Análise – Batman Arkham Knight

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Passados quase dois anos desde o lançamento das consolas de nova geração da Microsoft e da Sony, finalmente nos chega a nova entrada da série Batman Arkham, uma franquia bastante aclamada devido aos títulos de elevada qualidade lançados na passada geração.

Depois de não participar na produção de Arkham Origins, título produzido pela Warner Brothers Montreal que nos leva até ao momento em que Bruce Wayne veste pela primeira vez a pele de Batman, a Rocksteady trouxe-nos no passado dia 23 de junho Batman Arkham Knight, título que se encontra em desenvolvimento desde 2011 quando o estúdio acabou Arkham City.

Para além de ser o primeiro título desta série nesta geração, Batman Arkham Knight marca também o epílogo do universo Arkham o que, inevitavelmente, leva a grandes expectativas por parte dos fãs que esperam por uma nova pérola deste estúdio já há quase 4 anos. Este jogo passa-se nove meses depois dos acontecimentos de Batman Arkham City e por isso os acontecimentos do final desse jogo ainda são bastante comentados por Gotham City, especialmente pelas consequências que teve. Por isso, e já que o grande foco desta série é a história, é mais que aconselhável que joguem pelo menos Batman Arkham City antes de se aventurarem nesta nova entrada da franquia.

9 meses depois de Arkham City, Scarecrow ameaça arruinar Gotham, eis o resultado

Scarecrow ameaça arruinar toda a Gotham City, que fica… não tão agradável para se viver.

De maneira a finalizar os comentários sobre a história, e para não estragar a experiência aos leitores que pensam em investir neste jogo,  apenas gostaria de comentar que o enredo de Arkham Knight está esplendidamente construído sendo sempre coerente e apresentando ao longo da campanha vários momentos inesperados e que mudam completamente o rumo da ação. Gostaria ainda de deixar o aviso para terem cuidado enquanto navegam por fóruns relacionados com videojogos ou pelo youtube já que poderão ficar a saber quem na realidade é o Arkham Knight, o maior segredo do jogo.

Frase que terão de colocar no nosso Passatempo Batman: Arkham Knight + brinde:

“Eu sou fã do Cavaleiro das Trevas e com a ajuda do Portugal Gamers e da Upload Distribution quero continuar a aventura Batman.”

Mas, afinal de contas, quem é este novo super-vilão?

Mas, afinal de contas, quem é este novo super-vilão?

Quando Arkham Knight foi anunciado foram-nos transmitidas duas informações fulcrais sobre o jogo: A informação de que o principal antagonista desta vez é o Scarecrow e de que neste jogo o Batmobile será indispensável. A partir da primeira ficamos logo com uma ideia de como serão vários momentos do jogo com alucinações, visões, medo e jogos mentais com o morcego. Estas secções estão muito bem construídas já que «vivemos» na primeira pessoa estes momentos de perda de lucidez, isto é, também ficamos confusos sobre o que está a acontecer. Não rara foi a situação em que dei por mim a perguntar a mim mesmo: «Então, mas o que aconteceu?» até perceber poucos segundos depois de que se tratara de mais uma ilusão, o que é extraordinariamente imersivo e que raramente acontece com tanta eficácia, mesmo nos jogos que mais apostam nesta vertente. Para além de Scarecrow temos ainda o tão falado Arkham Knight como grande antagonista e que conta com um exército enorme a suportá-lo, o que demonstra bem como este é o maior desafio de Batman desde sempre já que tem de lutar consigo mesmo por um lado, devido às alucinações, e, ao mesmo tempo, lidar com um exército enorme e bastante poderoso.

O que melhor para defrontar um exército enorme do que um supercarro com um vasto leque de armas e gadgets.

O que melhor para defrontar um exército enorme do que um super-carro com um vasto leque de armas e gadgets?

