Análise – Ark: Survival Evolved

Quem cresceu nos anos 90 com certeza assistiu inúmeras vezes ao filme Parque Jurássico, e já sonhou em ser um paleontólogo ou um cientista só para testar a teoria de se realmente era possível recriar os dinossauros nos dias atuais. Se é possível, não sei, mas Ark Survival Evolved pretende fazer o caminho inverso e levar o jogador até um mundo onde quem domina são eles.

Em junho de 2015, o jogo entrou em fase de acesso antecipado na Steam e desde então que se tornou num dos jogos de sobrevivência com mais jogadores, mods e constantes atualizações do mercado.

Ark oferece ao jogador quase que possibilidades ilimitadas para criar a sua própria aventura. Querem apenas ser um cientista a recolher um espécie de cada criatura e criar o vosso próprio Parque Jurássico? Sintam-se à vontade. Desejam jogar com amigos num servidor PvP e invadir a base de outros jogadores em cima de um T-Rex enquanto disparam com uma metralhadora? É possível. Desejam reunir amigos e criar uma história onde estavam numa cave a trabalhar num projeto cientifico e por engano foram transportados para o passado e agora terão de sobreviver numa ilha repleta de criaturas antigas? O único limite é vossa imaginação.

O jogador inicia a sua aventura totalmente despido (calma, não ao nível de Conan Exiles, haverão alguns tecidos a esconder zonas mais íntimas) e terá que utilizar as próprias mãos para recolher os primeiros recursos necessários para criar as ferramentas. Será nesse momento em que ao jogador serão apresentadas as  Engramas, receitas de itens extremamente importantes e que são desbloqueados à medida que o jogador recebe experiência com as suas ações. Estes pontos de experiência podem então ser utilizados para desbloquear ferramentas, estruturas, selas para dinossauros e, mais adiante, até mesmo armas de fogo.

E é justamente aqui que surge a primeira falha do jogo: apesar de haver ações que oferecem muito mais experiência do que outras, como, por exemplo, a produção de narcóticos que serão utilizados para produzir setas tranquilizantes para domar os dinossauros, chegamos eventualmente a um ponto do jogo  onde a progressão começa a ser demasiado lenta. Apesar de lenta, não é o suficiente para fazer o jogador desistir, e obviamente que ao jogarem com um amigo esta progressão será mais rápida, mas por existirem receitas que só serão desbloqueadas num determinado nível, muitas vezes poderão ter até já um dinossauro, mas sem a sela, ele não terá grande utilidade na vossa aventura. Outras situações como esta são algo frequentes, como por exemplo precisarmos de certos itens ou melhorias para explorar determinados locais, itens e melhorias esses que ainda não possuímos.

Para além das receitas, ao subir de nível o jogador também poderá distribuir pontos em melhorias na própria personagem, sendo assim possível ter mais saúde, velocidade de movimento, stamina e até um maior fôlego de baixo de água.

Outro ponto que, embora não necessariamente, pode ser considerado negativo por alguns e pode afastar alguns jogadores é a falta de tutorial ou explicações mais extensas sobre cada dinossauro ou recursos. Por ser um jogo de sobrevivência, o jogador constantemente terá de recolher recursos e, com a progressão do jogo, poderão ficar confusos em relação a como fazer uso de alguns deles. O mesmo acontece com alguns dinossauros, um Triceratops é um animal herbívoro, então facilmente compreendemos que para o domar teremos que utilizar frutas, da mesma maneira que um T-Rex irá consumir carne. Mas… e um simples pato? Como acham que seria domado? Se imaginaram que com peixe, não estão longe da resposta, mas não será de uma maneira assim tão simples.

O mesmo acontece na “habilidade” de cada dinossauro, um excelente exemplo é o próprio Triceratops, que é um excelente dinossauro para quem está a dar os primeiros passos no jogo. Caso consigam ter este excelente aliado ao vosso lado, este irá ser muito importante na hora de recolher frutas e palha, no entanto, para descobrirem a melhor maneira de utilizar cada dinossauro para a vossa sobrevivência, terão realmente de experimentar bastante (ou recorrer à wiki do jogo), o que, na minha opinião é um fator extremamente positivo. Todo este incentivo à exploração leva o jogador a justamente entrar numa jornada de descoberta, que pode ser, ao mesmo tempo, frustrante para quem procura um jogo que tenha uma explicação mais imediata, afinal antes mesmo de descobrirem como um dinossauro vos poderá ajudar, terão que o domar.

A nível de desempenho, o jogo ainda está a tentar encontrar o seu equilíbrio. Na PlayStation 4, plataforma na qual o jogo foi maioritariamente analisado, é possível notar algumas quedas de FPS, principalmente à medida em que o mapa vai sendo mais explorado ou acontecem efeitos climáticos, mas nada que realmente prejudique a experiência do jogador. No PC, esta experiência já tem outros fatores.

