirão diferentes tipos de aproximação e estratégia. Apesar de provavelmente conseguirem despachar uns quantos Mutantes com ataques corpo a corpo, o mesmo não se poderá dizer dos Soldados. O jogo obriga-vos a pensar no caminho a tomar, o que é facilitado pela existência de alguns checkpoints espalhados pelo mapa e que têm de ativar. Nem sempre o melhor caminho é o mais direto, podendo levar a uma morte certa. Não se preocupem, podem escolher entre dois modos – Hardcore, em que a vossa morte é permanente e o Normal que vos permite fazer respawn… juntamente com todos os inimigos que já tinham derrotado.

Alienation nunca é extremamente difícil, existindo algumas partes em que definitivamente se avança por tentativa e erro, mas no geral é possível levar tudo a bom porto sem grande esforço. Existem no entanto alguns picos de dificuldade que não fazem muito sentido na progressão natural do jogo e que vos podem deixar com alguma vontade de atirar com o comando. Ainda assim, não é nada que não possa ser ultrapassado. De todo o modo, caso sintam que as missões estão a ser demasiado fáceis, podem sempre aumentar a dificuldade antes do início de cada uma. O nível dos vossos inimigos aumenta, mas as recompensas também, aumentando a percentagem de pontos de experiência que vão adquirindo, assim como a possibilidade de obterem melhor loot. Aqui, Alienation recompensa e bem os jogadores que decidem aumentar o seu desafio, colhendo os frutos do seu esforço.

Frase que terão de colocar no nosso Passatempo Alienation:

“Com a Playstation e o Portugal Gamers poderei experimentar este exclusivo da Playstation 4 no planeta Terra que foi assolado por alienígenas.”

Em Alienation preparem-se para enfrentar exército de inimigos alienígenas, sempre com artilharia pesada.

Em Alienation preparem-se para enfrentar exército de inimigos alienígenas, sempre com artilharia pesada.

Apesar de a jogabilidade poder ser vista como repetitiva, especialmente porque estamos a falar de cerca de 20 missões no modo história, a variedade de inimigos e de objetivos vai fazendo com que o progresso não seja forçado. Volta e meia, deparamos-nos com objetivos diferentes dos principais, como assassinar generais inimigos ou então o surgimento de hordas que obrigam a um pensamento rápido para conseguir escapar ileso. Assim, nada é obrigatoriamente linear e o jogador consegue completar cada missão um pouco à sua maneira.

Graficamente, o jogo é um mimo. Apesar de estarmos a falar da Playstation 4 e de um jogo top-down, os efeitos das explosões e toda a envolvente dos cenários é impressionante. Tendo em conta que estamos a falar de um jogo onde quase tudo é possível ser destruído e explodido, este era um daqueles pontos que nunca poderia ser descurado. O único ponto a apontar é que de facto pode ser um pouco desconfortável dependendo da televisão onde jogam, uma vez que alguns elementos do cenário podem parecer ser demasiado pequenos. Ainda assim, com as cores e luzes utilizadas, tudo se destaca bem sem nunca se confundir com os elementos do cenário, que variam entre selvas tropicais e cenário de guerra desolados.

É ainda de destacar que mesmo com hordas e hordas de inimigos no cenário, nunca tive problemas de quebras de framerate ou qualquer tipo de lag que me prejudicasse a meio do jogo. Sonoramente, estamos a falar de um jogo competente, com atores que fazem o seu trabalho decentemente. Alienation não é um jogo que requeira grande cuidado no que toca a atuações, mas ainda assim é bom ver que existiu alguma preocupação neste sentido. Destaca-se ainda o fato de a nível textual, todo o jogo se encontrar localizado para Português, algo que é sempre bom de ver em qualquer título.

A Housemarque tem feito questão de referir que estamos a falar de um jogo co-op e na verdade é bem possível que esta experiência apenas melhore a exploração deste mundo, entrando na sessão de um qualquer outro jogador que esteja a fazer a mesma missão que vocês, podendo tanto ajudá-los como criar o caos rebentando com carros e outros elementos explosivos do cenário. Infelizmente não me foi possível testar esta funcionalidade mas, ainda assim, é bom ver que foi aqui criada uma experiência de jogo que mesmo a solo consegue ser competente e extremamente divertida.

Opinião final:

Podendo rapidamente ser relegado ao mundo dos jogos que apenas valem a pena no seu modo multijogador, Alienation revela-se uma boa surpresa e um título que tanto tem de divertido como de competente no seu género específico. Fazendo lembrar alguns dos velhos RPG de acção do antigamente, temos aqui uma experiência frenética que tem ainda o potencial de ser melhorada ao convidarmos outro jogadores e assim expandindo as estratégias necessárias para terminar as missões com sucesso. Alienation não deve passar despercebido aos fãs de shooters e de RPG’s de ação, constituindo um óptimo exclusivo da Playstation 4.

O que gostamos:

  • Componente gráfica com excelentes efeitos e bom desempenho, mesmo com hordas massivas de inimigos no ecrã;
  • Extremamente divertido, quer seja acompanhado ou a solo;
  • Boa implementação de elementos de RPG num jogo de ação.

O que não gostamos:

  • Picos de dificuldade sem lógica, mesmo com a dificuldade mais baixa;
  • Enredo apenas serve para contextualizar os cenários que visitamos.

Nota: 8/10