Análise – PlayerUnknown’s Battlegrounds

Já há algum tempo que o jogo inspirado no filme do ano 2000, Battle Royale, anda a causar sensação e a bater recordes, tanto em número de jogadores, como também até em audiências de streamers. O jogo tomou o mundo de surpresa e neste momento trata-se de provavelmente o mais falado no mundo dos videojogos. O jogo provém de mods (modificações) de outros jogos e, sendo lançado em Março de 2017 na condição de Acesso Antecipado (Early Access) da plataforma Steam, foi oficialmente lançado na mesma plataforma muito recentemente, no dia 20 de Dezembro, chegando mesmo a terminar o ano com 24 milhões de cópias vendidas.

Nesse mesmo mês de Dezembro o jogo foi lançado em exclusivo (provavelmente temporário) para consolas na máquina da Microsoft: a Xbox One através do programa Xbox Game Preview (uma espécie de Steam Early Access para a consola) para regozijo de muitas pessoas. Desde então também tem vindo a bater alguns recordes ou apresentando números impressionantes, tais como um milhão de cópias vendidas em apenas três dias. O jogo está a ser trabalhado por uma equipa diferente, mas com ajuda provinda de estúdios como Microsoft Studios ou até mesmo a The Coalition, mais conhecida por Gears of war 4. Será que esta versão de consola consegue equivaler aos níveis de entusiasmo da sua “irmã mais velha”?

Em partes o jogo até promete bom aspeto.

Player Unknown’s Battlegrounds (ou PUBG) trata-se de um jogo exclusivamente para ser jogado online contra outros jogadores. O objetivo é muito simples (ou pelo menos aparenta ser) e implica que, a solo ou em equipa, um grupo de até 100 pessoas sobrevoando uma ilha de avião têm de se atirar e, ao chegar a terra, procurar equipamentos e munições – entre outras coisas – para tentar matar os outros jogadores e ao mesmo tempo sobreviver. À medida que o tempo passa, a área de jogo vai encolhendo circularmente na medida em que quem ficar de fora do círculo sofre danos graves, forçando assim os jogadores a se encontrarem e confrontarem em uma área cada vez mais restrita. Ganha a equipa, ou o jogador, que ficar vivo no final.

Cada ronda pode ser planeada com mais ou menos estratégia e o que provavelmente torna o conceito mais brilhante, ou viciante, é a forma de abordarmos esta mesma estratégia, havendo muito de tudo para todos os gostos dos jogadores. A estratégia começa logo de início ainda em pleno voo, onde o jogador pode decidir saltar logo para tentar encontrar armas e equipamento o mais rápido possível, porém arriscando a possibilidade de cair em uma zona afastada do centro do círculo, ou então aguardar um pouco e tentar saltar para uma área mais central abdicando um pouco da segurança de alguém já ter apanhado armas antes.

Sugestão muito útil: encontra um veículo sempre que puderes!

Depois há uma grande variedade de armas e equipamentos, como capacetes, coletes, bebidas energéticas, mochilas que aumentam capacidade de levar mais coisas, caixas de primeiros socorros e muitos mais (incluindo munições e miras ou melhoramentos para as armas) espalhados aleatoriamente pelo mapa. Toda esta incerteza é o que causa com que cada jogo seja sempre uma incógnita cheia de adrenalina, especialmente mais para o final de cada ronda, onde apenas 10 a 15 jogadores se encontram restringidos a uma pequena área e a tensão é enorme.

Para ajudar na constante sensação de urgência, como já mencionado, a área de jogo a cada poucos minutos, primeiro encolhe os limites marcadores (alertando aos jogadores onde se encontra a nova área segura) e depois a área de perigo em si começa mesmo a encolher, com uma linha azul indicadora, havendo um tempo limite até chegar ao marcador inicial para iniciar uma nova contagem para um novo “encolhimento”. Muitas vezes damos por nós mais a lutar contra o tempo e contra essa área cada vez mais pequena do que contra os restantes jogadores, sendo que, ao nos dirigirmos para a zona segura, podemos passar por alguma casa e vamos arriscando cada vez mais se pararmos para explorar o seu interior. Existem também veículos como motas, carros e sidecars espalhados pelo mapa que facilitam essas escapatórias.

