Análise – Kirby Star Allies

No meio das franquias mais antigas da Nintendo, encontramos um sidescroller clássico chamado Kirby’s Dreamland, sobre uma pequena bola rosa, cuja missão é proteger o seu planeta – Pop Star, e por extensão, a galáxia. A contrário da grande maioria dos sidescrollers cuja missão era ultrapassar os níveis derrotando os inimigos através de armas ou saltando-lhes em cima, Kirby possui a capacidade de os aspirar, absorvendo-lhes as capacidades, sendo então capaz de usar uma espada, disparar fogo, gelo, eletricidade, transformar-se numa pedra, enfim, tudo aquilo que os inimigos conseguem fazer. As várias nuances introduzidas naquilo que é o formato tradicional do 2d sidescrolling fazem da franquia Kirby uma daquelas franquias que procuramos quando queremos algo tradicional com um toque do experimental, mas também do charme trazido pela simplicidade inerente ao género.
Após mais de duas dezenas de títulos para as várias consolas da Nintendo, é a vez da Nintendo Switch com Kirby’s Star Allies, naquilo que pode muito bem ser uma tentativa de (re)evolução das mecânicas clássicas juntamente com uma celebração daquilo que é uma das franquias mais icónicas da Big N.

Kirby Star Allies a nível da narrativa não é nada de surpreendente, mas em perspetiva, nunca nenhum título da franquia o foi. Basicamente, um coração de cristal cheio de energia negra explode nos confins de espaço, fazendo chover vários fragmentos que influenciam negativamente várias personagens conhecidas de Kirby, tornando-os agressivos. Um coração também atinge Kirby, mas este ganha a capacidade de transformar os inimigos em amigos, trazendo-os consigo na sua aventura para devolver a paz ao Universo.

Uma das grandes novidades de Kirby Star Allies, para além de fazer amigos é exatamente a capacidade de combinar os diferentes poderes que estes possuem

É com esta premissa, a da nova capacidade de Kirby em fazer amigos, que a principal mecânica do jogo desenrola aquilo que é um verdadeiro mundo de experimentação. Acontece que, Kirby, além de conseguir absorver os poderes dos inimigos, pode, através da sua amizade, combinar os seus poderes de modo a obter alguns resultados interessantes. Por exemplo, combinando os poderes de um amigo com o elemento de fogo, gelo ou eletricidade e a espada de Kirby, resultará na transformação da espada para uma versão com poderes elementais. A combinação de gelo com pedra resultará num peso de curling que pode ser utilizado para resolver alguns puzzles. Existem também algumas combinações interessantes que resultam em ataques devastadores, como a do Cozinheiro, ou até na criação de itens que recuperam a vida, como a do Pintor. Assim que Kirby obtém 4 amigos, este pode também utilizar, em algumas secções, Friend Actions, acções divertidas e cinemáticas, permitindo ao grupo criar uma roda, uma ponte, um comboio, uma estrela, etc. Embora restritas a certos momentos, a sua utilização é esporádica o suficiente de modo a nunca se deixar de sentir que é especial.

O jogo possuem também momentos em que, através das “Friend Actions”, somos brindados com momentos de gameplay diferentes e divertidos.

Falando em amigos, estes podem ser inimigos comuns ou até mesmo Dream Friends, amigos especiais da história da franquia – que serão adicionados como DLC, tal como bosses derrotados por Kirby. É importante possuirmos toda esta escolha, porque o jogo, embora não seja muito extenso, tem certamente imenso com que nos entretermos. Kirby será sempre uma franquia para complecionistas, aqueles jogadores que gostam de completar um jogo a 100%, não deixando nada por colecionar. Neste sentido, há puzzles para completar, cada um com uma cena da história da franquia acompanhado de música 8-bit clássica, alguns mini jogos – ainda nos doem os dedos do mini-jogo dos lenhadores, e níveis extra para desbloquear – estes também com musica clássica da franquia. No final de cada nível, temos o regresso do Goal Game de Kirby’s Adventure (embora sintamos que, na sua versão mais recente, este é mais fácil), podendo ganhar vidas e outros itens, e muitas vidas colecionaremos, dado que a dificuldade diminuta do jogo, juntamente com a facilidade de subir o nível de Kirbys disponível, significará que pelo rolar dos créditos, estarão perto de uma centena de vidas. Todo este conteúdo pode ser jogado sozinho ou com mais 3 jogadores, pelo que se adapta muito bem naquilo que é uma das principais características da Switch, dado que temos sempre dois comandos disponíveis.

Aqui fica a nossa vídeo Análise a Kirby Star Allies que inclui gameplay do jogo.

A nível da apresentação o jogo demonstra alguns detalhes impressionantes relativamente aos níveis e às animações. Infelizmente não estamos perante nada tão artisticamente “out there” como níveis feitos de lã, mas mesmo assim os stages demonstram enorme criatividade na maneira como estão desenhados. O jogo corre fluidamente quer em modo handheld quem em modo docked, mas temos de admitir que os mundos coloridos saltam mais à vista na TV. A nosso ver, a estrela da apresentação é sem dúvida a banda sonora, não só pelos remixes dos temas clássicos da serie, mas pela inclusão em alguns momentos dos temas originais em 8-bit, o que traz imenso charme ao jogo, relembrando-nos que Kirby Star Allies é de facto, uma celebração das aventuras da bolinha cor de rosa.

Opinião final:

Kirby Star Allies é a celebração daquilo que faz Kirby um sidescroller diferente. A A possibilidade de combinar as capacidades de Kirby, com os poderes dos amigos convida os jogadores a explorarem formas diferentes de jogar e ultrapassar os obstáculos que nos são colocados. Não é um jogo muito grande, mas contém imenso conteúdo para entreter um grupo de até 4 jogadores. Pode é não ser para toda a gente dada a quase inexistência de dificuldade, mas a quem lhe der uma hipótese, não sairá insatisfeito.

Do que gostamos:

  • Fórmula Kirby retorna, juntamente com a capacidade de fazer amigos e combinar os poderes destes com os nossos;
  • Há imenso conteúdo para explorar;
  • Mais Dream Friends serão adicionados em momento posterior.

Do que não gostamos:

  • Quase inexistência de dificuldade, pelo que pode não ser para toda a gente;
  • Jogo principal relativamente curto.

Nota: 8/10