Análise – Nioh – O Final do Conflito

DLCs sempre trazem consigo muitas dúvidas e sentimentos diversos, principalmente porque houve um período no qual basicamente traziam conteúdos cosméticos ou que simplesmente poderiam já estar no jogo, mas não estavam, simplesmente para gerar lucros adicionais aos estúdios. Esta mentalidade começou a mudar nos últimos anos e o sentimento que antes era de revolta, hoje em dia é um misto de alegria e tristeza, já que aquele conteúdo irá novamente levar-nos a um universo pelo qual estamos apaixonados, mas , ao mesmo tempo, poderá ser a sua última experiência com ele.

É exatamente nessa situação que se encontram neste momento os fãs de Nioh, que após dois conteúdos adicionais de grande qualidade, receberam no passado dia 26 de setembro o terceiro e último capítulo de um arco que partilha o mesmo universo da história principal, mas que figura William Adams a lidar com novos desafios.

O Final do Conflito”, como o próprio nome já indica, marca o fim do Cerco de Osaka, com William Adams a enfrentar as últimas forças que se opõem a Tokugawa Ieyasu. Assim como nas DLCs anteriores, é possível iniciar esta nova aventura logo após se ter concluído a história principal do jogo original, porém, não é nada indicado que o façam, já que o nível mínimo exigido é de 217.

Como já é habitual no jogo, este novo capítulo também é dividido entre missões principais, secundárias e crepusculares, oferecendo um total de três missões principais e nove missões secundárias. A principal diferença, logo ao início, é que ao contrário de o “Dragão do Norte” e “Honra Desafiante”, onde éramos levados a uma nova região, nessa DLC voltamos à região de Osaka, após alguns meses de paz, com William e os seus aliados a finalmente tentarem estabelecer a paz definitiva na região e acabar com o banho de sangue que está a decorrer desde o início do conflito. Em “Honra Desafiante” os jogadores estavam em plena Campanha de Inverno, enquanto que em “O Final do Conflito” estamos no verão, em maio de 1615, e aqui novamente Nioh avança numa linha ténue entre a realidade histórica e a mitologia, com demónios e guerreiros mágicos.

Esta DLC marca ainda a reunião de antigos aliados, com personagens como Date Masamune, Yukimara Sanada e Hanzo Hattori a regressarem para lutar pelo mesmo objetivo de William, muitas vezes em situações onde iremos realmente lutar lado a lado com eles. Além disso, não vamos entrar em detalhes (obviamente para não estragar as surpresas), mas William Adams não está nesta missão apenas por Osaka. Uma profecia ligada a Hanzo também o preocupa e é justamente graças a ele que iremos vivenciar um dos momentos mais épicos para os fãs deste jogo da Koei Tecmo.

A nível de inimigos, esta DLC continua muito bem servida, com alguns inimigos já conhecidos a regressarem, para além de novos inimigos a fazerem a sua estreia – os quais rapidamente vão aprender a odiar, principalmente o novo Yokai que foi adicionado e que faz uso de maneira bem agressiva dos seus quatro braços. Os bosses também não deixam a desejar, com especial destaque para o último desafio, que mais uma vez não iremos entrar em detalhes para não estragar a experiência. Assim como grande parte da história japonesa já nos habituou, nem todos são realmente  vilões, alguns tornam-se reféns das suas próprias ideologias.

Normalmente deixamos na nossas análises uma conclusão final justamente na última parte do texto, mas é importante abrir uma exceção para olhar numa perspetiva geral toda a história que nos é apresentada pela Team Ninja desde fevereiro deste ano.

Quem leu a nossa análise do jogo principal, com certeza se lembra de ter sido mencionado que Nioh, apesar de ir buscar inspirações a Dark Souls, conseguiu encontrolar uma identidade própria, e é justamente isso que ao olhar como um todo para esta história, ao finalizar esta última DLC, foi possível sentir. «O Final do Conflito» mostra bem aquilo com que a Team Ninja se comprometeu a entregar desde o lançamento do jogo: algo que revoluciona por colocar o jogador no meio de um conflito real, num período real, com personagens reais, momentos tristes, felizes, engraçados, e onde a vitória e a derrota andam lado a lado, ao mesmo tempo que apresenta um universo cheio de magias, demónios, espíritos e mitologias. Nioh oferece ao jogador a nível de história, muito mais que um simples jogo. É, na verdade, uma aula em que qualquer fã da cultura japonesa deve sem dúvida alguma mergulhar. Não é um jogo para todos, com certeza, seja pelo seu desafio ou pelo facto de nem sempre prender a todos na sua história, devido a este foco na cultura japonesa, mas é um jogo que merece uma oportunidade.

Para aqueles que já estavam a sentir-se tristes por este ser o último conteúdo… adiantamos desde já que a história não é fechada em definitivo nesta DLC. O final deixa pontas soltas para uma possível sequela, que com toda certeza acontecerá, já que este foi um dos grades sucessos da PlayStation 4 em 2017, restando apenas a dúvida de quando exatamente será anunciada.