Quanto à segunda informação, esta interessa especialmente na medida em que afeta toda a maneira como jogamos e é o ponto que mais diferencia Arkham Knight de todos os outros lançamentos da série. Desta vez não estamos confinados a Arkham City ou a um asilo, mas sim na grande cidade de Gotham, o que significa estradas mais largas, prédios de maiores dimensões e por isso toda uma nova dinâmica. Graças a estas possibilidades, Batman consegue circular de um lado para o outro no seu veículo personalizado, o Batmobile, um carro essencial nas missões mais perigosas e que se apresenta quase como um tanque, uma comparação frequentemente estabelecida pelos capangas com que lutamos ao longo do jogo, tal é o seu arsenal e a sua resistência. Este veículo apresenta duas formas, a dita normal, que serve para nos deslocarmos rapidamente entre vários pontos de Gotham, utilizando o turbo, curvas rápidas em derrapagem entre outras técnicas empregadas pelo Cavaleiro das Trevas. A forma de batalha que servirá para combater o já referido exército que pretende controlar a cidade, nesta forma praticamente não andamos, mas ficam à nossa disposição várias armas como mísseis e uma metralhadora, para além de vários upgrades que podem fazer ao longo do jogo.

Com muito pesar, o Batmobile nem sempre nos aparece como divertido mas sim como uma obrigação, algo que a Rocksteady queria impingir aos jogadores, quer sim quer não. Quando digo isto, não me refiro diretamente ao veículo e à sua presença no jogo, que está bem concebida, especialmente para o free-roam pela cidade, mas sim ao facto de em vários pontos durante a campanha, e quando digo vários pretendo mesmo afirmar que são demasiado frequentes, sermos incomodados por vagas longuíssimas de tanques e drones que temos de destruir, sempre da mesma maneira, com tiros de mísseis enquanto nos desviamos dos seus tiros uma repetição incrível e que parece completamente desfasada do resto do jogo. Não quero com isto dizer que estas partes não são divertidas, pois estaria a mentir, mas o facto de serem tão constantes e tão idênticas estraga completamente a experiência e chega a quebrar o ritmo de jogo que de resto está muito bem concebido.

Não só o Batmobile está do lado de Batman, velhos companheiros como Jim Gordon estão lá para o apoiar.

Não só o Batmobile está do lado de Batman, velhos companheiros como Jim Gordon estão lá para o apoiar.

Embora o Batmobile tenha sempre sido a novidade de Arkham Knight a que se deu maior destaque, este novo jogo tem ainda outros pontos que se apresentam como novidades na série, nomeadamente a nova armadura de Batman, que lhe dá novas habilidades importantíssimas para o levar à vitória. Esta nova armadura, desenvolvida com a ajuda de Lucius, um dos maiores aliados de Bruce Wayne juntamente com Alfred, Barbara Gordon entre outros que marcam presença neste epílogo,  permite a Batman ser ainda mais rápido e feroz do que nas interações passadas. Um exemplo disto é o Fear Multi-Takedown. Enquanto que em jogos passados apenas podíamos realizar o Silent Takedown, Inverted Takedown (caso nos situássemos num ponto de vantagem e um inimigo passasse diretamente por baixo de nós) ou outras formas de derrubar inimigos singularmente, desta vez temos a hipótese de derrubar 3 inimigos ao mesmo tempo. Quando 2 ou mais capangas se encontram juntos num mesmo local e conseguirmos aproximar-nos deles sem sermos detetados então podemos realizar um takedown a cada um deles sem interrupções, o que acontece devido ao facto de a nova armadura permitir a Batman ser mais veloz e como tal, enquanto os inimigos ainda estão assustados com o aparecimento súbito do herói, ser possível derrubá-los.

Para além desta diferença na maneira como derrubamos os nossos adversários, a grande novidade da armadura é a sua conexão com o Batmobile em que podemos a qualquer momento ejetar-nos do veículo a toda a velocidade para alturas impressionantes, o que dá uma grande vantagem ao ganharmos tempo. Podemos também chamar o carro a qualquer momento, isto se estivermos perto de uma estrada a que o Batmobile possa aceder. Estas duas funcionalidades tornam a jogabilidade bastante fluída e permite-nos agir de maneira rápida e eficiente levando a momentos grandiosos.

Num instante estamos a dirigir a toda a velocidade, no seguinte estamos já a sobrevoar a líndissima cidade de Gotham.

