Análise – Dark Souls III – The Ringed City

A série Dark Souls teve início em outubro de 2011 pelas mãos de Hidetaka Miyazaki e com lançamento para PlayStation 3 e Xbox 360, tendo pouco menos de 1 ano depois recebido também uma versão para PC. A série deixou bem claro desde o início que ia trazer uma dificuldade amarga para os jogadores que estavam acostumados até então a jogos mais acessíveis, e separou os jogadores em dois grupos: os que são apaixonados por Dark Souls e aqueles que até têm pesadelos ao ouvir o nome.

The Ringed City, a segunda e última expansão de Dark Souls III chega para PC, PlayStation 4 e Xbox One com alguns desafios bem complicados, vem para acabar esta série (pelo menos por enquanto) e proporcionar mais dificuldade que o jogo original e a primeira expansão.

Já a nível de cenários, The Ringed City vem mostrar que é um Dark Souls ao estilo já conhecido dos fãs hardcore, com cenários totalmente desolados, cobertos por cinzas, trazendo sempre um design intuitivo, mas ainda assim oferecendo alguma dificuldade de exploração.

Na verdade os cenários são um dos pontos que tornam única esta expansão, pois oferecem ao jogador duas experiências totalmente distintas num “curto” espaço de tempo (curto em Dark Souls é sempre relativo). A expansão pode ser acedida tanto na última área do jogo original, como na sala onde enfrentamos o último boss de Ashes of Ariandel. Após entrar, o jogador será levado para as Ruínas, um local que rapidamente irá aprender a odiar, devido aos seus caminhos bem lineares e uma agressividade em todos os níveis que pode assustar até os fãs mais antigos, com várias surpresas e muitas referências a passados jogos da série.

Mas é depois de enfrentar o primeiro boss que a expansão revela a sua segunda parte, em que dá ao jogador a possibilidade de ter acesso à Cidade Anelada (Ringed City), lugar que dá nome à expansão. Este local irá quebrar por completo a linearidade e limitações de exploração da primeira parte, com diversos caminhos alternativos e fogueiras a serem descobertas. A nível de comparação, a Cidade Anelada tem uma área equivalente a três áreas de Ashes of Ariandel. Mas não pensem que por causa desta alteração a dificuldade fica reduzida, apenas passa a ser explorada de maneira diferente, e nos vossos primeiros passos tal irá ficar bem visível, pois é praticamente morte certa para quem não teve nenhum spoiler.

Esta dificuldade está aliada a certos tipos de inimigos e também serve como um belo resumo daquilo que a From Software sempre apresentou na série, que é a aprendizagem através da tentativa-erro, mesmo que leve a inúmeras mortes. Alguns inimigos vão mesmo conseguir matar o jogador, independentemente da sua resistência, com no máximo três golpes, enquanto que outros não vão morrer com ataques diretos, sendo necessário encontrar maneiras indiretas de os matar. E se depois de tudo isto ainda sobreviverem, terão de enfrentar vários NPCs que, a como a série já nos acostumou, possuem uma IA e movimentação totalmente únicas e algumas vezes armas tão injustas que vão trazer ódio até para os jogadores mais calmos. Basicamente, Ringed of City é uma expansão onde irão descobrir que os inimigos têm um objetivo único e simples: matar o jogador, e vão fazer uso de qualquer meio necessário para alcançarem esse objetivo.

Na verdade, Dark Souls sempre teve como a sua principal característica justamente isto, uma dificuldade muito elevada, que no primeiro jogo era muito viva em todos os momentos e algumas vezes até injusta, no segundo tornou-se mais equilibrada e no terceiro foi visivelmente muito reduzida na maior parte do jogo. Quando Ashes of Ariandel foi lançado, os jogadores tinham como esperança que a dificuldade voltasse ao ponto característico, assim como foram as três expansões de Dark Souls II, mas de novo houve uma grande deceção. No entanto, The Ringed City não é apenas difícil, é quase uma tortura, sendo possível para alguns jogadores considerar até mesmo a expansão mais difícil da série.

