Análise – Batman: The Telltale Series – Episódio 4: Guardião de Gotham

A análise abaixo contém informações detalhadas sobre os acontecimentos do terceiro episódio, por isso caso queiram evitar spoilers é aconselhado a lerem apenas a opinião final.

O quarto e penúltimo episódio da série Batman: The Telltale Series tem início com Bruce Wayne a acordar na pior situação possível. Bruce foi enviado para o Asilo Arkham após ter sido envenenado pela Senhora Arkahm, lider dos Filhos de Arkham e ter agredido Oswald Cobblepot, durante o seu discurso ao assumir a liderança da Wayne Enterprise.

O quarto capítulo volta a ter um inicio mais “calmo” a ter como foco a construção daquele que será o capítulo final e a evidenciar as perdas e queda dramática do Bruce Wayne a nível físico e moral. E como os fãs estão acostumados, Bruce Wayne e Gotham tem uma ligação misteriosa e esse episódio mostra bem isso já que a decadência de Bruce também se reflete na própria cidade. Devido a Harvey Dent ter assumido o poder da cidade, tudo mudou, e é controlada por forças especiais que tem uma visão completamente oposta à da policia na resolução dos problemas.

E é justamente no Asilo Arkham que a Telltale volta a dar aula de adaptação já que toma liberdade com as personagens e elementos clássicos das histórias, mas sem nunca perder a essência. Os jogadores vão entrar num local totalmente diferente daquilo que foi visto em outras midias, a aproximar-se mais de um asilo comum norte-americano, com salas recreativas, uma televisão comunitária e pacientes a partilhar o mesmo espaço.

Entretanto, os fãs mais atentos vai encontrar diversos easters eggs durante a sua estadia no Asilo, mas não foi por acaso o momento mais interessante.  A apresentação do vilão icónico Batman, Joker, que no jogo é apresentado como “John Doe”, um antigo paciente do Asilo que esconde diversos segredos sobre o seu passado e ligações com a Família Wayne e a Senhora Arkham.

John Doe” não é o Joker que transmite medo pelas suas ações claramente insanas, ele é um paciente que inicialmente se propõe a ajudar Bruce Wayne. Com o passar do tempo ele explica o quão importante é a sua presença e ainda o facto de que nunca se deve confiar num homem que ri demasiado. A Telltale optou por uma liberdade criativa ao dar uma nova perspetiva sobre a personagem, mas sem nunca perder as suas características principais.

Em boa parte do capítulo, Bruce irá lidar com a droga que lhe foi injetada pela Senhora Arkham no final do terceiro capítulo e esses momentos mostram um lado diferente da personagem, com a visão a tornar-se distorcida e as veias a aparecerem por todo corpo para representar o quão Bruce está a ser afetado por tudo isso. Em vários momentos do capítulo, ele irá transitar entre o Bruce Wayne que está a tentar recuperar tudo o que lhe foi tirado, e entre uma pessoa que não consegue tomar decisões lógicas, com até as escolhas mais moderadas pelos jogadores, a resultar em respostas extremamente violentas.

A escolha do nome “Guardião de Gotham” para este penúltimo episódio não foi por acaso, já que os jogadores terão em mãos, um grande desafio de cuidar da cidade e de todos os que ameaçam a paz. Mas uma pergunta se mantém para o quinto e último episódio, como salvar uma cidade que não aceita Bruce Wayne como um cidadão e nunca aceitou o Batman como exatamente isso, o guardião?

Infelizmente o jogo volta a ter problemas no seu desempenho (mesmo com a Telltale a lançar um patch para PC que permitiu alterar ainda mais as definições). Os problemas são bem visíveis durante as transições de cena e salvamento, com o jogo a simplesmente travar e a ter quedas drásticas de FPS. Outro problema mencionado no capítulo anterior repete-se novamente neste, que é a mecânica de movimentação do analógico até o centro do circulo para realizar determinada ação, e que dessa vez aliado a esses travamentos e quedas torna-se num desafio muito maior para realizar essa ação.

Opinião final:

Em resumo, apesar de um início relativamente lento (novamente), Guardião de Gotham consegue com maestria avançar na história de maneira excelente, apresentando e fechando situações novas durante o próprio episódio, e a deixar muitas dúvidas para a conclusão final, sendo inclusive um dos pontos fortes do episódio, o seu último ato, onde os jogadores terão uma escolha em mãos que irá conduzir a finais bem diferentes. Apesar dos problemas, a Telltale mostrou mais uma vez que Batman: The Telltale Series não vai ficar na mente dos jogadores como mais um jogo do personagem, mas sim como o jogo que consegue surpreender e abraçar até os maiores fãs do personagem. Agora resta apenas saber como será a derradeira conclusão desta longa e intensa saga.

Do que gostamos:

  • Apresentação daquele que é considerado o maior vilão do Batman de uma maneira diferente, mas ao mesmo tempo familiar;
  • Adaptação de locais e personagens clássicos, dentro de uma perspectiva própria da Telltale;
  • Conclusão de capitulo onde a escolha tem um peso significativo;
  • Ligação do Bruce Wayne e Gotham a se intensificar cada vez mais.

Do que não gostamos:

  • Algumas escolhas de mecânicas aplicadas no anterior capitulo falta a ser mal utilizadas nesse;
  • Alguns problemas técnicos ainda persistem.

Nota: 9,5/10