Análise – Malicious Fallen

Malicious foi lançado pela primeira vez na PlayStation 3, tendo sido na altura disponibilizado apenas em formato digital, pela Alvion. Baseando-se na narrativa de livros de contos de fadas e num mundo de fábulas, Malicious transporta-nos até um mundo fantasioso onde iremos utilizar poderes celestiais para executar combos frenéticos e destruir bosses de grande escala em batalhas fascinantes. Seguindo o modelo do primeiro jogo, a Alvion decidiu lançar mais tarde a sequela de Malicious para a consola portátil da Sony, a PlayStation Vita, onde presenteou os fãs do primeiro jogo com um capítulo de história novo e vários níveis para confrontar, utilizando algumas das mecânicas específicas da PlayStation Vita.

Passando agora para a atualidade, a Alvion decidiu arriscar e lançar uma remasterização dos dois jogos da série Malicious num só pacote, que contém ainda 2 novos capítulos: Pursuit Demise. Com estes, visa utilizar o potencial da PlayStation 4 para melhorar os primeiros capítulos de Malicious, limar as diversas falhas nas  mecânicas destes e elevar a série a um novo patamar, objetivo este que não foi totalmente conseguido, visto que ainda existem diversas falhas no jogo, não só em termos gráficos como em câmara.

Não substimes o poder dos Profetas!

Como foi referido anteriormente, Malicious situa-se num mundo baseado nos contos de fadas que as crianças estão habituadas a ouvir, mas, ao contrário desses contos, que são todos coloridos e têm um final feliz, Malicious presenteia-nos com um mundo onde a felicidade está em vias de extinção. Ao longo da jornada em ambos os capítulos, vai nos sendo apresentado todos os bosses que iremos enfrentar , as suas respectivas histórias e o “porquê” de serem os nossos alvos, sendo este modo a única história que o jogo nos fornece. Era suposto assistirmos às várias cutscenes narradas no jogo em si, em vez de irmos imediatamente para o campo de guerra assim que acabamos o tutorial.

O mundo de Malicious está em constante ameaça de extinção devido a uma criatura denominada por Malicious, um ser demoníaco que se aproveita das maldades das pessoas para se ressuscitar e tentar destruir o mundo, tendo falhado todas as vezes devido aos protetores do mesmo, os Profetas. Estes têm apenas uma tarefa: não permitir que o mundo acabe, tentando restaurar a paz no mesmo. No entanto para realizar esta tarefa terão de enfrentar a odiosa criatura, e são obrigados a “emprestar” um pouco dos seus poderes divinos a vários reis e pessoas de renome, e, caso estes falhem, vêem-se obrigados a criar um receptáculo e introduzir um espírito neutro no mesmo para derrotar a criatura, sendo estes os protagonistas de Malicious.

Os bosses de Malicious são criaturas fantásticas.

Podemos personalizar o receptáculo como quisermos, escolhendo o seu género e roupas (que poderão fornecer fortalecimentos no que toca a ataque, defesa, aura e vida), estando estas disponíveis logo de início para podermos decidir que tipo de estratégia queremos tomar para as diversas missões, visto que cada roupa fortalece um nível de poder do receptáculo em sacrifício de outro. Suponhamos que escolho o “Black Robe“, este irá fornecer ao meu personagem um boost de dano nos ataques que executo aos inimigos em sacrifício da sua defesa.

Os receptáculos dos profetas têm logo de início um poder astronómico devido à manta das cinzas, uma manta que se transforma em diversas armas consoante a necessidade do protagonista, tendo cada uma delas uma espécie de inimigo como alvo (inimigo de longo alcance, curto alcance, etc), permitindo ao jogador executar vários combos frenéticos entre as várias formas da manta para usufruir ao máximo de todo o seu poder e aniquilar os seus inimigos.