Após finalizar estas considerações sobre a história, vamos finalmente para uma das grandes novidades que “O Final do Conflito” trouxe: o Modo Abyss. Este modo não possui ligação à história e nem a uma região específica, funcionando mais como uma torre de desafios, onde o jogador poderá enfrentar bosses enquanto continua a subir os níveis dessa “torre”.

Porém, ultrapassar estes desafios não será nada fácil. Ao entrar no modo, o jogador irá levar com no mínimo quatro status negativos (no decorrer do desafio, este número irá aumentar mesmo que não seja mostrado diretamente). Estes status são representados por quatro cores diferentes (azul, amarelo, branco e vermelho) e logo no início do modo haverão quatro barcos com as cores respetivas, ou seja, para que estes status negativos sejam retirados, o jogador terá que entrar num dos barcos e “limpar por completo” as suas áreas. O jogador poderá assim ficar envenenado, com redução na recuperação de ki, os inimigos poderão receber um bónus de ataque, defesa, entre outros status que irão prejudicar o jogador durante todo o momento em que estiver dentro deste modo. Retirar esses status é algo totalmente opcional e é muito provável que ao início o jogador consiga derrotar o boss mesmo envenenado, por exemplo, já que provavelmente estará num nível considerável em relação a esse boss. No entanto, mais adiante isso irá mudar e o jogador será forçado a retirar esses status em pelo menos uma das áreas.

Porém, nem tudo é punição neste modo. De maneira até a compensar o jogador por todas as horas dedicadas desde o início, ter feito a pré-reserva do jogo e/ou ter jogado a alfa e demo, será possível corromper armas e armaduras de qualquer nível ao entrar no Modo Abyss e utilizar um item recebido dentro dele. Ao fazer isso, o item perde todos os seus status e atributos e ganha um contador de quão corrompido está. À medida que o jogador avançar nos níveis desse modo, a arma ou armadura também irá subir um nível, e ao chegar a três pode ser convertida ao sair do Modo Abyss numa arma ou armadura Etérea. Desta forma, o jogador poderá por exemplo apanhar o set do Sanada (exclusivo para quem fez a pré-reserva) e voltar a jogar com ele agora na forma Etérea, uma excelente adição que irá permitir ao jogador voltar a utilizar aquela arma ou armadura a que tanto tempo dedicou, mas foi forçado a abandonar durante a jornada devido a esta não estar num nível adequado aos novos desafios. Entretanto, convém ter cuidado com aquilo que irá corromper, já que ao entrar no Modo Abyss não apenas as suas Amritas vão estar ligadas ao seu Espírito Guardião, como essa arma ou armadura também estará. Assim, se o jogador morrer sem conseguir o recuperar, tanto as Amritas como a arma/armadura serão perdidas para sempre.

Esta DLC também traz dois novos Espíritos Guardiões, duas skins de personagens para que o jogador possa assumir a aparência de Toyotomi Hidenori e Maria, além de um novo nível de dificuldade, novas habilidades de armas, ninjutsus e onmyo. Infelizmente para os jogadores que são apaixonados por novas armas, essa DLC não trouxe nenhuma novidade.

Opinião final:

“O Final do Conflito” marca o fim de um arco de uma história paralela, que se iniciou em “Dragão do Norte” em maio de 2017, mas marca necessariamente o fim da história de William Adams, com indícios claros de que podemos esperar por uma sequela no futuro. A Team Ninja mostrou que em menos de um ano conseguiu não apenas lançar um dos melhores RPGs do ano, como também um arco dividido em três capítulos que trouxeram consigo novos inimigos, armas, personagens, níveis de dificuldade, Espíritos Guardiões… e talvez o principal de tudo: conseguiu criar uma comunidade unida com o mesmo objetivo de mergulhar de cabeça num universo rico em conteúdo e ajudar aqueles que ainda estão a dar os primeiros passos.

Esta última DLC é o culminar de um grande arco e da lenda de William Adams, não trazendo grandes mudanças no seu estilo. Ao invés disso, mantém-se fiel à sua proposta inicial, de oferecer um último respirar, mesmo que temporário a aquele que é um forte concorrente a melhor RPG de ação de 2017. Oficialmente, este promete ser o ultimo conteúdo inédito que será lançado para Nioh, porém com uma nova dificuldade e o Modo Abyss, que oferece desafios ilimitados, dificilmente iremos ver este jogo a “morrer” tão cedo.

O Final do Conflito” já está disponível e pode ser adquirido separadamente, por 9.99€, ou através do Season Pass, por 24.99€.

Do que gostamos:

  • O culminar de um arco cheio de emoções, sangue e principalmente uma combinação perfeita entre realidade e mitologia;
  • Modo Abyss prolonga ainda mais o jogo, além de oferecer um recurso único que permite dar uma nova vida a armas e armaduras antigas;
  • Um maior número de missões comparado com as duas primeiras DLCs;
  • Uma exploração mais vertical do cenário;
  • Apesar de regressar a Osaka, local da segunda DLC, não iremos encontrar o mesmo design, o que permite ao jogador ter uma sensação de estar num local totalmente diferente.

Do que não gostamos:

  • Ausência de uma nova arma;
  • Falta de uma maior variedade de inimigos novos.

Nota: 9,5/10