Análise – Persona 5

Persona é uma série de videojogos do género RPG desenvolvida pela Atlus. Esta série começou originalmente como Shin Megami Tensei: Persona, actuando como um spin-off da famosa série Shin Megami Tensei, apresentando um cenário what if da série principal, tendo sido bastante aclamada pelos fãs. Devido a este sucesso, a Atlus decidiu então separar ambas as séries.

A temática de Persona situa-se sempre em torno de uma escola secundária, frequentada pelo protagonista do jogo, que irá despertar para a sua Persona através de certos incidentes,  desvendando assim uma dimensão paralela à realidade. E embora os objetivos dos jogos variem, as temáticas são sempre as mesmas: criar laços de amizade com diversas pessoas para aprofundar as habilidades das Persona e desvendar os mistérios da dimensão paralela, aniquilando as Sombras (ou Persona) de pessoas corruptas (através de um sistema de batalha por turnos). Cada “capítulo” irá ser dedicado a um certo alvo, que teremos de eliminar dentro de X dias. Ao termos conhecimento dessa deadline, o jogo entrega-nos diversas possibilidades e escolhas para efetuarmos no tempo disponível, tendo cada uma delas recompensas e consequências.

A escola escolhida para Persona 5 é Shujin Academy.

Akira Kurusu, o protagonista de Persona 5, é um jovem silencioso com um senso de justiça enorme. Certo dia, Kurusu vê uma mulher a ser assediada por um homem e corre para a ajudá-la num impulso instintivo, deixando o sujeito a sangrar e a rogar que iria processá-lo. E assim foi, Kurusu obteve um registo criminal e foi expulso da sua escola, estando em liberdade condicional devido à sua idade. Kurusu viu-se assim obrigado a mudar de cidade e de escola, registando-se assim finalmente na Academia Shujin, a única escola que o poderia aceitar.

É nesta escola que Kurusu descobre como entrar no Metaverse (devido a uma aplicação no seu smartphone), uma dimensão paralela à realidade onde os humanos mais corruptos têm, inconscientemente, um palácio que retrata a sua visão e as suas acções no mundo humano. Esse palácio é comandado pela sua respectiva sombra/Persona que controla as sombras do respectivo palácio, sombras estas que são o equivalente às personalidades dos humanos e são facilmente corrompidas em palácios. Ao explorar acidentalmente um destes palácios, Kurusu descobre como controlar uma destas sombras, tornando-se esta na sua Persona, e será com este poder que Kurusu funda o seu grupo de ladrões, os Phantom Thieves of Hearts, na promessa de enfrentar as pessoas mais corruptas da cidade e obrigá-los a se redimirem.

O protagonista de Persona 5 terá Arsene como Persona principal.

Persona 5 destaca-se dos restantes da séria pelas ações implementadas nas secções dos palácios, onde poderemos utilizar várias partes do cenário para nosso benefício, utilizando movimentos acrobáticos com o objetivo de despistar os guardas enquanto se cria uma rota de infiltração até ao “tesouro” do palácio e até confrontarmos o dono deste. Os palácios estão cheios de armadilhas, mini-bosses e objetos enquadrados na temática dos donos, exigindo que os jogadores planeiem bem, consoante o tempo restante, como irão lidar com os diversos obstáculos e inimigos até chegar ao “tesouro”.

Quando Kurusu e os seus aliados entram na Metaverse, as suas roupas são automaticamente modificadas, personificando as Personas que estes utilizam (embora o protagonista possa utilizar vários Personas) e cada um utiliza uma máscara para controlar a sua respetiva Persona.

A máscara de Kurusu é diferente da dos restantes, já que este pode utilizar vários tipos de Personas que encontra nos palácios e que gere depois na Velvet Room. A Velvet Room de Persona 5 é uma prisão que representa os sentimentos de Kurusu face à realidade, o que mostra as consequências emocionais de se encontrar em liberdade condicional e de ser alvo constante de falsos rumores e maus tratos pela sociedade. Igor está de volta com o seu sorriso sombrio, denominando-se agora de “chefe da prisão Velvet Room“, e fará de tudo para que a reabilitação do coração de Kurusu seja bem sucedida, fornecendo-lhe dicas e funcionalidades vitais para gerir as Personas, tal como fusão – onde poderemos sacrificar 2 ou mais Personas a troco de uma mais forte (esta poderá adquirir algumas habilidades das Personas fundidas e usufruir do boost de exp que a respetiva Arcana oferece) -, registo de Personas e aquisição de Personas que se encontram registadas.

Estas duas últimas funcionalidades são oferecidas pelas ajudantes de IgorCaroline Justine, duas irmãs que estão encarregadas de ajudar na reabilitação de Kurusu, fornecer informações sobre as origens das sombras e das Personas, etc. São elas que fornecem as portas para a Velvet Room e poderão criar uma relação com Kurusu, fornecendo habilidades para a Arcana Strength, enquanto que Igor fornece habilidades para a Arcana Fool.

Igor está de volta, acompanhado por 2 ajudantes.

As Arcanas são os laços de amizade que Kurusu cria com os seus aliados e personagens auxiliares específicas, baseando-se no formato de cartas de Tarot. Cada Arcana corresponde a uma espécie de classe para as Personas, que poderemos aumentar conforme as interações que temos com a respetiva personagem, assim obtendo boosts de experiência quando fundimos Personas da respetiva Arcana e habilidades essenciais para infiltração e combate.

