Análise – Not a Hero: Super Snazzy Edition

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Há muito tempo que a Política é uma das bases para dominação, seja de um país, de um continente ou até globalmente. A Roll7, depois de OlliOlli, o jogo 2D de skate, quis mudar um pouco de tema abandonando assim a execução de truques em prol da execução de assassinatos. Eis que surgiu Not a Hero. Um jogo baseado numa altura em que um sujeito de nome BunnyLord (nome atribuido devido à mascara e orelhas de coelho) que diz ser um viajante do tempo vindo do ano de 2048 que tem de ser eleito Presidente da Câmara, pois só assim poderá evitar-se um desastre nuclear. E como conseguirá isto? Através de uma campanha honesta mas com promessas vazias? É claro que não: juntar uma equipa de assassinos para livrar a cidade de todo o crime pois claro.

Esta é praticamente a única informação que obtemos no início do jogo, pois enquanto pensamos que estamos a ter discursos cheios de humor por parte do nosso candidato, no minuto seguinte estamos no telhado de um prédio numa missão para “limpar o sebo” a uns quantos gangsters russos. Tudo em prol da crescente popularidade de BunnyLord e do objetivo final que é de ganhar as eleições. Engane-se quem julga este jogo pela aparência pois de bonitinhos os menus iniciais só chegam a isso. Aqui teremos, além do enredo contado com constante humor com mais ou menos sucesso, muitas mortes e palavrões e ações menos próprias, obviamente mascaradas, para quem pretende ser Presidente de uma cidade.

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A seleção de todas as nossas 9 diferentes personagens. Steve é o primeiro disponível.

Ao nosso dispor, ou melhor dizendo: ao dispor de BunnyLord teremos 9 personagens, cada um com os seus atributos, começando por Steve que gosta de escorregar e usar a sua pistola para matar pelo seu chefe, passando por Ronald Justice, um Zé-ninguém armado em Super-Herói, até Jesus que corre bastante rápido, ou até Cletus, um típico labrego armado com uma caçadeira. Teremos então de tentar suplantar 21 níveis para tentar com que BunnyLord seja eleito. Afinal, o futuro do planeta Terra depende disso. Aparentemente. Antes de cada nível somos brindados (sendo sempre acompanhado de algum humor) com um briefing a explicar o porquê de termos de matar tanta gente. Desde acabar com gangues até recuperar tartarugas que seriam para oferecer a alunos irritantes de uma escola qualquer. No final do nível temos BunnyLord a nos laudear pelo sucesso.

A jogabilidade aqui baseia-se em jogos de mecânica de esconder e disparar, incluindo um pouco de escorregar para ajudar a livrar-se dos inimigos, um pouco como o jogo da Platinum (Vanquish) tinha. É bastante fluída e entusiasmante ao ponto de chegar a ser viciante. Pode dizer-se que a mecânica está bem aplicada e ajustada a todos os personagens. A adicionar a isso temos em cada nível vários desafios secundários, os quais sendo completados dão mais bónus na pontuação final o que torna além da frustração de reiniciar várias vezes (já vamos a esse assunto) um desafio extra que torna o jogo muito mais interessante do seria se fosse apenas para completar cada nível cumprindo o objetivo principal, o qual pode ser feito na mesma.

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A qualquer momento durante o jogo conseguimos ver quais os desafios secundários e se já os cumprimos.

Ao progredir no jogo, aos poucos aprende-se que este é mais do que apenas um “dispara, corre e esconde” em 2D. Os inimigos, por exemplo, variam em animações e movimentos e formas de disparar ou atacar. Enquanto que alguns podem simplesmente ficar algo passivos no seu lugar e sair da proteção para disparar, outros não se dão por rogados e vêm mesmo à nossa caça por vezes até obrigando-nos a sair do sítio onde estamos escondidos ou protegidos. Cada nível contém um certo número destas variações de inimigos e aprender os seus padrões e minimamente o sítio onde se encontram é uma tarefa para os mais corajosos se quiserem ter o maior sucesso possível na pontuação final. Conseguir atravessar por uma dúzia ou mais inimigos disparando, rebolando, escorregando e se desviando nas alturas certas é algo muito satisfatório como em poucos jogos acontece.

