Análise – Ratchet & Clank

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Já se passaram 14 anos desde que a famosa dupla da Insomniac Games, Ratchet & Clank, se estreou na PlayStation 2 e, desde então, vem maravilhando os fãs com títulos cheios de acção e momentos cómicos. Agora, em 2016, a Insomniac resolveu voltar às origens da série e começar tudo de novo, com uma “reimaginação” do jogo original  e com um novo filme, que estreia dia 29 de Abril.

Ratchet & Clank tem agora duas versões, cada uma com as suas peculiaridades, sendo elas a do filme, que supostamente é a verdadeira, e a do jogo, que é narrada, de maneira humorística pelo ilustre Capitão Quark.

Depois de encontrarmos o Capitão Quark, iremos ser “transportados” para a pele do nosso herói, Ratchet, no seu dia-a-dia no planeta Veldin, onde trabalha em uma garagem, com o seu mentor Grimroth (logo aqui vemos uma grande mudança, pois Grimroth não estava presente no jogo original e a garagem pertencia a Ratchet). Como no original, Ratchet sonha em se aventurar no espaço, e a “chave” para isso é o encontro com o robô defeituoso a que dá o nome de Clank.

A aventura deste duo heróico começa em Veldin, onde podemos verificar várias mudanças, tanto em termos de história como em termos gráficos e de “locais”, como algumas arenas adicionadas devido à história, e remoção de algumas partes que tinham a ver com os blargues. No entanto, irão encontrar várias partes nostálgicas, tal como a garagem de Ratchet, os canais de Novalis e o local onde nos encontramos com o presidente, o comboio de Kerwan ou o laboratório de Gaspar, os famosos esgotos de Rilgar e as pestinhas verdes, entre várias outras coisas nostálgicas cuja presença neste jogo era obrigatória. Em Ratchet & Clank irão explorar diversos planetas, totalizando mais de 15, cheios de missões, objectos coleccionáveis, e muita adrenalina com gráficos espantosos e com um sistema climático dinâmico em que tanto pode nevar como não haver sol nem claridade, ou podes até estar presente num planeta em estado de erupção, entre outros pormenores fantásticos para a vista, com gráficos impressionantes e espantosos.

Novalis... que nostalgia nos trás!

Novalis… que nostalgia nos trás!

As famosas armas da Gadgetron estão de volta, totalmente renovadas e melhoradas em alguns casos, continuando a trazer diversão e adrenalina a Ratchet & Clank enquanto as usam contra os maléficos blargues e os seus robôs de guerra.

O sistema da Gadgetron foi modificado, agora existem 3 funcionalidades que podem fazer : recarregar as armas em troca de parafusos, comprar armas novas, onde incluí as que estão habituados dos jogos anteriores, embora renovadas, e outras totalmente novas como o pixelizador ou a ritmo-bola, ou podes trocar pelas versões “omega”(já irei falar sobre estas versões).

Existe ainda um novo sistema de melhoria de armas, onde poderás utilizar raritanium, que encontras ao explorar o mundo ou a derrotar inimigos, para melhorar vários pormenores das armas, tais como a capacidade de munições máxima, a velocidade de carregamento de munições, o dano que as armas dão, a quantidade de mísseis ou projécteis que disparam de cada vez, entre inúmeras outras possibilidades de melhoria, dependendo da arma e da sua funcionalidade.

Foi adicionada também uma nova função ao jogo, que embora já a tenha presenciado em jogos mais recentes da série, no 1º jogo não existia – estamos a falar do D-Pad para trocar as armas e disponibilizar a troca rápida para escolhermos aquela a que queremos ter acesso, sem ter que ir ao menu, como acontecia antes  (e que acabava por estragar a emoção das lutas)- e é uma das funções que mais utilizei no jogo, estando muito bem implementada.

Voltando agora às as armas, referi há pouco que é possível fazer um “upgrade” das armas – para a sua versão “Omega” – através da Gadgetron, e realmente é possível, desde que tenham a arma a nível 5 e que tenham concluído o jogo. No entanto, não são apenas estes os requisitos para adquirir as armas. Foi ainda implementada uma função muito prática para quem está a jogar Ratchet & Clank pela primeira vez, uma vez que permite ver informação através de uma colecção de “cartas” que está dividida em 3 categorias: planetas, personagens e armas. Cada uma das cartas destas categorias provocam posteriormente alterações no jogo ou dão bónus: As cartas de armas estão divididas em grupos de 3 e servem para se obter a versão “Omega” das mesmas (em que ao se completar um grupo de 3 cartas de uma certa arma, desbloqueia-se a respetiva versão “Omega” para o modo desafio); As de  personagens e planetas, que nos dão uma maior probabilidade de ganhar parafusos ao destruirmos caixas e inimigos e cartas de planetas ou nos dão uma maior probabilidade de conseguir raritanium ao aniquilarmos os inimigos, entre outros extras que verão por vocês próprios.

Ao contrário das outras armas, a  RHINO – arma mais poderosa de todos os jogos da série –  apenas pode ser obtida através de um NPC e precisamos de ter 3 grupos de 3 cartas RHINO (ou seja, 9 cartas) completos para fabricar a arma.

