Análise – Starpoint Gemini 2

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Confesso nunca ter tido muita experiência em jogos de simulação espacial de “mundo aberto”. Recordo-me ter jogado há alguns anos atrás a Homeworld e ter ficado algo assoberbado com a vastidão de, não só do espaço como também da complexidade e multitude de opções ao nosso dispor. Eis que tive, então, a oportunidade de jogar Starpoint Gemini 2 o qual iniciei com algum receio de sentir o mesmo assoberbamento. E com razão, de início a curva de aprendizagem, para a maioria dos jogadores, especialmente os não habituados a este género, é algo íngreme. Passamos literalmente as primeiras horas do jogo a ler o tutorial, a navegar pelo espaço, a ser destruído vezes sem conta até dar com o jeito e nos apercebemos da profundidade do jogo.

Em termos de narrativa que até é algo simples, temos uma típica história em que, como Adrian Faulkner (descendente da Gemini League), temos de descobrir a causa da morte do nosso Pai. O universo encontra-se sob ameaça constante por parte de invasores e afins e cabe-nos a nós impedi-los. Nada de muito inovador em termos de história realmente, no entanto acaba por conseguir nos manter o suficientemente interessados para ver o seu desfecho. Além da principal existem as óbvias missões secundárias sejam elas de contrabando, de minagem ou de simples colecionamento de detritosx, tudo isto para ajuda no aumentar dos créditos necessários para melhoramento das nossas naves ou até mesmo comprar novas.

Um dos lugares mais bonitos das dezenas por onde se passa.

O jogo brilha principalmente na sua estrutura de customização. Trata-se, de facto, de um bom serviço aos fãs do género RPG que encontrarão bom valor neste jogo. Começamos por escolher a nossa classe entra commander, gunner ou engineer e qual a nossa nave inicial, com a possibilidade de mais tarde poder comprar até cerca de 75 mais veículos espaciais cada uma com a possibilidade de definir desde a sua equipa de bordo até ao nome que aparece ao lado da nave. Podemos quase dizer que é uma espécie de sonho de dirigir a nossa própria Starship Enterprise e “ir até nenhum homem foi antes”. Existem, de facto, “n” áreas de possível exploração com um mapa enorme e com uns impressionantes tempos de carregamento de zero segundos com apenas uns ligeiros soluços sempre que entramos em zonas novas.

A complexidade da economia presente no jogo adiciona muita profundidade ao mesmo. Apesar de não ser o maior fã desta complexidade tenho de reconhecer esta variedade como outro bom ponto do jogo pois ao longo deste encontramos variadíssimos bens, tanto legais como ilegais em certos sistemas causando assim por vezes que mandem-nos para para os confiscar. Se formos mais rebeldes podemos tentar fugir, lutar ou até tentar enganar enviando a mercadoria através de meios menos legais mas isso afeta a reputação. Existem até um mercado para estes bens onde em certos sítios podem estar bem baratos enquanto que noutros irão estar valiosos o que pode causar oportunidades de revenda interessantes.

A escolher uma nave novinha em folha para expandir o “negócio”.

Apesar desta complexidade e profundidade toda o jogo tem os seus pontos menos positivos e no meu ver este é um dos mais habituais no género: a natureza repetitiva das missões. A maioria destas envolve destruirmos cruzeiros, fazer scan a anomalias, ajudar a reparar estruturas ou ir à procura de alguém. Inicialmente atétem a sua certa piada descobrir novas zonas no vasto espaço que temos ao dispor mas depois de algumas vezes torna-se obviamente monótono navegar até a um sítio, esperar que a nave encontre o objetivo e tratar do assunto e depois terminar. A sensação de recompensa não é das melhores.

Apesar de na realidade o espaço ser um lugar extenso, vazio e frio a Little Green Men conseguiu criar uma ambientação estéticamente agradável de se vislumbrar. Nébulas espetaculares com cores vibrantes são muito frequentes além dos variadíssimos planetas e acumulados de pequenos asteróides ou entulhos de outras naves perdidas em batalhas de outrora. É, no entanto, conferido uma boa sensação de solidão do espaço à medida que atravessamos “cemitérios” de pedras e minas abandonadas. Nestes momentos por vezes notamos uma ligeira quebra na suavidade do jogo mas nada que interfira, nem de perto nem de longe, na suavidade total do jogo. A inerface da nave e dos menus pode levar algum tempo a se habituar mas acabam por ser, também, bem programadas.

A beleza dos visuais é incontestável.

A nível de som o jogo consegue mesmo surpreender com uma banda sonora bem interessante contendo algumas músicas que “ficam no ouvido”. Esta banda sonora contribui positivamente para a imersão no jogo, coisa que nem todos os jogos conseguem fazer. O reverso da medalha aqui é o esperado: os atores de voz fazem um trabalho com muito pouca qualidade. Em certas alturas alguns personagens tentam falar com um sotaque que nem se percebe a imitar o quê. Mais valia falarem um inglês mais natural ao invés de tentar dar ênfase ao facto de serem raças ou de planetas diferentes.

Opinião final:

Enquanto que existe, pelo menos, algo que irá agradar a todos ainda penso que este Starpoint Gemini 2 irá agradar em pleno a um certo nicho de jogadores. Fãs de simuladores de exploração espacial com elementos RPG irão adorar enquanto que os demais poderão perder o incentivo de o jogar, especialmente no início, apesar de ser um jogo ambicioso de mundo aberto. Contudo a perseverança irá premiar com um jogo aberto e expansivo com uma história algo cliché, porém interessante. Uma boa opção para quem sempre sonhou ser o Capitão de uma nave espacial ou simplesmente para andar por ai a deambular pelas belas vistas espaciais e boa alternativa ao mais conhecido Elite: Dangerous.

O que gostamos:

  • Mundo (espaço) aberto bastante expansivo;
  • Variedade gráfica e de ambientação bem conseguida;
  • Banda sonora com boa qualidade com músicas bem imersivas.

O que não gostamos:

  • Tutoriais iniciais algo extensos podem afastar os jogadores mais casuais;
  • Qualidade do trabalho dos atores de voz irrisória quase comédia;
  • Sistema bastante complexo que, uma vez mais, pode afastar jogadores casuais;
  • Após algumas horas certas missões acabam por se tornar repetitivas.

Nota: 7,5/10