Análise – Dragon Ball FighterZ

Durante os anos, e durante muitas gerações de consolas, muitos foram os jogos de Dragon Ball que foram lançados, e apesar de uns se destacaram mais do que outros, a verdade é que nunca houve nenhum jogo da série que fizesse jus ao anime. Alguns até eram bons jogos, mas falhavam em certas partes cruciais, e acabavam por não atingir o pico do seu potencial. Agora, e pela primeira vez, a reconhecida produtora Arc System Works, responsável por aclamados jogos de luta como Guilty Gear e BlazBlue, produziu um novo Dragon Ball, de nome FighterZ.

Assim que o começamos a jogar, somos presenciados com uma sala e controlamos uma personagem de Dragon Ball. Essa personagem pode ser mudada a qualquer momento, sendo que ao longo do tempo será possível desbloquear mais. Nessa sala também temos todos os modos de jogo à nossa disposição. Claro que sendo um jogo com várias mecânicas, o primeiro a fazer é ir ao modo Treino, onde temos um Tutorial que explica perfeitamente todas as mecânicas do jogo, incluindo como fazer Tag, como pedir ajuda aos nossos parceiros durante a luta, como activar as habilidades especiais, etc. Além disso também há uns desafios de combos que nos ajuda a conhecer melhor cada personagem.

Antes de falar do modo História, há que referir a jogabilidade, que acaba por ser o grande destaque do jogo. Quando pensamos em Dragon Ball, pensamos em lutas frenéticas juntamente com uma enorme espetacularidade, e é isso que Dragon Ball FighterZ nos presenteia. A Arc System Works volta a surpreender no que toca aos combates, e consegue aquilo que os outros Dragon Ball não conseguiram, num misto de ação rápida, excelentes pormenores e animações, uma grande espectacularidade, e isso tudo num sistema que realmente funciona e surpreende. Se Dragon Ball: Xenoverse, tanto o primeiro como o segundo, foram um aprendizado de tudo o que a série fez, FighterZ vai numa nova direção e incute a sua própria característica e personalidade, e fá-lo com tamanha qualidade, ao ponto de representar bem o que se vê no anime.

Krillin, também conhecido como Kuririn, a activar um dos seus ataques especiais, o Destructo Disc. O detalhe da cena e os efeitos são incríveis.

No que toca à história, há três arcos diferentes, embora a história se centre no mesmo: os heróis e vilões ficaram impotentes e descobriram que tinham uma outra alma no seu corpo, e para poderem lutar e usar as suas habilidades características, tem que permitir acesso a essa alma. Numa luta para conseguir tirar essas almas e acabar com esse dilema, os nossos heróis descobrem que Androide 16 está de volta e com ele uma misteriosa personagem com um segredo bem profundo, Androide 21. Embora haja bons momentos de vez em quanto, a história falha em surpreender e falha em ser empolgante. Diria até que o primeiro Dragon Ball Xenoverse, por exemplo, tem um melhor enredo, embora esteja para sair um jogo da série com uma história que faça jus ao anime. Com isso dito, há outros modos offline como Batalha Local (que pode ser jogado contra o CPU ou com amigos) e, claro, o Arcade Mode. No Arcade Mode, infelizmente não há nenhuma mini-história, no entanto há um sistema de classificações que determina com quem iremos defrontar. Isso é muito interessante, no entanto o Goku SSGSS e Vegeta SSGSS não estão desbloqueados desde o início, e para os desbloquear é preciso terminar as fases do Arcade Mode na dificuldade difícil com a classificação S ou A, o que é quase impossível. Há outra forma de os desbloquear, ter 300 mil Zeni para desbloquear o Vegeta SSGSS e 500 mil Zeni para desbloquear o Goku SSGSS, o que é bastante difícil de obter. Ou seja, o jogo motiva-nos a comprar essas personagens com dinheiro real, e embora não seja muito caro, quase 3 euros, há que assinalar esse facto.

Falando em personagens, a versão Xbox One a que tivemos acesso tem 22 lutadores: Tenshinhan, Yamcha, Gohan Adulto, Kuririn, Goku Super Sayanjin, Freeza, Androide 18, Boo Criança, Capitão Ginyu, Nappa, Trunks, Vegeta Super Sayanjin, Beerus, Cell, Androide 16, Gotenks, Piccolo, Gohan Jovem, Androide 21, Majin Boo, Hit e Goku Sombrio. Embora seja uma quantidade aceitável de lutadores, pedia-se muito mais, até porque os Dragon Ball: Xenoverse tinham muito mais do que isso. O facto de não haver personagens jogáveis como Whis, Cooler, Towa, Raditz, Dodoria, Janemba, Turles, Zamasu e outros lutadores bastante conhecidos, é realmente uma pena, e faz-nos pensar que ficaram de fora para serem lançados via DLC.

Depois de juntar as sete esferas do dragão, é possível invocar Shenlong e pedir um de quatro desejos: restabelecer toda a vida, chamar um companheiro que tinha sido eliminado, ficar com poder total ou tornar-se “invencível”.