Quem jogou o acesso antecipado no PC sabe que à medida que a Wildcard, estúdio responsável pelo desenvolvimento, adicionava novidades, o jogo ia exigindo mais do PC de cada jogador, até ao momento em que os bugs e a falta de otimização começaram a ser um problema quase impossível de ultrapassar. Com o aproximar do lançamento, o estúdio trabalhou intensamente nas correções e disponibilizou quase que diariamente novas atualizações (algumas com tamanho considerável). Devido a todas estas correções, atualmente o jogo está praticamente livre de problemas e a otimização está muito melhor. No entanto, devido à quantidade de conteúdo presente e à qualidade gráfica, dificilmente num PC mais modesto o jogo terá um desempenho tão satisfatório quanto o esperado.

Outra situação muito comum é ver dinossauros selvagens a ter movimentações estranhas, como atacar estruturas sem nenhum motivo ou até mesmo ficar preso em árvores ou pedras, isto poderá, por um lado, ajudar o jogador a domá-los com maior facilidade, mas, por outro, o mesmo também acontecerá com dinossauros que já foram domados, então terão sempre que estar atentos ao caminho que farão com os vossos dinossauros. Uma simples pedra poderá ser suficiente para que estes fiquem presos e seja necessário que voltem atrás e destruam a pedra. Só aí é que o dinossauro conseguirá seguir em diante. Estes são, no entanto, pequenos detalhes que muito provavelmente com o passar do tempo o estúdio irá corrigir.

Um problema que os jogadores das consolas irão enfrentar são as ações durante o jogo. O jogador terá a sua disposição algumas ações essenciais para interagir com o universo de jogo, como , por exemplo, pedir para que apenas um ou todos os dinossauros vos sigam, pedir para que ataquem um determinado alvo, ou mesmo que permaneçam em alerta quando estão dentro da vossa base. No entanto, devido à limitação na quantidade de botões no comando, estas ações por vezes tornam-se num problema, já que, ao contrário de um teclado (onde com um simples pressionar de uma tecla a personagem faz uma determinada ação), num comando irão precisar de dois ou três passos adicionais para o fazer. Um exemplo simples é que para chamar um dinossauro, num PC basta pressionar a tecla “T”, enquanto que na PlayStation 4 terão de pressionar um botão e mover o analógico na direção dessa ação. Pode parecer algo banal e até ridículo pensar nisto como um problema, mas em situações que exigem rapidez, este tempo adicional poderá ser a diferença entre , por exemplo, o seu dinossauro sobreviver ou não a um ataque, além de muitas vezes quebrar o ritmo do jogo.

Para além do conteúdo base, Ark oferece ainda uma expansão chamada Scorched Earth, que levará o jogador numa aventura semelhante à do jogo base, mas agora numa região desértica com novas criaturas, novos recursos e novos desafios. Os jogadores poderão ainda adquirir o Season Pass que dará acesso às duas novas expansões, que serão lançadas no outono de 2017 e primavera de 2018. Em conjunto, estas expansões vão adicionar mais de 300 horas de conteúdos, novos dinossauros, mapas e muito mais. Podem ver o trailer da próxima expansão, intitulada Aberration, em baixo:

Opinião final:

Em resumo, Ark Survival Evolved é um jogo extremamente divertido e que oferece inúmeras possibilidades ao jogador, seja para jogar sozinho ou com amigos. O jogo oferece um mundo repleto de dinossauros e desafios, que irá prender o jogador por um tempo indeterminado. É um jogo divertido, desafiante e que apesar de ainda ter problemas de desempenho, não é nada que irá prejudicar de maneira drástica a experiência do jogador. Considerando ainda que o Studio Wildcard parece não ter qualquer previsão de deixar de oferecer suporte ao jogo tão cedo, podem sem dúvida esperar por muitas melhorias, novos conteúdos e ainda mais diversão.

Ark Survival Evolved tem tudo para ser um dos jogos de sobrevivência mais promissores do mercado, principalmente para aqueles que são apaixonados por dinossauros e por um universo cheio de elementos de ficção cientifica, então abandonem a realidade e aventurem-se por este universo. Apenas tenham cuidado para onde vão, pois poderão ficar frente a frente com um inimigo que vos fará arrependerem-se muito rapidamente de terem invadido o seu território. Além disso, a comunidade está cada vez maior e os jogadores do PC irão continuar a beneficiar muito dos mods que continuam a ser criados.

Do que gostamos:

  • Fator diversão é algo constante no jogo e com certeza é um jogo indicado para quem sempre foi apaixonado por dinossauros e ficção científica;
  • Opções de jogo praticamente ilimitadas;
  • Grande quantidade e variedade de dinossauros e criaturas de diferentes eras;
  • Qualidade gráfica do jogo é surpreendente.

Do que não gostamos:

  • IA dos dinossauros e criaturas ainda tem falhas, principalmente na sua movimentação;
  • Desempenho do jogo, apesar de ter sido amplamente melhorado, ainda tem falhas;
  • Progressão lenta, dando ao jogo um ritmo por vezes demasiado lento e repetitivo;
  • Interface e ações nas consolas precisam de sofrer mudanças.

Nota: 7,5/10