As principais críticas que os jogadores fizeram a Ashes of Ariandel foi a pouca quantidade de conteúdos, uma área muito limitada e apenas dois bosses, que combinados ofereciam uma experiência de jogo muito curta. Como resposta a estas queixas, a From Software levou tudo isto a um outro nível, com mais e maiores áreas (como já foi dito acima), muitos inimigos novos e quatro bosses que dificilmente o jogador irá esquecer.

A expansão adiciona muitas armas, armaduras, magias, milagres e piromanciais novas e muito poderosas, além de muitos inimigos diferentes, com especial destaque para os Cavaleiros Anelares, cavaleiros incrivelmente e que fazem lembrar os Cavaleiros Prateados e os Darkwraiths, além de possuírem uma armadura que com toda a certeza a maior parte dos jogadores irá tentar obter.

Como já foi dito, a nível de bosses a expansão irá oferecer um total de quatro, sobre os quais não irei entrar em detalhes para não estragar a experiência, mas que vale a pena serem mencionados, com todos eles a lembrar de alguma maneira outro boss que enfrentámos noutros jogos da série.

O primeiro é aquele que todos já viram no trailer de apresentação da expansão, que são dois dragões cada um com um elemento diferente, sendo possível inclusive invocar dois NPCs para o combate, que podem ajudar, é verdade, mas que não vão tornar o combate totalmente fácil já que este boss reserva uma pequena surpresa.

O segundo também foi mostrado no último trailer e trata-se de um boss semelhante ao Cavaleiro do Espelho de Dark Souls II, que invoca um jogador real para o ajudar a derrotar-te. Com certeza será uma experiência única para cada jogador, já que será totalmente aleatória a dificuldade deste combate, pois irá depender muito da própria habilidade do jogador invocado. Um detalhe para aqueles que preferem jogar offline é que neste caso será invocado um NPC que vai retirar muito à experiência e dificuldade projetadas para este combate, então é aconselhado a que pelo menos neste ponto do jogo fiquem online e desfrutem da experiência tal como ela foi pensada.

O terceiro boss é totalmente opcional e vai oferecer uma experiência muito desafiadora ao jogador, já que até para o encontrarem terão de explorar muito a Cidade Anelada e os seus segredos. E já por isto vale a pena explorar todos os cantos do local e estarem atentos a paredes falsas.

Já o quarto e último boss, definitivamente não será revelado nada sobre ele, já que seria uma ofensa ao jogador revelar nem que fosse um mínimo detalhe, apenas é possível dizer que é uma luta digna de encerrar a série como um todo.

A nível de lore, Dark Souls sempre teve uma maneira bem peculiar de contar a sua história, e com The Ringed City não é diferente. A expansão ajuda a compreender muitas questões que foram ficando sem resposta durante toda a série, mas também deixa muitas dúvidas e o final pode não agradar a todos os jogadores, já que deixa uma sensação de “É isso? Acabou?”. E claro, tudo isto é nos contado de uma maneira única, através de detalhes como as armas, cenários e bosses.

Opinião final:

The Ringed City entra diretamente para a lista de melhores expansões dentro do género RPG e conseguiu compensar na perfeição todos os problemas e limitações de Ashes of Ariandel. Consegue colocar um ponto final na série Dark Souls (para tristeza de muitos jogadores) e ainda assim apresentar novas personagens, mapas que visivelmente receberam uma atenção incrível e itens que podem mudar por completo a maneira como o jogador irá jogar e combater.

Alguns podem sentir-se dececionados por um final com muitas dúvidas ainda no ar, mas talvez isso seja no fundo o que muito jogadores já estavam a espera e até queriam, afinal Dark Souls também é interpretação e talvez a melhor frase que resuma toda a experiência destes seis anos de série seja:

Nada é gratuito, nada é entregue com facilidade, tudo é conquistado com morte, escuridão e chamas

Do que gostamos:

  • Cenarios de grande qualidade;
  • Excelente conclusão para a série;
  • Grande diversidade de conteúdos;
  • Bosses memoráveis;
  • Dificuldade está de volta a trás inúmeras mortes e ódios junto com ela.

Do que não gostamos:

  • Lore que deixa muitas questões, apesar de ampliar a narrativa do jogo;
  • Design de alguns inimigos poderia ter recebido maior atenção;
  • Como um fã não gostei de dar adeus a uma das séries que mais tempo dediquei.

Nota: 9/10