Ainda para mais, podemos encontrar ao longo dos níveis, novas armas de munição limitada porém poderosa, além de granadas especiais. Munições como o Nadeshot apenas estoiram os inimigos por completo enquanto que há outras como lasers que fazem ricochete pelas salas não dando quase hipóteses algumas aos inimigos. Não convém recarregar pois ao fazer isso as balas voltam ao normal. Importante será dizer que o nível de popularidade de BunnyLord aumentará ainda mais se completarmos, além do principal, mais desafios secundários possíveis, sendo que alguns deles envolvem apanhar todas as armas especiais presentes no nível ou matar um certo número de inimigos num determinado tempo e estas munições especiais são muitas vezes cruciais no cumprimento destes desafios. Além do mais, novos personagens dependem do nível de popularidade de BunnyLord para serem desbloqueados.

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Em alguns níveis a nossa tarefa é a de matar o chefão das quadrilhas.

O jogo tem um aspecto muito típico do estúdio com o pixelizado estilizado e retro a estar na ordem do dia. No entanto existe a diferença entre o look retro com pixeis e o look retro pixelizado bem utilizado, como já visto em jogos tais como Dungeon of the Endless, e este Not a Hero está na segunda categoria. Apesar de alguma repetitividade nos níveis e inimigos é difícil ficar indiferente ao estilo visual. A nível sonoro temos também uma boa banda sonora e efeitos de som mas nada de muito transcendente.

Em relação a notas menos boas incluem-se o nível de dificuldade que pode por vezes frustrar um pouco em termos de algumas mecânicas antiquadas tais como se morrermos temos de começar o nível todo desde o início. Aqui não existem pontos de gravação a meio do nível. Outra é o facto de o recarregamento da arma não ser automático sendo esse trabalho entregue ao jogador cada vez que o clipe fica vazio. Apesar de parecer ser algo insignificante faz alguma diferença, especialmente nos inícios quando não estamos habituados. Finalmente temos a ausência de qualquer modo de multijogador. Compreendendo que online seria algo difícil de implementar, um modo cooperativo local ao menos seria uma boa adição que com alguma pena nunca terá sido opção do estúdio.

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Os níveis extra com BunnyLord são fantásticos.

Por fim, e de nota digna de menção é a inclusão de novos níveis exclusivos nesta versão Xbox One. Nestes níveis controlamos uma personagem nunca antes possível: o próprio BunnyLord. Nesta expansão temos três níveis especiais e com desafios extra especialmente desenhados para o uso desta personagem central do jogo. Outra situação específica é a de podermos comprar o jogo com desconto se comprado em conjunto com o outro jogo do estúdio, Olli Olli 2 que analisaremos muito em breve.

Opinião final:

Not a Hero: Super Snazzy Edition é a versão definitiva deste jogo já lançado em 2015 para a PS4 e PC. Além de manter toda a jogabilidade viciante, mantém também a sua dificuldade de estilo clássico que pode não ser para todos mesmo que definitivamente contribua para o seu charme. Jogando para terminar os níveis levamos algumas horas, terminá-los e completar os desafios é outra história. De lamentar um pouco a ausência de um modo de gravar a meio dos níveis e de um modo cooperativo, ao menos que local, que parece-me que seria bem interessante e divertido. Um jogo obrigatório, especialmente para os amantes do género e a versão definitivamente a escolher para quem ainda não o jogou em outra plataforma.

O que gostamos:

  • Jogabilidade viciante e divertida;
  • Possibilidade de desbloquear personagens diferentes;
  • Desafios secundários conferem longevidade;
  • Jogar com BunnyLord é fantástico;
  • A melhor versão de Not a Hero.

O que não gostamos:

  • Alguma repetitividade de alguns níveis;
  • Sem modo online;
  • O humor não é 100% na mouche;
  • Ausência de modo multijogador cooperativo.

Nota: 8,5/10