Análise – Metroid Prime: Federation Force

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2016 tem sido um ano prolífero em aniversários de vários jogos ou séries de jogos. Tomb Raider é o exemplo de uma das mais recentes “celebrações” com o seu 20º aniversário. Algo “esquecido” pela Nintendo, eis que este ano celebramos o 30º aniversário da série Metroid, com algum desapontamento ao longo dos tempos para os gamers em geral que vêm o IP como um dos estandartes de jogos 2D. Desapontamento porque o já longamente esperado Metroid Prime 4 ou mesmo um novo jogo em 2D não parecem estar nos planos de um futuro próximo da gigante nipónica. Numa altura em que os jogos do género “Metroidvania” estão na moda, realmente foi recebido com muita estranheza o anúncio deste Federation Force. Embora com pouca ou nenhuma publicidade ( e com uma receção inicial nada favorável), mesmo assim acaba por ser lançado, e tivemos a oportunidade de o testar e ver se faz justiça ao legado Metroid.

Logo à primeira vista, este Federation Force parece ter muito em comum com o spinoff de Zelda, Tri Force Heroes. Isto tendo em conta que trata-se de uma tentativa de transformar o que é uma experiência clássica para um único jogador em um jogo cooperativo entre vários baseando-se em vários níveis relativamente simplistas que se podem completar em 10 a 15 minutos, deixando um pouco de parte a narrativa. O enredo diz-nos que existem piratas do espaço a aterrorizar o sistema solar, que é composto por 3 planetas. Samus Aran, a estrela da série, até tem umas presenças esporádicas durante o jogo, porém ao jogador é atribuído o papel de um marine, que nem nome tem, e a este a tarefa de investigar o que se passa, por 22 missões separadas.

O jogo é muito mais fácil jogado com companheiros

O jogo é muito mais fácil jogado com companheiros.

Melhor dizendo: controlamos um Marine que está a comandar um fato gigante de robô, o que ainda causa mais estranheza dada a escassez desesperante na variedade de armas ao nosso dispor. Ainda menos do que a própria Samus em jogos anteriores, devo dizer. A nossa única e permanente arma é um canhão recarregável com apenas uma pequena seleção de mísseis, escudos e pouco mais antes de cada missão, mesmo assim sendo bastante restringida a sua utilização. Alguns extras, ao estilo de modificações, podem ser encontrados pelos níveis. Estas modificações podem ser munições extra ou armaduras. Nada de especial.

O jogo pode ser controlado de duas maneiras. Uma utiliza o segundo botão de controlo disponível na New 3DS (que não tenho) para imitar um controlo standard de jogos em primeira pessoa, e o outro usa o sensor de movimentos para mexer a nossa cabeça. Sendo apenas possível escolher este último, devo dizer que apesar de eventualmente nos habituarmos, não é nada ideal para este tipo de jogo, ou está mal implementado. Virar a câmara para um lado ou para outro rapidamente é bastante difícil e não existe a opção de qualquer tipo de ajuste, o que ainda se torna mais frustrante. Como disse, no entanto, acabamos por nos acostumar, mas nunca acaba por ser 100% satisfatório.

Em certos pontos até consegue ter bons visuais

Em certos pontos até consegue ter bons visuais.

Curiosamente, o jogo surpreende pela positiva em termos de variedade de missões. Enquanto que se poderia pensar que o género de jogo não iria permitir a uma multitude de missões, ao menos neste aspecto o jogo brilha com vários tipos de missões: desde prender monstros em jaulas usando-nos a nós próprios como isco, sair do Mech para nos infiltrarmos ou a atravessar uma tempestade elétrica empurrando carros de anti-gravidade. Cada missão parece ter sempre uma ideia nova, o que acaba por ser satisfatório e quebra ligeiramente a monotonia, acabando por entreter. E é praticamente aqui que acabam os elogios.

O jogo não parece reconhecer se estamos a jogar a sós ou acompanhados. Apesar de obtermos um certo aumento de poder quando jogamos a sós, o jogo não altera a dificuldade conforme o número de jogadores. Sendo assim, jogado a sós acaba por ser frustrantemente difícil e a quatro consideravelmente fácil. Isto acaba por castigar os “lobos solitários” por não quererem, ou conseguirem, jogar com amigos ou online. Enquanto que o modo online até é funcional em termos de estabilidade, não existe qualquer tipo de conversa por voz. Não que faça assim tanta diferença, especialmente se jogado o modo Blast Ball, uma espécie de Rocket League em que disparamos contra uma bola gigante para marcar golos.

O divertido modo de jogo Blast Ball

O divertido modo de jogo Blast Ball.

Em termos visuais, o 3D até resulta bem, dando uma boa sensação de profundidade, no entanto, isso não quer dizer que o jogo contenha os melhores cenários ou atmosfera. O ambiente é algo simples e insonso, com apenas algumas missões a destacarem-se ligeiramente da mediocricidade. Fiquei até com a sensação de que isto foi propositado para garantir a suavidade do jogo com estes visuais tão simplificados. Pouco ou nada me “saltou à vista”. Sinceramente o que também acaba por desiludir bastante, tendo em conta o palmarés do estúdio que trabalhou no jogo, a Next Level Games.

Opinião final:

Metroid Prime: Federation Force não é, de facto, o jogo pelo que os fãs e o mundo interio aguarda há anos. Pessoalmente não sou fã de ser quase “forçado” a jogar um jogo cooperativamente, apesar de reconhecer que é assim que é melhor jogado. As missões, apesar de variadas, acabam por conferir uma extensão talvez demasiado grande ao jogo, especialmente se jogado numa 3DS mais antiga, em que somos forçados a fazer uso do sensor de movimentos, e jogar a solo é, a par da desesperante pouca variedade do arsenal ao nosso dispor, a sua maior desilusão. Especialmente pensando que a série Metroid é, classicamente, jogada a solo. Entendemos que o jogo foi desenhado com a cooperação em mente mas, por favor, que não seja assim tão óbvia essa pretenção. Quando se consegue jogar acompanhado até é divertido e está bem estruturado, mas isso por si só não salva o que poderia ter sido um jogo muito melhor.

Do que gostamos:

  • Variedade nas missões é surpreendente;
  • Não deixa de ser algo inovativo um jogo cooperativo em 1ª pessoa para portáteis;
  • Algo divertido… quando jogado em multijogador.

Do que não gostamos:

  • Visuais simplificados e insípidos, mesmo para a 3DS;
  • Níveis de dificuldade muito pouco equilibrados, jogado a sós demasiado difícil, acompanhado fácil;
  • Sistema de controle complicado usando sensor da consola;
  • Jogo claramente apostado em modo cooperativo acaba por punir jogadores mais solitários.

Nota: 6/10