Em relação aos modos online, há uma boa diversidade. Há a Arena onde se “pode” fazer partidas online com os jogadores que estão na sala e também é “possível” observar as lutas dos outros jogadores. Entre-aspas porque era suposto assim ser, no entanto nenhuma dessas opções estão funcionais. Embora tenha tentado diversas vezes em várias salas, nunca deu para assistir a uma luta entre jogadores nesse modo, nem nunca consegui fazer uma única partida. No entanto, e visto que há outros jogadores que fartavam-se de esperar, também sem sucesso, criavam então um Ringue, onde ai sim conseguiam lutar contra outros jogadores e/ou observar as suas lutas. No Ringue dá para criar vários tipos de partidas, como por exemplo juntarem-se 6 pessoas e cada pessoa escolher e controlar uma personagem, juntando-se depois a um lado e fazerem então uma partida de 3 vs 3, que resulta numa luta algo diferente do habitual.

Além disso é possível jogar com outros jogadores na “Partida Mundial”, onde se pode fazer partidas casuais e partidas a contar para o ranking. Sendo que Dragon Ball: FighterZ tem uma jogabilidade frenética e extremamente divertida, este foi o modo que mais horas acabei por investir, mas infelizmente os problemas também foram surgindo. Além das constantes desconexões na sala, aparecendo imensas vezes a mensagem “ocorreu um erro de rede, não foi possível conectar-se ás salas”, também houve vários momentos que durante as partidas online o jogo era interrompido devido a esse tipo de erro, o que se tornou bastante frustrante.

Depois de acabar com a vida do oponente com um ataque especial bastante poderoso, é activada uma cutscene que mostra o quão destrutivo é aquele poder. Também é possível aniquilar um adversário ao dar-lhe um pontapé para o mandar contra um vulcão, por exemplo.

É que apesar desses erros todos, a qualidade da jogabilidade e a diversão que esta me proporcionava manteve-me agarrado ao jogo, tanto no modo Arcade como nas Partidas Mundiais e Ringue. Além disso há que referir que as personagens do jogo estão muito bem representadas, os cenários são fantásticos, o detalhe impressionante e todas as habilidades especiais dos lutadores e efeitos dos mesmos estão incríveis, principalmente se jogado na Xbox One X. Claro que não poderia esquecer-me de falar da banda sonora, que tem uma sintonia perfeita com o tipo de jogabilidade e lutas frenéticas, dando-nos ainda um maior prazer de o jogar.

Opinião final:

A pergunta que vai na mente de todos é: será este o melhor Dragon Ball de sempre? Diria que depende da perspetiva. Em relação à jogabilidade, banda sonora, cenários e qualidade artística/visual, Dragon Ball: FighterZ é o mais impressionante de toda a série, e portanto o melhor. No entanto, o jogo tem muitas falhas: constantes desconexões das salas e partidas online, a história não passa de razoável e falhou em surpreender, o roster fica muito abaixo dos últimos jogos de Dragon Ball, dificultaram demasiado a obtenção das personagens Goku SSGSS e Vegeta SSGSS in-game, motivando-nos a comprá-los com dinheiro real, e por fim não tem side-quests, ao contrário dos Dragon Ball: Xenoverse que tinham imensos, o que aumentava bastante a longevidade e respectivo replay-value. São problemas que não podem nem devem passar ao lado, mas o jogo cumpre com o que prometia, lutas frenéticas e simplesmente excelentes, fazendo jus ao anime, de tal forma que Dragon Ball FighterZ também me motivou a ver o reconhecido Dragon Ball Super. Se são fãs de jogos de luta, Dragon Ball FighterZ é um jogo altamente recomendado. Em relação aos problemas, há uns que é impossível solucionar, como a história, mas há outros aspectos que podem e devem resolver, pois quando assim for, o jogo será ainda melhor. Também gostaríamos que disponibilizassem mais personagens de forma gratuita e que acrescentassem missões secundárias. Com tudo isso dito, resta dizer que Dragon Ball FighterZ surpreendeu-me bastante em certos aspectos, mas também me desiludiu noutros, e espero que a Arc System Works aprenda com os erros, ouça todo o feedback e que venha a trabalhar num novo jogo da série, levando-o ainda mais além.

Do que gostamos:

  • Excelentes mecânicas de jogabilidade;
  • Lutas frenéticas juntamente com uma enorme espectacularidade tornam-no num jogo extremamente divertido;
  • Banda sonora de topo, que se adequa perfeitamente ao jogo que é;
  • Qualidade artística/visual fantástica;
  • Cenários muito bem trabalhados;
  • Boa quantidade de modos online.

Do que não gostamos:

  • Imensos problemas de conexão nas salas e partidas online;
  • Modo Arena e Observar não funcionam;
  • História incapaz de surpreender;
  • Roster fica muito abaixo dos últimos jogos de Dragon Ball;
  • Goku SSGSS e Vegeta SSGSS são demasiado difíceis de se desbloquear, motivando-nos a comprá-los com dinheiro real;
  • Não tem missões secundárias.

Nota: 8/10