Análise – Monster Hunter: Generations

Monster Hunter Generations

Uma das séries que mais faz vibrar os jogadores japoneses é, decididamente, Monster Hunter, a franquia que nos leva a desempenhar o papel de caçadores de monstros, sejam estes pequenos, médios, grandes, gigantescos ou simplesmente colossais, há de tudo um pouco.

Sempre que um novo Monster Hunter é lançado no mercado nipónico, milhões de unidades são vendidas e muitos fãs ficam agarrados durante dias a fio à caça e à descoberta de novos monstros, bem como de outros já existentes em lançamentos anteriores e que podem ter sofrido alterações para se adequarem aos padrões do novo jogo.

Lançado no dia 28 de novembro no Japão, Monster Hunter Generations superou completamente as expectativas da Capcom, que esperava vendas na ordem dos 2.5 milhões de unidades até março deste ano. Em vez deste número, o jogo vendeu 1.5 milhões apenas nos primeiros dois dias e em menos de um mês já tinha quebrado a barreira das 3 milhões de unidades vendidas.

Nos mercados ocidentais, embora o furor não seja, nem de perto, tão grande como no país do Sol Nascente, há cada vez mais fãs desta série e cada vez mais se pede por mais um jogo da mesma, ou pelo menos que as localizações sejam mais rápidas, para se jogar o mais cedo possível.

As cinemáticas do jogo estão muito bem concebidas.

Desta vez a espera voltou a ser longa, mas já no próximo dia 15 de julho se poderá começar a comparar o resultado de vendas de um jogo Monster Hunter no Ocidente com o valor registado no Japão, uma vez que passará a estar disponível na América do Norte e na Europa, exclusivamente para a Nintendo 3DS.

Tal como referido anteriormente, controlamos um caçador de monstros que parte em várias jornadas perigosíssimas para defrontar criaturas muito difíceis de abater, seja por serem venenosas ou por estarem em chamas, por cuspirem fogo, por voarem, serem rápidas, entre outras características. Os monstros são muito variados, sendo por isso necessário adaptar a nossa estratégia de combate a cada criatura, uma vez que embora no início seja fácil derrotar, por exemplo, um Great Jaggi, as coisas ficam mais complicadas quando defrontamos terríveis perigos como um Tigrex, sendo preciso reconhecer as suas fraquezas.

A maneira como o fazemos (adaptar a nossa estratégia) é talvez um dos pontos mais atraentes de Monster Hunter, uma vez que podemos levar connosco armadilhas, itens de cura, equipamentos variados, armas mais leves como a «Sword and Shield» ou mais pesadas (ou com combos diferentes) como a «Great Sword» etc.

(E porque um vídeo vale mais que mil imagens, que por sua vez valem mais que mil palavras, vejam os vários estilos de combate presentes no jogo:)

Por exemplo, poderemos ter de fazer farming de partes de um monstro X para podermos fabricar uma armadura forte o suficiente para termos uma hipótese razoável de derrotar Y, algo que se vai tornando cada vez mais essencial à medida que se avança para missões de maior rank.

Para além destes equipamentos, existem ainda pormenores que fazem toda a diferença, como um grelhador para assar a carne crua recém extraída das nossas presas, ou a «Whetstone», uma pedra que nos permite afiar a nossa arma e assim causar mais dano aos monstros. De facto, algumas criaturas têm a pele tão dura que apenas com uma arma extremamente bem afiada se pode causar algum dano às mesmas, muitas delas tirando grandes quantidades de dano, pelo que poderá ser necessário fugir por alguns momentos e recuperar vida, sendo o consumo de carne uma das opções.

Na grande maioria dos jogos Monster Hunter, pequenos gatos (denominados por Felynes no jogo) muito brincalhões e com um grande sentido de humor acompanham-nos nas nossas expedições e ajudam-nos a ultrapassar alguns dos maiores obstáculos, servindo de alvo e causando eles próprios algum dano. Ao longo da série, estes têm sido os nossos grandes supports e são por vezes um colete de salva-vidas em situações em que tudo parece perdido.

 No entanto, em Monster Hunter Generations, e esta é, seguramente, uma das maiores novidades deste jogo, também será possível controlar um destes amigos felinos. As diferenças entre jogar com os mesmos ou com um caçador dito normal não são muitas, tirando algumas movimentações e animações, sendo a adição principalmente estética, o que, mesmo não trazendo muito de novo ao jogo, é sempre engraçado e traz um pouco de ar fresco, de que Monster Hunter estava a precisar.

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Would you die, Purrease?

Tirando a presença da possibilidade de controlar um dos Felynes, a grande novidade de Monster Hunter Generations, e que se pode constatar já desde os primeiros trailers, são as Hunter Arts, habilidades especiais que poderão mudar o combate e que serão de grande ajuda quando nos sentirmos mais «apertados».

Estes podem ir desde um ataque final especial no final de um combo até uma maior velocidade durante um certo intervalo de tempo, podendo ter vários usos. Cabe ao jogador saber gerir estas habilidades e saber quais as que se adequam melhor ao estilo de combate da sua classe (que depende diretamente da arma) e ao monstro e situação com que se estão a deparar.

Tal como o nome indica, Monster Hunter Generations não inicia exatamente uma nova geração de monstros neste universo, sendo mais uma versão definitiva dos jogos da série até à data, de maneira a atrair os que estão interessados em conhecer tudo o que foi sendo feito até agora, bem como para aqueles que querem reviver com nostalgia muitos dos momentos marcantes que fazem de Monster Hunter uma das melhores séries deste género.