A manta das cinzas de início apenas permite a utilização do modo projéctil e punhos, com meia dúzia de combos disponíveis, sendo necessário derrotar os bosses para obter outros modos, tal como a lança e a espada. Para mudar de arma apenas temos de utilizar os botões direccionais, sendo possível a troca a qualquer altura do jogo e até no meio de combos entre o quadrado e o triângulo, abrindo portas a novos combos entre todas as armas da manta. Além das armas principais, a manta pode ainda transformar-se num escudo ao se premir o botão círculo e outras formas que prefiro não falar e deixar-vos experimentar, sendo estas últimas secundárias e uma das principais atrações para continuar a jogar. As mecânicas de jogo são simples e baseiam-se em combos entre os botões quadrado e triângulo, tal como estamos habituados em outros jogos do género, sendo estes completamente frenéticos e sem qualquer pausa. Tudo depende de até quando queremos estar constantemente a atacar, no entanto, a câmara de jogo consegue estragar várias vezes o momentum das lutas, sendo que muitas vezes tapa o nosso personagem nestes momentos de constante movimento.

Combates frenéticos e de cortar a respiração é o que não falta!

lobby do jogo situa-se na dimensão dos profetas, que estão sempre disponíveis para nos fornecer dicas sobre o mundo do jogo, tais como sobre como derrotar os diversos bosses e iniciar os modos de tutorial para nos habituarmos ao sistema do jogo. Ao redor do lobby encontram-se vários objetos, que nos irão transportar para os mapas da terra, onde nos esperam os bosses e os seus servos. A cada objeto corresponde uma missão, que contém um boss, podendo durar no máximo 30 minutos. Depois de derrotarmos todos os bosses disponíveis de início, poderemos aceder ao boss final, que, no caso do primeiro capítulo, é o próprio Malicious.

Os gráficos do jogo estão bons, embora pudesse ter algumas melhorias nas caracterizações dos diversos personagens e algumas cores, que se nota que estão em falta em certos objetos. Pode-se dizer que a Alvion cumpriu com o seu objetivo quando fez a remasterização dos antecessores para Malicious Fallen. Já a banda sonora do jogo não mudou muito, continuando a mesma para os capítulos, repetitiva a partir de certa altura, embora cumprindo com o seu papel.

Opinião final:

Malicious Fallen vai de encontro ao esperado de uma remasterização dos seus antecessores, mas falha nos dois novos capítulos, transmitindo uma vez mais missões repetitivas e com o mesmo objetivo. Temos de dar mérito à Alvion por conseguir introduzir várias melhorias a nível de gráficos, jogabilidade e narração, juntando ambos os capítulos da série em um só título e ainda disponibilizando 2 novos. No entanto, este falha em trazer-nos uma experiência refrescante, visto que basta acabar uma missão para saber de que se trata todas as seguintes, com pequenas diferenças nos inimigos e cenário, mas sempre com o mesmo objetivo. Ainda não é com esta iniciativa que Alvion consegue explorar ao máximo o potencial enorme que Malicious tem a oferecer com o seu universo, deixando os fãs com sede de inovação e a perguntar “porque é que não podemos ter um jogo mais completo?”, pois além de cada capítulo ter uma duração muito pequena, contando com cerca de 9 horas de conteúdo repetitivo, este não tem qualquer momento de história no decorrer do mesmo. Malicious Fallen não é o que se esperava da Alvion, no entanto não deixa de ser uma oportunidade para voltarmos aos capítulos da série que estiveram presentes na PlayStation 3 e na PlayStation Vita e viver o que aconteceu depois destes feitos com os dois novos capítulos.

Do que gostamos:

  • Jogabilidade simples e cativante;
  • Gráficos adequados para o género de jogo e com paisagens deslumbrantes;
  • Caracterização das personagens muito pormenorizada através do backstory e das dicas dos profetas;
  • Personalização do(a) receptáculo muito interessante e divertido.

Do que não gostamos:

  • Potencial da história desperdiçada em um jogo repetitivo;
  • Backstory não estar presente em cutscenes no início do jogo;
  • Câmara do jogo mal calibrada;
  • Liberdade no rumo das missões, retirando “alma” à história sem ser a introdução inicial do respectivo capítulo;
  • Apenas tem um modo de jogo com o intuito de derrotar o boss do respectivo nível.

Nota: 6/10