Análise – Gravity Rush 2

Gravity Rush 2 é a sequela de Gravity Rush, uma das poucas jóias que fez jus à capacidade da PlayStation Vita, utilizando as funcionalidades inovadoras da mesma para controlar a gravidade. O desenvolvimento de Gravity Rush 2 começou logo após a conclusão do seu antecessor, sendo revelado na Tokyo Game Show de setembro no ano de 2013 com o nome de ” Team Gravity Project”.

Passado dois anos, na mesma apresentação durante a TGS de 2015, a Sony anunciou oficialmente que esse projecto era Gravity Rush 2, estando este nas mãos de Keiichiro Toyama, sendo então anunciado que seria lançado para a PlayStation 4 no fim do ano de 2016, mais precisamente no dia 2 de dezembro. No entanto, o jogo apenas entrou em fase gold a meio de novembro, levando este a ser adiado para o início de 2017.

Keiichiro Toyama optou por começar a história que conecta Gravity Rush Gravity Rush 2 através de um episódio animado da série, onde podemos ver o que aconteceu a Kat, Raven Syd antes de serem apanhados por uma tempestade gravitacional. Este episódio deveria estar inserido na introdução de Gravity Rush 2, pois é um segmento de história vital para se entender o que aconteceu à Kat e ao Syd, sendo que ambos aparecem do nada a minar em busca de minerais para sobreviverem, sendo agora escravos de uma nova população, chamada de Banga. Se não tivesse visto o episódio antes de iniciar esta jornada, ainda hoje estaria a perguntar-me o que aconteceu desde o final do antecessor até ao início de Gravity Rush 2, visto que não encontrei o menor dos avisos sobre este episódio animado em Gravity Rush 2.

Tal como referi, Kat Syd foram transportados para a população de Banga, uma vila de barracas flutuantes onde as pessoas sobrevivem com a venda de minerais que obtêm, fornecendo assim ao concelho de Jirga Para Lhao o seu stock em troca de alguns trocos.

Quem gere a população de Banga é Lisa, uma descendente do povo de Lhao que foi dominado pelo Concelho e exilados de Jirga Para Lhao, tornando-se assim um povo de viajantes destinados à extinção. Lisa é fria e calculista, não aceitando nenhuma ideia que possa vir a fornecer problemas a Banga. Lisa formou um contrato no nome da população de Banga com a transportadora Sun, a cargo dos irmãos Vogo e Fi, para venderem os minerais obtidos pela população de Banga.

Kat Syd foram encontrados por Lisa e a Cecie(sua filha adoptiva) após terem sido transportados pela tempestade gravitacional, sendo que estas acolheram-nos e forneceram-lhes sustento a troco de trabalho nas minas com Misai e o resto dos mineiros, sendo que Kat não está com Dusty, ninguém acredita que ela possui poderes gravitacionais, tratando-na como uma escrava, à excepção de Cecie, que acredita em todas as palavras de Kat.

A população de Banga faz lembrar algumas localidades de Gravity Rush.

Tal como no primeiro jogo, Kat é a protagonista de Gravity Rush 2, a rainha da gravidade que consegue quebrar as leis de Newton a seu belo prazer, com a ajuda do seu amigo Dusty, um gato misterioso que fornece os poderes a Kat. Depois de algumas introduções em Gravity Rush 2 iremos possuir novamente os poderes para manipular a gravidade, que estão completamente iguais ao que eram, tanto em câmara, movimentos, combos e ataques especiais, deixando muito a desejar, visto que a câmara da manipulação da gravidade era um dos pontos que era obrigatório ser melhorado, não fornecendo um controlo decente da mesma quando iniciamos as habilidades gravitacionais de Kat.

Outro ponto negativo que já estava presente no jogo anterior é o sistema de lock-on, embora tenham melhorado em alguns pormenores e aumentado a significância do mesmo nos combates, este ainda é “manual” e não possibilita fazer o sistema “cadeado” que é tão implementado hoje em dia em videojogos dentro e fora do género deste jogo, impossibilitando a Kat concentrar os seus ataques em apenas um inimigo, aumentando o grau de dificuldade do jogo sem necessidade, pois temos de estar constantemente a tentar equilibrar a câmara e o lock-on para não falhar os ataques da nossa heroína.

