Análise – Call of Duty: WWII

Há anos que a Activision tem apostado em temas futuristas em Call of Duty e embora tenha havido jogos que tenham aproveitado bem esses temas, como o Advanced Warfare e Infinite Warfare, é inegável que já se sentia falta de um jogo da série passado na primeira ou segunda guerra mundial. Os fãs há muito tempo que o pediam, tal como a crítica, e eis que nos foi feita a vontade. Call of Duty: WWII foi desenvolvido pela Sledgehammer Games e a produtora teve desde logo o objectivo de fazer um jogo passado na segunda guerra mundial e que retratasse a brutalidade quase inumana de uma guerra.

Para isso, decidiram focar-se em eventos históricos reais, como as forças aliadas desembarcarem nas praias da Normandia, libertação de Paris e uma investida ao território Alemão só para referir alguns. Como Call of Duty já nos habituou, a história é contada de uma forma bastante cinematográfica, e isso foi elevado neste jogo com uma maior intensidade, muito devido ao caos da segunda guerra mundial. É aqui que se nota uma maior união entre companheiros, um maior cuidado na abordagem ao inimigo, algo que se sente na própria jogabilidade, mas por vezes, também embarcar numa missão quase suicida.

Desde chuva de balas e bombas, a vermos os nossos companheiros a caírem como tordos no chão, diria que o jogo retrata muito bem o que é uma guerra. É deveras diferente do que foi feito nos jogos com temas futuristas, principalmente no que toca às armas, mais antigas e como tal mais barulhentas, fazendo as armas parecerem mais pesadas e sinceramente, mais reais.

O companheirismo é levado de forma tão séria, que tem influência na jogabilidade. Depois de muitas trocas de tiro, ficamos com poucas balas. Ora bem, embora seja possível encontrar caixas para recompor as munições, também é possível pedir a um companheiro munições. Tal como é possível pedir “Medic Kids” ou pedir a um companheiro para observar os inimigos que estão á nossa frente, de forma a ficarem destacados para nós vermos. Se é verdade que isso pode tornar o jogo demasiado fácil, também é verdade que a saúde já não se regenera automaticamente, pelo que é necessário ter cuidado na forma como abordamos os inimigos.

A sensação de guerra é aterradora e fantástica ao mesmo tempo, com aviões a passarem por cima de nós a largarem bombas, bem como uma chuva de tiros por parte dos inimigos.

Apesar dessas pequenas novidades, a jogabilidade é praticamente idêntica, afinal de tudo é um Call of Duty. A fórmula nunca poderá mudar muito, mas os pequenos retoques são notáveis. A jogabilidade continua divertida e frenética numa campanha que por si só tem um tom épico, e isso é o que se quer. Isso significa que finalmente temos uma jogabilidade mais real no multiplayer. Não há cá jetpacks ou correr pela parede. Claro que isso pode fazer com que o multiplayer não seja tão rápido, mas é mais real, retrata de melhor forma uma guerra. Era isso que se sentia falta, era isso que se queria e foi isso que nos foi entregue.

Como referido na antevisão, e que se mantém na versão final, o multiplayer de Call of Duty: WWII não reinventa a roda, mas traz os modos que estamos habituados e que tanto gostamos, como por exemplo Team Deathmatch, Domination, Hardpoint e Mosh Pit, e novos modos como War. De referir ainda que há que escolher a uma divisão antes de iniciar a experiência multiplayer, havendo cinco escolhas possíveis: Infantry, Airborne, Armored, Mountain e Expeditionary, sendo que cada uma tem a sua característica, como combates a curto ou longa distância. Uma pequena novidade na série é haver um espaço social no multiplayer, onde podemos navegar livremente por um pequeno campo, um local calmo onde os soldados podem “descansar”. Nesse sítio poderá abrir-se loot boxes e aceitar Ordens e Contractos, como ganhar determinados jogos ou matar X número de inimigos.

O modo Zombies está de volta, e tal como antes, temos que enfrentar hordas de zombies. A grande novidade acaba por ser que os zombies são Nazis. Embora até seja um modo divertido para jogar com amigos, nota-se que nesse aspecto é mais do mesmo, não nos tendo surpreendido em nenhuma ocasião. Não tem o charme e a sensação de novidade de outrora, e é nesse modo que isso se mais se nota.

A parte cinematográfica é fantástica e realça os belos visuais que o jogo tem, incluindo a atenção ao pormenor no que toca ás expressões faciais.

Tecnicamente falando, o jogo está impecável. A campanha é bastante fluída e tem um grafismo capaz de espantar. Talvez o mais espantoso acabe por ser as animações faciais, pois as personagens estão tão reais que parecem pessoas reais. Nota-se bem a dedicação dada a esse aspecto.  O multiplayer também corre fluidamente, tal como os jogos da série nos habituaram, com uns bons visuais a acompanhar. A única critica a apontar ao multiplayer é que por vezes pode haver um ou outro bug, mas nenhum jogo consegue escapar disso, portanto não é nada propriamente fora do normal.

Opinião final:

Call of Duty: WWII cumpriu com o que prometeu. Com o tema futurista de parte, temos finalmente um Call of Duty passado na Segunda Guerra Mundial, e a campanha além de contar com grandes momentos e uma boa história, retrata extremamente bem o que é uma guerra e consequência da mesma. Embora o modo zombies já não seja o que era, e seja aqui que o “mais do mesmo” se sobressaia, tudo o resto tem pequenas novidades que importam e fazem a diferença. O multiplayer, além de contar com um aspecto social bastante interessante, voltou ás origens e era isso que todos queriam. No final de tudo, temos aqui um First Person Shooter de qualidade, que irá agradar aos fãs da série e talvez convencer os fãs de outros FPSs.

Do que gostamos:

  • Tema futurista ficou para trás, para dar lugar à Segunda Guerra Mundial;
  • Campanha está cheia de grandes momentos;
  • Sensação de guerra é aterradora, por um lado, e fantástica por outro lado;
  • Graficamente está espectacular;
  • É o Call of Duty com o multiplayer mais divertido desta geração.

Do que não gostamos:

  • Modo Zombies é mais do mesmo e não tem o charme de outrora;
  • Nenhuma novidade que nos deixasse propriamente de boca aberta.

Nota: 9/10