Monster Hunter Generations Villages

Existem vários locais que podem visitar neste jogo, incluindo Bherna, uma vila completamente nova.

Isto não quer dizer que não tenha nada de novo. Monster Hunter Generations, para além das novidades nos combos dos ataques, da introdução de Hunter Arts e da possibilidade de jogar com um dos nossos companheiros felpudos tem ainda muito de novo, como por exemplo uma nova vila com um aspeto bastante diferente com personagens novos e igualmente carismáticos a povoá-la. O que aqui realmente significa afirmar que este jogo é uma versão definitiva e uma homenagem aos jogos da série até à data é que existem muitos dos monstros que antes figuravam em cada um deles, para além das respetivas vilas, que com certeza irão provocar nos jogadores mais experientes uma grande sensação de nostalgia.

Em termos de estrutura, Monster Hunter Generations não apresenta grandes alterações relativamente aos passados jogos da franquia, funcionando tudo praticamente da mesma maneira. As missões podem ser acedidas tanto a partir de uma conversa com um NPC na vila, como no «Gathering Hall» (tanto online como offline), o local onde podemos nos juntar localmente ou através da internet com outros caçadores de maneira a completar quer missões mais básicas, mas que se tornam mais divertidas em conjunto, quer missões exclusivas deste local, devido à sua dificuldade (que torna a vida de um caçador solitário muito mais difícil).

Juntem-se aos vossos amigos para sessões de grande diversão.

No que diz respeito ao combate, o deste jogo é essencialmente o mesmo de Monster Hunter 4 Ultimate (também exclusivo para a Nintendo 3DS), com a possibilidade, mais uma vez, de montar os monstros, mesmo os colossais, e de lhes causar grande dano, entre vários aspetos que foram novidade nesse jogo. A grande diferença está precisamente em alguns combos e armas novas, bem como na aparição das Hunter Arts, que muito ajudam a derrotar monstros mais poderosos.

Como poderão ter reparado, esta série está repleta de pormenores que se tornam cruciais em momentos mais avançados do jogo, pelo que é uma série em que é preciso dedicar um bom tempo de jogo até se interiorizarem as mecânicas. A curva de aprendizagem torna-se especialmente longa nesta série devido ao facto de não existir um tutorial detalhado (e porventura também um pouco aborrecido, mas necessário) de como funcionam as mecânicas do jogo.

Monster Hunter

Poderá demorar um bocado até conseguirem fazer movimentos como este.

Claro que também seria necessário ter em consideração os que já conhecem as técnicas e as peculiaridades da série, mas o tutorial poderia ser opcional, justamente para aqueles que nunca jogaram nada da série ou do género não se sentirem um pouco à deriva. Em todo o caso, penso que seria necessário um mecanismo que iniciasse de forma mais eficaz os novos jogadores e até mesmo os pouco experientes, uma vez que muitos poderão perder a curiosidade que têm na série devido a esta mesma dificuldade.

Outro dos pontos em que a série Monster Hunter brilha mais é na sua banda sonora, apresentando peças mais descontraídas, como a música ambiente da vila de onde partimos para explorar o desconhecido, até obras verdadeiramente épicas quando encontramos monstros perigosos e imponentes, não esquecendo, claro, o famoso tema principal da série e que, não importa quantas vezes o ouçamos, faz-nos sempre vibrar nos momentos de maior intensidade.

(Fiquem com um cheirinho do que poderão escutar neste jogo, crédito para o canal Monster Hunter OSTs por ter publicado o vídeo:)

Finalmente, gostaria de referir que Monster Hunter Generations é dos jogos com melhor aspeto disponíveis para a Nintendo 3DS, apresentando cenários detalhados como raramente se encontram nos jogos até agora lançados para a portátil da Nintendo. Mas não só os detalhes e as texturas, também as cores, a própria arte do jogo, a variedade de cenários etc. fazem deste jogo um dos melhores neste quesito. Mesmo o efeito 3D, tão negligenciado por grande parte dos lançamentos para a Nintendo 3DS, apresenta-se ao nível de jogos first-party como The Legend of Zelda: Ocarina of Time 3D ou Super Mario 3D Land.

Opinião Final:

Se são fãs da série Monster Hunter, com certeza adorarão Monster Hunter Generations, bem como revisitar vários dos locais que tornaram os anteriores jogos da série tão memoráveis. No entanto, se forem jogadores curiosos, terão de ter alguma paciência até compreenderem bem os básicos e aí sim, aventurarem-se em expedições mais arriscadas.

De qualquer maneira, é provável que fiquem rendidos à banda sonora, cenários detalhados, sentido de humor e jogabilidade viciantes desta série, de que Monster Hunter Generations é mais um lançamento que em nada desilude.

Do que gostamos:

  • Estilo artístico, diversidade de cenários e efeito 3D bem trabalhado;
  • Banda sonora épica;
  • Batalhas épicas contra monstros colossais;
  • Várias missões com várias dificuldades;
  • Monstros e vilas dos vários jogos;
  • Variedade de estratégias que se podem tomar;
  • Hunter Arts e de jogar como um Felyne.

Do que não gostamos:

  • Falta de alterações na estrutura base da série;
  • Vida pouco facilitada para novos jogadores.

Nota: 9/10