1 Num instante estamos a dirigir a toda a velocidade, no seguinte estamos já a sobrevoar a lindíssima cidade de Gotham.

Se há coisa que não falta em Batman Arkham Knight são momentos grandiosos e cheios de estilo. Por exemplo, quando chamamos o Batmobile, Batman costuma ficar agachado na estrada enquanto espera pelo veículo e quando o transporte chega, salta logo para dentro dele enquanto este realiza uma pirueta.

Mas não são apenas a fluidez, os momentos épicos e a história que fazem deste jogo algo memorável e um dos jogos a exibir com orgulho na estante ao lado de outras pérolas como The Witcher. Visualmente, mais uma vez a Rocksteady nos deslumbra com a atenção dada a todos os detalhes, desde a chuva a bater no chão e na  capa de Batman até ao aspeto ultrarrealista dos personagens e das suas movimentações, Arkham Knight mostra como a nova geração de consola permitiu melhorar ainda mais a qualidade gráfica da série que já na passada geração era de topo.

De maneira a finalizar a enumeração dos pontos positivos do jogo, é importante referir a qualidade da sua banda sonora que se destaca especialmente no início do jogo com o brilhante «I’ve got you under my skin» de Frank Sinatra que anuncia como o jogo vai estar cheio de momentos memoráveis  à medida que ajudamos o Cavaleiro das Trevas a parar os planos nefastos de Scarecrow e Arkham Knight.

No entanto também há que referir, para além do facto de as missões com o Batmobile serem repetitivas, outro ponto que embora não seja inteiramente negativo, merece ser mencionado e incluído nesta categoria e que se trata da falta de novidades. Sim, é verdade que o Batmobile traz uma dinâmica sem precedentes na série, mas tirando esta inclusão que por vezes não é muito feliz, como explicado em cima, pouco mais há que o distinga do resto dos lançamentos.

Dual Play, uma nova mecânica introduzida de maneira brilhante neste novo jogo.

Dual Play, uma nova mecânica introduzida de maneira brilhante neste novo jogo.

Se forem novos na série, este ponto irá passar-vos completamente ao lado, mas caso já tenham jogado os anteriores lançamentos da série repararam que a maior parte do jogo continua exatamente igual ao que vemos desde 2009. As secções em que devemos ser furtivos e derrubar os inimigos, tirando os novos takedowns proporcionados pela nova armadura permanece completamente inalterada. O mesmo se constata no combate em que tirando novos inimigos que não estavam presentes em jogos anteriores e o Dual Play, uma mecânica que nos permite jogar com 2 personagens durante o mesmo combate (apenas com um de cada vez) e até fazer finalizações com ambos, tudo é idêntico. Perante tamanha semelhança existe sempre um sentimento de insatisfação pois com uma mudança de geração, uma alteração nas bases de uma série são quase que exigidas de maneira a marcar também como que um novo início na mesma.

Só mesmo para conclusão, e antes de passar à opinião final, gostaria de partilhar convosco a música inicial de Arkham Knight, «I’ve got you under my skin», já referida em cima:

Opinião final:

Depois de estar ausente por quase 4 anos, a Rocksteady volta com um novo jogo Batman da série Arkham e o resultado é exatamente o que todos esperavam: um produto de altíssima qualidade e que desse um final merecido a este universo do Cavaleiro das Trevas. Tirando um ou outro ponto que não incomodam particularmente, Batman Arkham Knight está isento de críticas e demonstra como a Rocksteady soube e ainda sabe como produzir um jogo de super-heróis que faça jus ao seu nome e à sua forma de entretenimento original, as BDsBatman Arkham Knight é assim um jogo obrigatório para todos os que seguem e gostam do universo Arkham e mais do que recomendado para todos os que possuam uma consola da nova geração.

O que gostamos:

  • Enredo bem construído e envolvente;
  • Momentos épicos;
  • Gotham City com aspeto fantástico;
  • Fluidez na troca entre o Batmobile e Batman;
  • Banda sonora adequada e competente.

O que não gostamos:

  • Secções com o Batmobile repetitivas;
  • Falta de mais novidades.

Nota: 8,5/10