A ilha onde a batalha se passa é bem extensa.

Além de tudo isto, certas zonas do mapa em alturas também aleatórias ficam marcadas por um círculo vermelho temporário. Estas são zonas que nos segundos seguintes são bombardeadas. Quem se encontra nessas zonas, a única solução é mesmo procurar abrigo ou o jogo acaba ali. De vez em quando passa um avião e deixa cair um pacote com entregas. Nestes pacotes normalmente encontram-se armas ou equipamentos muito raramente encontrados no mapa, mas há o senão de, se o viste, outros também, e o fumo vermelho a denunciar a sua localização só ajuda em aumentar o perigo de tentar chegar aos seus conteúdos preciosos, porque outros com certeza irão aparecer em seu encalce.

O jogo é, de facto, extremamente entusiasmante de se jogar, porém ainda mais com amigos. Aí a estratégia mistura-se com as habituais discussões e incertezas. Com os gritos e festejos e a adrenalina multiplica-se entre risos, choro e glória. De nota será dizer que o jogo pode ser jogado na 1ª ou 3ª pessoa, tal como nos Star Wars Battlefront, por exemplo. Em relação ao coração do jogo, está lá tudo, comparativamente à versão para PC, no entanto é aqui que terminam as equivalências.

Todas as batalhas começam sempre com um salto de avião.

Em termos de performance, PUBG na Xbox One deixa a desejar, tenho de ser sincero. O jogo demora a carregar muitas texturas e os visuais estão algo fracos, estando ainda consideravelmente aquém da versão PC. A deteção de tiro também precisa de alguns ajustes e já encontrei algumas vezes pessoas simplesmente “presas” em partes de cenários ou a atingir de repente “paredes invisíveis”. De facto, esta versão Xbox está ainda a precisar de muito trabalho, sendo contudo de louvar que em menos de um mês de lançamento (e tendo em conta que o jogo está em fase de desenvolvimento ainda) a equipa já lançou pelo menos quatro atualizações que melhoraram bastante a experiência de jogo comparativamente ao primeiro dia. Visualmente inclusive.

Devo dizer ainda que o testei na Xbox One X, por isso em termos de performance está uns furos acima da Xbox One normal pois tenho visto muitas queixas de situações que nunca ocorreram na minha experiência pessoal com o jogo. Atualmente, o jogo está muito mais jogável e suavizado e continua a proporcionar tanta ou mais diversão como desde o lançamento. É algo de especial conceber a nossa própria tática (nunca tinha visto alguém fazer) e esta resultar dando azo a resultados hilariantes. É claro que não a vou revelar.

A mensagem de glória pela qual 100 jogadores anseiam no final de cada partida.

Opinião final:

Neste momento, PUBG na Xbox é um diamante em bruto. Muito em bruto, para ser sincero. É notório que ainda precisa ser feito muito trabalho para chegar ao nível da versão PC, mas o esforço nesse sentido também já se fez notar com alguns melhoramentos consideráveis, especialmente em termos de performance, mesmo que esta ainda esteja algo deplorável em certas alturas, como no início dos jogos. O que é mais brilhante é que mesmo parecendo um jogo de gerações anteriores, não deixa de ter “aquele pósinho mágico” de que muitos jogos precisam: diversão. E esse é um ingrediente que contém e fica de sobra.

Do que gostamos:

  • Do mais importante que queremos num jogo: divertimento puro;
  • Possibilidade estratégica extensiva;
  • Muita variedade de armas e equipamento;
  • Extremamente viciante, especialmente sendo jogado com amigos.

Do que não gostamos:

  • Precisa ainda de muita optimização;
  • Perdas de frames;
  • Texturas em partes parecem de gerações anteriores;
  • Lag presente, mas mais no início do jogo.

Nota: 8/10