Análise – Drawn to Death

Drawn to Death foi desenvolvido pela The Bartlet Jones Supernatural Agency que é liderada por David Jaffe, criador de God of War e Twisted Metal, e o objectivo sempre foi fazer um jogo focado no multiplayer que fosse único, e nesse aspecto em especifico acertaram. Assim que se entra no jogo vê-se uma cutscene onde damos de caras com uma sala de aula, onde um professor fala sobre uma determinada matéria, e os alunos, como seria de esperar, estão aborrecidos e fartos de estarem ali a ouvir aquilo que para eles é uma “seca”, e o jogo faz-nos entender que se passa no caderno de um dos alunos. Ou seja, esse rapaz decidiu ignorar tudo o que o professor estava a dizer para desenhar batalhas online violentas e incluir linguagem imprópria de diversas formas.

Esse é um conceito interessante e algo diferente do costume, e assim que entramos numa partida dá logo para ver como o estilo gráfico é bastante singular. As partidas online é até quatro jogadores e tem modos reconhecidos como Team Deathmatch e Free for all. Seja qual for o modo, o objectivo é apenas um: matar os nossos oponentes. E é ai que entra a parte da personalização, pois é possível escolher com que personagem queremos ir (cada um tem o seu estilo único), escolher skins para as mudar, definir os insultos que se quer fazer aos adversários e escolher as armas e equipamentos.

Há vários tipos de armas, cada uma com as suas vantagens e desvantagens, mas de forma resumida há armas com grande fire-rate mas que tiram menos dano, e há armas pesadas que recarregam de forma mais lenta mais fazem mais estrago. A questão é que de alguma forma o jogo nunca se sente equilibrado, até porque mesmo utilizando uma arma pesada, se estivermos ao lado do inimigo e lhe dermos um tiro na cabeça, o adversário não só não morre, como ainda consegue escapar com mais de metade da vida. Se esse é o caso das armas mais poderosas, imaginem como são as armas que tiram menos dano: é necessário imenso tempo para se conseguir matar alguém, e como tal, na maioria dos casos, o adversário consegue sempre escapar. É algo que não faz sentido e pode criar momentos de frustração, até porque este third-person shooter tem uma mecânica de salto em que faz com que se possa usar e abusar disso frequentemente, e os jogadores tendo noção disso, estão sempre a saltar de um lado para o outro, dificultando imenso a nossa função, retirando grande parte da diversão porque é algo que não se sente justo e é algo que deveria ter sido feito de outra forma para ajudar o jogo a ter um maior equilíbrio.

Como se isso não bastasse, ainda há uns tipos de trampolins que atiram o jogador de forma disparada pelo mapa, e ainda um tipo de portais. Num jogo feito de uma forma diferente, esses elementos em conjunto até poderiam funcionar bem, mas neste caso em específico só aumenta o nível de desequilíbrio. Outro dos aspectos negativos são os mapas, bastante amplos para partidas até quatro jogadores. Em vez de terem optado por um design algo mais fechado de forma a ser mais directo e competitivo, decidiram criar um tipo de labirinto que quebra completamente o ritmo de jogo. Se fossem partidas com mais jogadores ainda se compreenderia, mas assim não se sente natural. No entanto há partes do mapa em que são mais fechadas e nesses sítios os confrontos são muito mais divertidos.

Em relação às opções de insultos, pode-se utilizar memes e outros tipos de provocações aos nossos adversários antes de entrarmos numa partida, sendo que ao longo do jogo poderemos desbloquear mais insultos ao abrir baús. É um jogo com um sentido de humor próprio e diria que uma das suas mais-valias. O próprio tutorial é bastante engraçado porque o Sapo está sempre a meter-se connosco, a chamar-nos nomes e a provocar-nos de diversas formas. Há uma altura que até chega a gozar connosco ao dizer que para recarregarmos uma arma, que temos que dizer “reload” nos speakers do nosso comando, e se fizermos isso, o Sapo irá referir que o som não foi detectado e que temos que dizer isso mais alto, sendo que no fim de tudo ele goza connosco por termos caído nessa partida. E isso foi uma das partes mais engraçadas do jogo.

A nível técnico, o jogo não surpreende minimamente. Apesar da arte do jogo ser algo única para um shooter online na terceira pessoa, a falta de cor torna-se algo incomodativa a longo prazo, mas mesmo retirando esse aspecto, não há nada mais a destacar. Até as habilidades especiais ficam a desejar a nível visual, e não só. De forma geral o jogo é fluído, mas não está a salvo de outros problemas, como bugs. Houve três ocasiões onde as partidas se iniciavam e apenas se via a mira da arma e um mapa. Depois ouvia-se alguém a disparar e a personagem que controlava morria. No que toca à banda sonora, a escolha das músicas foram boas, sendo que uma delas é muito parecida ao de Twisted Metal.

Drawn to Death é um jogo com um conceito único e interessante, mas a execução ficou muito a dever. A falta de equilíbrio, o mau design dos mapas para o jogo que é, e uma jogabilidade que nunca chega a convencer são coisas difíceis digerir, no entanto se tem PlayStation Plus, este foi um dos jogos oferecidos este mês, portanto não perdem nada em experimentá-lo. Caso contrário, o jogo custa 19.99 euros, e sendo que é um jogo que não tem propriamente uma grande comunidade, havendo por vezes problemas em encontrar sessões e fazer partidas, é uma compra arriscada. No entanto se querem um jogo online com um estilo diferente dos demais e com humor, Drawn to Death é uma opção a considerar.

Do que gostamos:

  • Várias opções de personalização;
  • A banda sonora é agradável de se ouvir;
  • O humor.

Do que não gostamos:

  • Não é um jogo equilibrado;
  • Os mapas tem um mau design para o estilo de jogo que é;
  • Tecnicamente não surpreende.
  • Bugs.

Nota: 6/10