Análise – Shadow Tactics: Blades of the Shogun

Se és um jogador old-school, com certeza jogaste pelo menos um jogo da série Commandos, um RTT (Real-time tactics) que teve o seu primeiro jogo lançado em 1998. Desde então, poucos jogos conseguiram destacar-se nesse género que cada vez mais parecia adormecido.

Mas eis que os estúdios alemães Mimimi Productions e Daedalic Entertainment decidiram que podiam fazer a diferença nesse género com Shadow Tactics: Blades of the Shogun. O jogo foi originalmente lançado para PC em dezembro de 2016 e recentemente (28 de julho) recebeu versões para PlayStation 4 (versão analisada) e Xbox One.

Shadow Tactics: Blades of the Shogun é um Real-time tactics furtivo, com ambientação no Período Edo no Japão, também conhecido como Período Tokugawa (1603-1868), época em que um novo xogum unificou o Japão, após um longo período de guerra. Agora, no entanto, um misterioso líder chamado Kage-same surgiu e pretende destituir o novo xogum, impondo desta forma uma grande ameaça à segurança e estabilidade do país.

Desta forma, o xogum atribui ao seu mais fiel samurai, Mugen, a missão de eliminar esse inimigo. Ao longo da sua jornada, ele acaba por conhecer quatro assassinos muito habilidosos, Hayato, um ninja com extrema agilidade, Takuma, um sniper que sempre está ao lado do seu fiel companheiro de quatro patas, Yuki, especialista em armadilhas, e Aiko, mestre no disfarce, distraindo os inimigos na pele de uma bela e mortal gueixa. Um grupo com personalidades totalmente diferentes e por isso totalmente improvável, mas que ao longo das missões vai construindo uma grande confiança e uma grande amizade começa a surgir, e juntos prometem ser inimigos implacáveis a todos que cruzarem o seu caminho.

E é justamente aqui que entra um dos fatores mais interessantes de Shadow Tactics: Blades of the Shogun. O jogador irá assumir o controlo das cinco personagens de uma única vez, tendo de utilizar com sabedoria cada habilidade e escolher o melhor momento para agir com cada uma delas. Ao entrar no Modo Sombra, o jogador poderá atribuir a cada uma delas uma ação e logo a seguir vê-las a executar a ação numa sequência de morte e furtividade que enche os olhos.

Cada personagem tem três ataques principais. Hayato , por exemplo, pode utilizar a sua espada para combates corpo-a-corpo, as suas Shuriken para ataques de média e longa distância, assim como lançar pedras para distrair os inimigos próximos; Takuma por outro lado é essencialmente uma personagem de longa distância, com o seu rifle a ter munições letais ou não-letais, além do seu fiel companheiro um cão-mapache (conhecido no Japão como Tanuki) servir como distração para atrair inimigos até pontos específicos.

O jogo oferece um total de treze missões de alta complexidade, que podem durar entre 2 e 3 horas cada, sendo que este tempo ainda pode aumentar, dependendo do tempo de que cada jogador irá precisar para atingir os objetivos, já que o jogo oferece uma total liberdade de escolha ao jogador, sendo possível optar sempre por aquilo que melhor se adapte à sua maneira de jogar.

Shadow Tactics faz sempre com que o jogador sinta que está realmente a infiltrar-se nas linhas inimigas, passando uma sensação constante de tensão, angústia e até mesmo aquela sensação de alívio perante uma situação que tudo indicava estar perdida.

A nível gráfico, Shadow Tactics: Blades of the Shogun tem características muito próprias. Sendo um jogo tático com visão isométrica, não é possível ter uma noção tão próxima da ação. No entanto, é constantemente visível a atenção dada aos detalhes. Todos os locais pelos quais o jogador irá avançar são sempre muito vivos, sendo possível ver árvores a balançar com a força do vento, ou rios a seguir o seu curso, ou até mesmo identificar as cores e formas individuais de cada flor num jardim. Sendo assim, apesar de oferecer uma visão mais ampla da ação até para permitir um melhor planeamento tático, em momento algum tal se sobrepõe à qualidade gráfica.

Sendo um jogo onde o stealth e planear cada passo é fundamental, a banda sonora acompanha esse clima, imergindo o jogador naquela ambientação do Japão feudal, com predominância de instrumentos como Koto (uma espécie de harpa lírica japonesa), Taiko (um instrumento de percussão) e Biwa (um instrumento de corda). A banda sonora é assinada pelo compositor Filippo Beck Peccoz, que traz ao jogo uma combinação de sons que tornam cada missão numa experiência áudio-visual muito aprazível.

Apesar de originalmente ter sido lançado para PC, o jogo não deixa a desejar nos comandos para as consolas, sendo possível realizar todas as ações originalmente planeadas para o PC na consola, com grande facilidade. Outro detalhe interessante é que o jogo está totalmente traduzido para português (PT-BR) sendo assim facilmente compreendido por todos os jogadores.

Opinião final:

Shadow Tactics: Blades of the Shogun é uma refrescante experiência dentro do género RTT e um jogo excelente para quem quiser pela primeira vez aventurar-se nesse género pouco explorado na indústria. Com personagens que possuem um desenvolvimento longe do superficial e que ao longo da jornada deixam claro que têm os seus próprios demónios a expulsar. Infelizmente, não é um jogo para quem procura uma ação frenética, já que a sua progressão lenta e com alta taxa de inimigos pode frustrar alguns jogadores. No entanto, se procuram um jogo onde serão desafiados desde as vossas primeiras ações, com uma ambientação surpreendente e uma banda sonora imersiva, não precisam de procurar mais, Shadow Tactics: Blades of the Shogun é o vosso jogo.

Do que gostamos:

  • Banda sonora imersiva e que faz excelente uso de instrumentos clássicos japoneses;
  • Apesar da visão isométrica, a beleza gráfica ainda é notável;
  • Protagonistas com habilidades, personalidades e histórias únicas;
  • Um jogo que traz de volta ao género RTT aquilo de que ele precisava e que para muitos tinha sido perdido em Commados;
  • Grande liberdade nas ações e estratégias.

Do que não gostamos:

  • Pouca variedade de inimigos;
  • Em alguns momentos o tempo de carregamento foi frustrante.

Nota: 9/10