Análise – Clockwork Tales: Of Glass and Ink

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Os jogos de “procura de objetos” já existem há vários anos para PC. Hoje em dia é um tipo de jogo ainda consideravelmente explorado, especialmente nos dispositivos móveis e redes sociais. Salvo algumas tentativas esporádicas nas consolas caseiras, este género definitivamente não é o primeiro em que se pensa associar a esses sistemas. Clockwork Tales: Of Glass and Ink da Artifex Mundi veio a colmatar um pouco essa falta oferecendo-nos uma estética com colorido forte e proeminentemente steampunk. Será que consegue afastar um pouco o estigma de que as consolas são só para “jogos de tiros, futebol e corridas”?

Desde logo, no menu inicial, nota-se a influência steampunk. Estamos perante uma história passada num mundo com maquinaria interessante com engrenagens e movidas a vapor, companheiros mecânicos e até zepelins. Estamos perante acontecimentos estranhos numa cidade remota onde um político corrupto domina. Esta história parece iniciar algo lenta, com simples lugares com vários objetos a encontrar, porém aos poucos descobre-se que se trata de uma aventura muito interessante. Uma aventura que não queremos descansar até a conseguir terminar e descobrir todos os segredos.

Um dos primeiros cenários que encontramos. A taberna.

O jogador é Evangeline Glass, uma agente secreta requisitada pelo Dr Ambrose Ink, seu amigo, para investigar os motivos para uns estranhos tremores que estão a acontecer na cidade de Hochwald. Perante o desaparecimento de Ink temos de investigar e infiltrar-mo-nos cada vez mais em segredos perigosos. Segredos estes que revelam planos muito mais perigosos do que se julga. Pelo caminho temos de explorar locais e interagir com outras personagens ao mesmo tempo que temos de resolver puzzles e mini-jogos desafiantes. A maior parte destas ações requisitam que o jogador interaja com o ambiente e objetos de variadas maneiras, algumas mais lógicas que outras, sendo que alguns podem mesmo puxar consideravelmente pela massa conzenta para resolver.

Alguns objetos que temos de “construir” estão inclusivamente espalhados por vários cenários ou necessitam que juntemos peças de outros objetos para ajudar na resolução final dos primeiros. Temos assim de explorar os vários cenários à procura de pistas para conseguir encontrar a solução. Este progresso está bem conseguido e integrado no ambiente, o que poderia acabar por se tornar uma tarefa algo monótona por termos de fazer sempre as mesmas coisas. A variedade na jogabilidade consegue com muita eficácia manter o jogo fresco e interessante mesmo assim mantendo um nível de dificuldade algo desafiante.

À primeira não parece mas em cada imagem temos muitos objetos a encontrar.

Os mini-jogos, como já tinha mencionado, conferem alguma frescura e adicionam ao desafio mental do jogador. São vários ao longo do jogo e apesar de serem desafiantes apenas tive de recorrer à “ajuda” para um deles. De nota é o facto de que alguns dos mais difíceis são-nos dados a meio do jogo sendo alguns mais para o final do jogo relativamente mais simples de resolver. O nível de dificuldade no caso destes mini-jogos não tem um progresso lógico o que se torna um pouco estranho.

Ao longo de tudo isto somos brindados com cenários pintados à mão visualmente muito agradáveis cheios de cores fortes e iluminação bem conseguida de tal forma que qualquer lugar que visitámos apetece visitar na vida real. Mesmo os lugares menos “agradáveis”. A Artifex Mundi fez aqui um excelente trabalho com este lugar muito atmosférico e cheio de maquinaria que com certeza fará as delícias aos amantes do género. O nível artístico mostrado aqui está muito bom e nota-se o trabalho e cuidado empregue pelas pessoas que desenharam toda esta bela ambientação. A nível sonoro temos música constante, sendo algumas músicas bastante agradáveis mas se ficamos demasiado tempo num puzzle podem cansar um pouco. A nível do trabalho de voz a maioria dos personagens está bem caraterizado sendo que em algumas vezes algumas vozes não estão tão bem conseguidas.

Atmosfera pintada à mão muito bem conseguida.

No final do jogo desbloqueamos um segundo jogo, mais curto, onde encarnamos o Dr Ink nos eventos que precedem o jogo principal. Um bónus interessante que nos leva a compreender um pouco melhor as razões para os acontecimentos do jogo principal. Temos também a opção de escolher entre modo normal ou difícil sendo que a diferença é em termos do tempo de “recarregamento” de pedido de dica aumenta 30 segundos e certas pistas visuais no cenário já não aparecem.

Certos toques secundários também adicionam ao desafio do jogo tal como certos bichinhos mecânicos que aparecem no cenário e podemos os capturar. Foi, em todo o caso, com alguma pena que terminei o jogo em apenas algumas horas. Não é um jogo muito extenso de facto. Ao menos temos o incentivo do jogo secundário e de tentar o completar de novo em modo mais difícil apesar de já sabermos a solução dos puzzles. Acho, porém, o preço pedido mais que ajustado ao que nos é oferecido. Mesmo assim, há uma demo que nos permite experimentar um pouco do que o jogo é.

Como enfrentar estes inimigos? Com o cérebro!

Opinião final:

Uma boa surpresa este Clockwork Tales: Of Glass and Ink. Enquanto que o género, naturalmente, não é nada habitual às consolas podemos sem dúvida alguma dizer que se tivermos mais trabalhos desta qualidade proporcionada pela Artifex Mundi então serão mais que bem-vindos! Os controlos estão bem programados para uso do comando da Xbox e, apesar de sabermos que não seria difícil, os 1080p e 60 frames por segundo mostram-se com muita suavidade e beleza. De salientar como ponto muito forte é a atmosfera bastante agradável e visualmente apelativa que capta os jogadores até ao final da sua história.

O que gostamos:

  • Visuais pintados à mão muito bem conseguidos;
  • Diversidade nos puzzles;
  • História interessante que apela à curiosidade do jogador.
  • Ambientação steampunk muito bem feita.

O que não gostamos:

  • Algum do trabalho de voz está menos bem conseguido;
  • Progressão da dificuldade de mini jogos não é muito linear.

Nota: 8/10