Análise – Ironcast

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Se há um género de jogo que irá sempre ter adeptos é o de “combina 3”. Isto é, os jogos de puzzles onde o jogador tem de juntar 3 ou mais jóias, objetos, doces, flores, ou seja o que for específico do jogo, e faze-las desaparecer assim amealhando pontos. Candy Crush é um desses exemplos de sucesso. Com este Ironcast a Dreadbit tenta usufruir um pouco dessa popularidade porém com a introdução de mais géneros à mistura. Este não se trata de um simples jogo de puzzles de juntar cores e desde cedo isso é notório. Seja que esta fusão de género resulta?

A mecânica de Ironcast baseia-se, na sua base, nos jogos de puzzles. A jogabilidade principalmente passa-se em um quadro cheio de nódulos coloridos com os quais temos de descrever linhas que possam unir vários da mesma cor e os fazer desaparecer. E é aqui que as similaridades com os joguinhos de puzzles acabam. Neste jogo estamos perante o controlo dos Ironcasts, uma espécie de Mechs a vapor, sendo este um jogo baseado na época Vitoriana Inglesa e com toque steampunk, que com a gestão dos nódulos coloridos podemos armazenar munições, reparações, energia e arrefecimento.

A batalha passa-se aqui onde vemos os Ironcasts e todos os sistemas que controlamos.

Estamos então perante um jogo que além da tentativa de juntar peças da mesma cor, essa união tem um propósito. É de facto um jogo que exige massa cinzenta e uma boa dose de estratégia pois só temos de cada vez 3 jogadas e nessas temos de gerir e tomar opções difíceis perante a escassez de recursos e a diversidade de opções. Será que amealhamos munições para ferir o inimigo? Ou sacrificamos uma ronda a não o atingir só para gastar alguns pontos na reparação da nossa própria máquina? Será que gastamos um pouco mais na reparação e arriscamos ficar sem energia para ativar um escudo protetor?

Isto confere ao jogo uma boa dose estratégica e uma jogabilidade muito interessante. Após cada batalha somos brindados com as estatísticas finais e com os despojos de guerra. Após isso vamos para a oficina onde entra mais um género em jogo: o RPG. Ora, é aqui que podemos gastar os pontos ganhos na batalha em reparações do nosso Ironcast (eles não vão novos em folha para novas batalhas) ou instalamos algum melhoramento tal como uma arma nova ou mais energia para os escudos ou mesmo mais quantidade de munições. Uma vez mais este planeamento é crucial para o sucesso nas batalhas seguintes.

Todas as missões são precedidas de alguma conversa. Toda em texto.

O jogo apresenta-se com um visual muito específico de época Vitoriana Britânica com um toque steampunk (parece que está na moda ultimamente) que não deixa de ser interessante porém a realidade é que tratando-se de um jogo que é estático, ou seja, jogamos sempre no mesmo quadro e com as cores disponibilizadas, não nos é proporcionado um espetáculo visual muito impressionante. Mesmo com o bom trabalho feito nas máquinas o restante acaba por ser algo fraco com visuais bastante simples e desapontantes. Quase podemos dizer que um tablet conseguia ter estes visuais com alguma facilidade. Algum trabalho extra neste aspeto só beneficiaria o jogo.

A nível sonoro também as coisas não melhoram muito. A música que acompanha as batalhas é interessante e os efeitos sonoros de algumas armas são algo gratificantes. É notória a ausência de qualquer tipo de trabalho de voz o que apesar de compreensivo não deixa de conferir alguma monotonia sonora ao jogo.

A oficina onde trabalhamos os melhoramentos e reparações da nossa máquina.

Tudo isto finaliza com um dos pontos mais determinantes no meu parecer sobre o jogo. O visual simples e audio pouco impressionante até seriam desculpáveis pois o jogo consegue ser bastante interessante e até algo viciante a nível de jogabilidade com o seu sistema por turnos e estratégia envolvida. Mas isso é até perdermos uma batalha pela primeira vez. Não interessa se é a primeira ou a última, ao perdermos o jogo acaba. Isto era do meu desconhecimento, o jogo ter esta faceta roguelike e sim, foi uma surpresa bastante desagradável perder uma batalha após gestão minuciosa dos meus recursos ganhos arduamente e ser brindado com o menu inicial do jogo e a opção de continuar inacessível.

Compreendo que os jogos hoje em dia são demasiado “fáceis” e que os programadores talvez queiram dar alguma longevidade ao jogo no entanto no meu ver este sistema está muito mal empregue. O único que retemos são as recomendações (prémios ganhos) que permitem-nos desbloquear novos Ironcasts ou generais. De resto começamos o jogo sempre do início o que é bastante chato. Isto tira completamente a vontade de o jogar de novo e um sistema de ao menos podermos guardar as armas e recursos ganhos até à altura seria muito bem implementado mas assim é um castigo demasiado severo no meu ver.

Com o escudo em pleno uso resta pouca energia para mais alguma coisa.

Opinião final:

É com bastante pena que atribuo esta nota a Ironcast. Muita mesmo. O jogo oferece-nos uma jogabilidade muito interessante e cheia de possibilidades estratégicas com puzzle, RPG, combate por turnos e estratégia à mistura e ainda com gestão de novas habilidades e armas tornando-o também viciante. Porém, tudo cai por terra com o grafismo algo simples e audio pouco memorável, mas, principalmente devido ao sistema de “morte permanente” no qual sempre que perdemos temos de começar tudo de novo. Fica aqui o apelo aos programadores para atualizarem o jogo com um patch que permita-nos optar por não ter esse sistema e nos permita gozar o jogo muito melhor.

O que gostamos:

  • Jogabilidade bastante boa;
  • Sistema de combate por turnos;
  • Mistura bem conseguida de vários géneros de jogo,

O que não gostamos:

  • Visualmente não impressiona;
  • Look steampunk poderá estar a ser demasiado usado;
  • Sistema de morte permanente que acaba por ser a maior desilusão sobre o que seria um bom jogo.

Nota: 6,5/10