Estas habilidades serão muito úteis e poderão ser utilizadas tanto na exploração da Metaverse ou nos combates. Um exemplo de uma habilidade de exploração é o “Third Eye“, uma espécie de sexto sentido que permite a Kurusu ver o nível dos inimigos, onde se encontram, itens escondidos, passagens secretas e o grau de alarme em que o palácio se encontra.

As habilidades  oferecidas durante os combates podem oferecer resistências e ataques consecutivos, tal como o Follow Up, que permite um ataque crítico seguido ao ataque do protagonista. Mas a habilidade mais importante que obtemos para utilizar durante os combates é a possibilidade de comunicação com as Sombras quando estas estão enfraquecidas, prometendo misericórdia a troco de dinheiro, itens ou da sua lealdade, esta última irá questionar-nos para decidir se quer tornar-se numa Persona de Kurusu ou não. Caso não consigamos convencê-la, ela irá atacar-nos, sendo que por vezes nem precisamos de chantagem para conseguirmos ter acesso a estas três opções, basta ser impiedoso e ter sucesso nos ataques que fornecemos. Caso a sombra não nos interesse, podemos simplesmente terminar com ela através de um All-Out Attack, em que todas as personagens atacam simultaneamente os inimigos.

As questões que as sombras nos fornecem são ridiculamente engraçadas.

Os combates não tiveram grandes mudanças, no entanto, aparte das habilidades que as Arcanas fornecem, existe uma outra novidade interessante: as armas de fogo. Nos Personas anteriores apenas se poderia utilizar os poderes das Personas e ataques físicos para inflingir dano aos inimigos, agora é possível utilizar várias armas de fogo, uma para cada personagem. O sistema de batalha continua a ser por turnos, permitindo ao jogador dar ordens directas a todas as personagens: disparar armas de fogo, utilizar itens (para fornecer resistências aos elementos, curar pontos de vida e aumentar os pontos de magia/sp), infligir dano físico, usufruir das magias das Persona, analisar o inimigo ou proteger-se.

Tudo isto aliado a gráficos com um estilo cartoonista bizarro e uma das diversas músicas de Jazz que Shoji Meguro nos fornece, ambientando a cidade Tokyo com uma mistura fenomenal de personagens a executar várias tarefas para nós interagirmos. Existem inúmeras tarefas que poderemos realizar: cinema, bowling, ler, treinar o corpo, desafiar os hamburguers gigantescos da Bing Bang Burguer, entre outras actividades que têm o objectivo de aumentar as estatísticas sociais da nossa personagem (Conhecimento, Charme, Coragem, Bondade e Proficiência). Estas estatísticas irão ser vitais para várias escolhas que teremos de efetuar durante o desenrolar da história, tal como nos exames da escola ou nas tarefas para aumentar o rank das Arcanas, e todas estas atividades consomem tempo, obrigando o jogador a escolher bem o que fazer com o tempo depois das aulas, as únicas tarefas que não consomem tempo destinam-se à compra e venda de acessórios para os Palácios Mementos.

Ao contrário dos antecessores, em Persona 5 existem 2 formas de aceder à Metaverse: através dos Palácios dos nossos alvos; ou através do fórum Phan-Site, onde diversas pessoas fornecem alvos secundários com o intuito dos Phantom Thieves of Hearts modificarem esse mesmo alvo. Ao contrário dos Palácios, estes alvos estão localizados em Mementos, um aglomerado de estações de metro e carris divididos em níveis, relembrando os mapas de Persona 3. Nos Mementos não iremos utilizar as nossas personagens para exploração, mas sim um autocarro pertencente a uma certa personagem, modificando o estilo a que nos habituámos nos Palácios. Teremos inúmeras estações para explorar e nenhuma dessas localizações é fixa. Mesmo que voltemos à mesma área, esta será um espaço totalmente diferente, sendo o único factor que não modifica o fatídico aparecimento do Reaper, caso estejamos muito tempo na mesma área, que é mais uma das particularidades que estavam presentes na torre de Persona 3.

Cuidado com a morte!

Opinião final:

O 5º capítulo da série Persona conseguiu elevar a essência da série ao introduzir uma temática rebelde e versátil ao estilo de Robin Hood, oferecendo pela primeira vez uma liberdade sem igual no que podemos fazer nos palácios, podendo ir pelo modo furtivo (permitindo acções como esconder, emboscadas e movimentos acrobáticos fenomenáis para evitar armadilhas e inimigos em redor dos locais). Persona 5 é o primeiro da série a conseguir entregar um equilíbrio perfeito com uma experiência colorida, humorística e bizarra, sendo um jogo obrigatório para quem gosta do género JRPG.

Do que gostamos:

  • História empolgante e interessante;
  • Personagens carismáticas e cheias de personalidade, adequada a cada Arcana a que pertencem;
  • Implementação da dimensão paralela Mementos, abrindo portas a missões secundárias e exploração;
  • Banda sonora cativante, rítmica e adequada aos temas;
  • Mapas cheios de vida e pormenores interessantes, cheios de actividades para o protagonista realizar;
  • Gráficos adequados ao tema do jogo, implementando os sentimentos adequados a cada parte dos mapas devido aos contrastes e às personagens que aparecem;
  • Detalhes humorísticos durante as batalhas, fornecendo um clima rebelde.

Nota: 10/10