A destruição de cenário está fenomenal.

Embora o sistema de combate seja praticamente o mesmo, existem novidades, tal como os talismãs que nos permitem aumentar os stats de Kat, separando-os assim das habilidades e combos, limitando a distribuição de minerais apenas a estes, onde é possível aumentar a quantidade de pontapés nos combos de Kat, a duração das suas habilidades gravitacionais, entre outros pormenores interessantes.

Mas a maior novidade são os estilos que Kat irá adquirir conforme explora a terra proibida, onde terá vários desafios marcados em tábuas de pedra para concluir, fornecendo novas habilidades e estilos a Kat, sendo estes últimos declarados como estilo Lunar Júpiter, permitindo a Kat novas mecânicas de combate e poderes além do modo standard, tornando a nossa heroína mais leve ou mais pesada, conforme o estilo escolhido, sendo possível trocar em qualquer altura entre estes. Embora não se possa controlar, na maioria das lutas de Gravity Rush 2 iremos ter aliados como Raven a fornecer ajuda a Kat, sincronizando várias vezes os ataques com a nossa heroína.

Os estilos introduzem as únicas novidades no sistema de combate.

Os inimigos, além dos famosos Nevi, também conhecidos como escorpiões, são muito mais diversificados, indo de monstros(Nevi) a soldados humanos do Concelho, fornecendo a Kat desafios constantes e bosses fantásticos, onde será obrigatório utilizar a inteligência e cronometrar os ataques que efetuamos.

Estes inimigos estão agora divididos por várias “categorias”, sendo que os Nevi contam com os habituais inimigos escorpiões e corpos gigantes para atacar Kat no solo e também os irritantes Nevi que se aproveitam do terreno aéreo para disparar contra Kat.

Já o exército do Concelho conta com soldados equipados com pistolas e espingardas, auxiliados por robôs de grandes dimensões armados com mísseis e braços mecânicos cheios de metrelhadoras, sendo que o espaço aéreo conta com inimigos montados em motorizadas flutuantes.

O concelho fará de tudo para parar Kat.

O mundo de Gravity Rush 2 é enorme em comparação ao seu antecessor, sendo que existe várias cidades para explorar, tal como a cidade de Jirga Para Lhao, que está dividida em várias ilhas flutuantes, umas por cima das outras, a vila de Banga e a pedreira, a cidade de Hekseville, entre outros locais que irão deixar qualquer jogador espantado.

Contrariando o estilo de Gravity Rush no que toca ao ambiente e cores/vida dos locais onde o jogo se passa, Jirga Para Lhao está cheia de cor e vida, com imensos NPC a fazerem as suas rotinas diárias, estando dividida entre várias ilhas “hierárquicas”, onde a população mais pobre está no fundo da cidade e a mais rica no cimo da mesma, sendo que esta cidade é feita de várias ilhas flutuantes e não apenas de 3 ilhas ligadas entre si.

Os gráficos da cidade e a performance da mesma à medida que a vamos explorando estão a roçar o perfeito utilizando o conhecido Cel Shading, sendo possível causar destruição com ataques da Kat ou com as habilidades gravitacionais da mesma, apenas regenerando-se depois da saída da nossa heroína, dando um “refresh“. Isto aliado a uma banda sonora espectacular que consegue transmitir as emoções e ficar na nossa mente durante horas depois de jogarmos um bocado, o que é sinónimo de um bom trabalho, ajudando a emergir o jogador no ambiente do jogo e transmitir as devidas emoções.

A ilha média da cidade de Jirga Para Lhao está cheia de vida!

Outra melhoria de Gravity Rush 2 é as missões principais/secundárias e as atividades que o mundo do nos fornece, sendo que o antecessor apenas tinha um punhado de missões secundárias e desafios contra relógios além das missões principais, pode-se dizer que houve uma enorme melhoria nesse aspeto.