Grimroth em carta, e a colecção de cartas

Grimroth em carta, e a colecção de cartas

Falando agora nas personagens, podemos dizer que várias personagens foram remodeladas em termos de personalização e físico, recebendo mais carácter ou mais impacto em comparação com a sua versão do jogo de 2002. Um exemplo disso é o Big Al, o presidente Drek e até Victor, o famoso robô leal a Drek, estas personagens obtiveram uma personalidade mais acentuada, humorística e menos “secundária”. Além das remodelações, existem ainda várias adições, tais como vários dos Rangers Galáticos, o mentor de Ratchet, Grimroth, ou outros que encontrarão por vocês próprios. E, como estamos habituados, o que não lhes falta é sentido de humor. No entanto, é aqui que entra um ponto muito fraco do jogo, que foi uma mudança inesperada em relação ao original, onde o personagem Ratchet, um dos protagonistas do jogo, recebeu uma mudança  radical na sua personalidade, tornando-o bastante previsível e sem qualquer carisma em várias situações, o que, tendo em conta que este jogo é suposto ser o remake (ou “reimaginação”) do primeiro, é um grande erro tal acontecer com um dos (ou mesmo o) personagem(ns) mais importante(s).

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Ratchet em Veldin.

Como era de esperar, irão encontrar barreiras inesperadas, como algumas paredes de metal, carris de ferro, barreiras holográficas que não permitem a passagem, ou até mesmo grandes distâncias entre ilhas. Nada temas ranger! Poderão utilizar várias engenhocas para ultrapassar isto, como é o caso das botas de anti gravidade  nas paredes metálicas e que te põem de cabeça virada para baixo enquanto passas barreiras de fogo, ou botas que te permitem saltar para os carris e viajar até ao próximo ponto com magníficas vistas de lava(no caso do planeta Gaspar), holo disfarce entre outros. No entanto, as que obtiveram mais melhorias foram as corridas de paira skate, totalmente remodeladas e desafiantes, permitindo sentir a adrenalina do turbo do teu paira skate enquanto te desvias de inúmeros obstáculos, quer sejam bombas ou piranhas.Existe também uma engenhoca completamente nova para o Clank, o jet pack que te permite voar livremente mediante um mediador de gás, em certos planetas(pois nem todos têm tanques de reabastecimento para tal), e esta é das melhores formas de explorar  planetas únicos, ricos em conteúdo e paisagens.

Pista de carris em Gaspar

Pista de carris em Gaspar

A dificuldade das batalhas foi melhorada, dando mais desafio e impingindo mais estratégia quando atacamos os inimigos ou bosses, pois estes estão mais “rijos”, demorando muito mais para derrotar, e estão muito mais inteligentes, conseguindo perceber por vezes onde atacamos, ou indo auxiliar o seu aliado de forma a que nos derrotem, fazendo com que recuemos ou tenhamos de encontrar um espaço para nos escondermos. Isto serve para os bosses também, sendo grandes tanques em termos de vida e demorando a derrotar, tiram bastante dano se não formos cuidadosos e são quase sempre auxiliados por inimigos. Mas isto não é tudo, agora os inimigos estão muito mais faladores e com muito mais humor à mistura, permitindo-nos dar uma risada de vez em quando antes de os exterminarmos.

Victor o robô grandalhão que quer destruir os rangers galácticos

Victor o robô grandalhão que quer destruir os Rangers Galácticos

Como já é habitual nos jogos da série Ratchet & Clank, podemos contar com alguns NPCs para nos ajudar em certos planetas ou situações, e visto que Ratchet irá fazer várias amizades, alguns deles irão nos ajudar ou dar dicas para onde devemos ir, o que devemos fazer e até ajudar a destruir alguns inimigos mais fracos.

Falando agora nos pontos mais negativos do jogo, observei que várias legendas estão sem sincronia com as vozes, quer em português quer em inglês, deixando um pouco a desejar. O modo de luta que foi implementado para a nave ainda está muito fraco no que toca a controlar a nave, sendo pouco ortodoxo e difícil de se habituar. Além destes, reside o ponto de que um dos protagonistas, Ratchet, tem menos personalidade e carisma que muitos personagens secundários, o que desilude face à sua versão anterior, nos outros jogos da série.

Quanto ao valor de repetição do jogo, posso garantir que existirá um modo desafio, onde os inimigos serão ainda mais desafiantes, e onde as armas “omega” irão estar disponíveis para compra através Gadgetron caso os requisitos estejam finalizados. Existe também um bónus surpresa para quem termina o jogo e apanha quantidades exactas de parafusos de ouro, por isso estejam atentos ao que vos rodeia e não deixem escapar nenhum.

Opinião final:

Ratchet & Clank é um jogo exclusivo para a PlayStation 4 que pode muito bem ser um “system seller” e é um dos maiores lançamentos do ano, com uma jogabilidade viciante e cheia de adrenalina e bom humor à mistura da parte de todas as personagens, mas com algumas falhas, um dos protagonistas do jogo desiludiu em termos de personalidade e carisma e o modo de luta na nave ainda é pouco ortodoxo. No entanto não é nada por aí além e rapidamente nos habituamos tanto a um como a outro. É o jogo ideal para os jovens começarem a jogar, cheio de humor, diversão e muita diversidade quer em termos de gameplay e armas quer  em termos de gráficos, planetas e objectivos/exploração. É, também, um sério candidato a GOTY.

O que gostamos:

  • Combate viciante e cheio de adrenalina contra a mais diversificada espécie de aliens;
  • Muita diversidade em armas e planetas;
  • Ambiente bem construído, com grafismo espantoso;
  • Personagens cheias de personalidade e muito humor;
  • História interessante e profunda.

O que não gostamos:

  • Alguns problemas na jogabilidade, como o sistema de luta da nave;
  • Protagonista Ratchet com pouca personalidade e pouco carisma;
  • Falta de sincronização em algumas legendas e falas.

Nota: 9,5/10

Fiquem com o nosso gameplay exclusivo do jogo que tivemos oportunidade de experimentar no mês passado: