Análise – Grim Legends: The Forsaken Bride

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O estúdio Artifex Mundi tem vindo a trazer os seus mais ou menos marcantes jogos já lançados anteriormente em computadores e dispositivos móveis para a consola da Microsoft, a Xbox One, juntamente com os seus nomes extensos e algo curiosos. Já tivemos a oportunidade de analisar Clockwork Tales: Of Glass and Ink e ficámos agradavelmente surpreendidos com os seus visuais pintados à mão e bastante coloridos além do género pouco usual na Xbox e da sua história interessante. Desta feita o estúdio traz-nos mais um jogo do mesmo género e com um aspecto algo semelhante. Será que consegue manter o mesmo nível de qualidade de Clockwork Tales?

O jogo segue mais ou menos o mesmo padrão em que trata-se de uma história, desta feita com contornos mais sobrenaturais, em que ao estilo de apontar de clicar procurando objetos e puzzles e mini jogos à mistura vamos avançando na narrativa até ao desenlace final. Mantém assim então basicamente o mesmo jogo, porém com uma narrativa e ambientação completamente diferente. Algo curioso é que qualquer jogo da Artifex é bem reconhecível pelo estilo visual com colorido bastante vibrante e “acolhedor” e este Grim Legends não foge à regra.

Um dos primeiros cenários após começarmos a explorar a floresta.

A história do jogo começa com uma jovem destroçada a amaldiçoar um anel e a o atirar para um abismo. Esta ação parece ofender um espírito maligno que consequentemente promete e ameaça voltar para reinvidicar o sangue desta jovem. 25 anos mais tarde começa o jogo propriamente onde somos apresentados a uma outra jovem (e seu padrasto) a caminho do casamento da sua irmã. Ao chegar à remota aldeia presenciamos o rapto da noiva por um urso e assim começa a aventura da procura da “nossa” irmã e da descoberta de mistérios ainda mais profundos que envolvem este evento.

Os puzzles existentes no jogo consistem em quatro géneros diferentes: um deles envolve usar certos objetos no cenário para podermos progredir. Objetos estes que são ganhos completando o segundo tipo de puzzle que é o de procura de objetos. Normalmente completando um desses normais ganhamos um objeto essencial para o progresso em algum  puzzle mais à frente, ou simplesmente interagir com algo no cenário que permite a nossa progressão. Outro tipo de puzzle é o de colecionar vários items necessários para completar um principal como se de uma receita tratasse. Uma vez mais, com o sucesso destes puzzles ganhamos algum item essencial ao progresso da história.  E por fim existem também os mini-jogos em que quebramos a nossa cabeça a rodar/recolocar peças ou cores.

No encalce do urso acabamos por encontrar um castelo perdido.

Comparativamente ao primeiro jogo da Artifex que analisámos este Grim Legends acabou por se revelar um pouco mais fácil porém ligeiramente mais longo para terminar. Considero a história de Clockwork Tales também consideravelmente mais interessante. Este Grim Legends acabou por tomar um rumo mais sobrenatural e consequentemente alguns dos puzzles toraram-se, como poderei dizer, um pouco mais tolos. Algum seguimento da história também deixou de fazer algum sentido e em certos puzzles senti-me um pouco “forçado” a completar só para obter o objeto seguinte. Devido a isto, a progressão do jogo em certas alturas torna-se um pouco ilógico tal como um mini-jogo irrisório onde temos de nos maquilhar que foi o único que me vi forçado a passar em frente (felizmente temos essa opção) por frustração desnecessária.

De resto, e como já havia mencionado, os cenários são bem agradáveis de se vislumbrar mesmo que também um pouco menos bem conseguidos que outros jogos do mesmo estúdio. Em certas alturas somos brindados com um vídeo para o avançar da história acompanhado de quebras de frames algo sérias, tanto que quase parece que estamos a ver slides. Não foi muito frequente porém aconteceu por algumas vezes daí ser digno de nota. A nível sonoro estamos perante uma banda sonora interessante mesmo que após algum tempo comece a aborrecer um pouco por termos de voltar várias vezes aos mesmos sítios. O trabalho de voz é realmente a nota mais fraca o que me faz questionar se realmente vale o esforço gravar todo o diálogo pois acaba por até denegrir um pouco a imagem do jogo. Em certas situações como de aflição por exemplo as personagens mantêm um tom de voz calmíssimo como se nada tivesse passado. Isto corta consideravelmente a atmosfera até bem conseguida pelo jogo.

O ambiente festivo no início do jogo é de pouca duração.

Opinião final:

Apesar de manter um nível de qualidade mais ou menos semelhante a títulos anteriores este Grim Legends acaba por ser uns furos abaixo do que eu estava à espera. A história mais sobrenatural e com um progresso algo caricato, os diálogos por voz de nível inferior e alguns puzzles algo monótonos acabam por causar, o que não deixa ainda assim de ser um bom jogo, algum desapontamento. A satisfação pela resolução de alguns quebra-cabeças está lá, a história até tem alturas de bastante interesse (apesar do seu final algo previsível) e os visuais continuam uma delícia. esperemos que o segundo e terceiro capítulos sejam também lançados na Xbox One para vermos se conseguem ser melhores do que este Grim Legends: The Forsaken Bride, que no meu ver, com alguns melhoramentos poderia ter sido muito melhor. Digamos que, o preço pedido é relativamente baixo e ajustado para o que oferece e garantidamente temos uma experiência um pouco diferente do habitual na nossa consola. Porém pouco ou nada oferece em termos de longevidade após o terminar.

O que gostamos:

  • Cenários e visuais muito apelativos com colorido vibrante;
  • Género de jogo interessante ainda pouco explorado em consolas;
  • Ao terminar o jogo temos um epílogo extra;
  • Possibilidade de passar em frente nos puzzles ou mini jogos se “bloquearmos”.

O que não gostamos:

  • História menos bem conseguida que jogos anteriores;
  • Alguma progressão pouco lógica;
  • Perda de suavidade em cenas de vídeo;
  • Alguns puzzles monótonos causam “martelar” de botão até encontrar todos os items.

Nota: 7/10