As missões principais estão fantásticas, fornecendo-nos inúmeras experiências únicas com Kat, tanto em combates como em afazeres, como é o caso de explorar as ilhas dos habitantes mais ricos de Jirga Para Lhao para fazer vários recados fora do normal e divertidos, terminando com uma novidade tremenda, uma escolha de quem merece receber combustível, sendo que podemos fornecer o mesmo aos ricos que o irão estourar em festas ou aos mais pobres que nem sequer sopa quente podem comer.

Falando agora das missões secundárias, que são muitas comparadas com o antecessor, sendo o objetivo destas a possibilidade de podermos ajudar os habitantes com os seus afazeres ou conhecer melhor certas personagens secundárias, algumas missões que experimentei foram a distribuição de jornais, captura de animais e outras que prefiro não falar. No entanto algumas missões não dão a entender o que é preciso fazer, fazendo com que tenhamos de puxar pelo cérebro e descobrir qual é o objetivo,sendo sempre interessante não nos entregarem os objetivos de bandeja.

Gravity Rush 2 está fenomenal no que diz respeito à vida da cidade.

O modo online é uma das grandes novidades de Gravity Rush 2, que nos permite efectuar tarefas tal como caças a tesouros(que nos fornecem talismãs) e poder partilhar a localização dos mesmos com outras pessoas, ganhando Dusty Tokens, que podemos utilizar para comprar vários acessórios interessantes.

É possível entrar nas minas com um NPC e tentar bater o recorde de minerais recolhidos das minas efectuado por jogadores que jogaram Gravity Rush 2, criando assim competição entre os vários jogadores que jogam Gravity Rush 2.

Uma funcionalidade muito interessante é o modo fotografia, que já é implementada em vários jogos hoje em dia, Kat irá receber uma câmara fotográfica e poderá tirar fotos a qualquer momento do jogo, com várias expressões e acções, podendo até utilizar filtros e tirar selfies. É possível partilhar as fotografias retiradas com os restantes jogadores a partir da partilha online de fotografias, que nos permitirá receber Dusty Tokens caso os jogadores gostem da nossa fotografia.

Além disso, tal como é utilizado nas caças ao tesouro, podemos auxiliar-nos de várias fotografias retiradas por NPC‘s ou outros jogadores para localizarmos vários pontos de interesse e que nos fornecem itens, sendo possível perguntar por toda a cidade por indicações sobre a fotografia.

Onde estará o cofre?

Opinião final:

Gravity Rush 2 foi um desafio enorme para a equipa de Keiichiro Toyama, conseguindo mostrar que até jogos portáteis têm futuro nas consolas principais, expandido e transformando completamente o conceito limitado de Gravity Rush, implementando diversas novidades tanto no sistema de luta, com novos estilos, como na diversidade que se pode observar no que toca a conteúdo secundário para explorarmos o mundo do jogo, transformando-o assim no primeiro grande lançamento da PlayStation 4 em 2017.

Do que gostamos:

  • História bem elaborada e empolgante com personagens carismáticas e misteriosas;
  • Grafismos, banda sonora e performance correspondentes à expectativa;
  • Menu de jogo melhorado e com novidades interessantes;
  • Sistema de upgrades melhorado devido aos talismãs, separando os Stats das habilidades;
  • Modo online interessante e divertido, utilizando atividades secundárias como ir às minas e caça a tesouros;
  • Mundo de jogo muito superior ao anterior, com novas atividades e imensa vida;
  • Modo fotografia impressionante e com várias funcionalidades interessantes, tal como a partilha online;
  • Implementação de decisões envolvendo a população da cidade.

Do que não gostamos:

  • Falta de variações nos ataques de Kat, implementando apenas os estilos para disfarçar;
  • Falta de melhorias nas mecânicas de jogo envolvendo a câmara quando se manipula a gravidade, salientando o modo lock-on;
  • Começo da história do jogo inicia-se em um episódio de anime.

Nota: 8/10