Análise – Submerged Xbox One

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A beleza da cena indie nos videojogos é que, por vezes, no meio de toda a amálgama de jogos lançados, conseguimos encontrar jóias que acabam por ficar na história. E consequentemente catapultar os seus programadores ou estúdios para fora do anonimato. Apenas como alguns exemplos podemos nomear Fez, Outlast, Journey, Limbo, Super Meat Boy ou Bastion. Estes foram alguns dos jogos indies que atingiram quase de imediato o estatuto de “clássico”. Em alguns destes indies  já se sabia haver qualquer coisa de especial, mesmo antes de serem lançados e muitas vezes é assim que se apercebe que estamos perante um sucesso instantâneo. Mas ás vezes também podemos errar e a impressão inicial acaba por ficar apenas por ai e o produto final uma desilusão. Submerged é um indie que causou inicialmente algum impacto quando mostrado ao mundo. Será que consegue manter o mesmo no jogo final?

O jogo começa com uma rapariga a chegar de barco a uma cidade submergida quase na totalidade, com o seu irmão que se encontra gravemente ferido e doente. Ao encontrar um edifício deita o irmão e decide partir à procura de coisas que possam a ajudar a cuidar do seu irmão. A história é contada através de desenhos simplificados que, apesar de simples, ás vezes são difíceis de entender mas eventualmente o que terá acontecido foi que havia uma família que desmoronou-se, ou vários eventos causaram a perda de membros ou separação desta família acabando apenas por restar este dois irmãos. A razão da inundação, apesar de parecer já ter acontecido há vários anos nunca é bem explicada lamentavelmente, ou então não encontrei desenhos suficientes para conseguir compreender o mistério.

Um dos momentos de exploração iniciais com edifícios submersos.

Um dos momentos de exploração iniciais com edifícios submersos.

O conceito de controlarmos uma rapariga a tentar sobreviver num mundo destruído após uma inundação catastrófica e ainda ter de cuidar do seu irmão até tem algum interesse, porém, é em termos de jogabilidade de as coisas começam a se perder. Temos de usar o nosso barco para navegar e explorar à procura de edifícios que contenham provisões, escalar (na maior parte das vezes) estes edifícios e voltar a repetir. É relativamente fácil encontrar destes edifícios com a ajuda de um monóculo que temos ao nosso dispor e ainda temos inclusivamente a capacidade de “marcá-los” no mapa através do mesmo.

O barco move-se também com alguma rapidez e facilidade, sendo possível também encontrar melhoramentos para o mesmo. No entanto, subir e escalar os edifícios é extremamente aborrecido e lento. Assim que encontramos a caixa com as provisões somos enviados logo de volta para perto do nosso irmão. Apesar de isto ser uma espécie de dádiva para não termos de descer tudo de volta não deixa de ser um bocado estranho e corta um bocado a interactividade e continuidade. Depois, a natureza “faz, vira o disco e toca o mesmo” do jogo ajuda também a tornar estas tarefas de escalar os edifícios o momento mais temido de todo o jogo.

Podemos explorar de noite mas o perigo não existe.

Podemos explorar de noite mas o perigo não existe.

É realmente consideravelmente desapontante porque os primeiros dez minutos até prometem, especialmente quando conseguimos escalar o nosso primeiro edifício de onde podemos admirar os gráficos que até nem são maus de todo. Toda a ambientação, a luz, a vida marinha aos saltos na água, é tudo muito bonito de se ver. O problema é que esses 10 minutos iniciais essencialmente demonstram o jogo no seu todo. E, após algum tempo a jogar apercebe-mo-nos que bastavam esses minutos iniciais para praticamente ver, ou saber, o que o jogo tinha para oferecer.

Outra situação digna de nota é que não podemos morrer. Literalmente. Não conseguimos fazer a nossa personagem morrer por mais que se tente. O único “impedimento” que temos são realmente os puzzles dispostos em cada edifício na forma de beiras que temos de ir escalando e saltando em forma de tentativa e experimentação e é isso que realmente acaba por deitar o jogo abaixo: a monotonia. É possível terminar o jogo em cerca de 2 ou 3 horas porém pode durar um pouco mais se nos dedicarmos a encontrar mais alguns materiais ou desenhos escondidos. O que ainda salva um pouco a “honra do convento” é o motor gráfico usado (Unreal Engine 4) que realmente proporciona alguns ambientes bonitos e com efeitos de luz e ciclos dia/noite interessantes. Os modelos dos personagens são fraquinhos e quase sem vida. Na banda sonora estão incuídos bons temas e é um dos melhores aspectos do jogo.

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O jogo chega a conseguir proporcionar visuais bem conseguidos.

Opinião final:

Tendo completado o jogo não existem realmente muitas razões para o tornar a jogar, mesmo que ainda nos faltem alguns segredos para encontrar. Nem razões nem com certeza incentivos. Submerged não é um mau jogo e até tem uma banda sonora muito boa além de alguns bons momentos visuais, mas gráficos são tudo. O preço pedido acaba por parecer-nos um pouco alto para o que o jogo tem para nos oferecer pois sentimos quase sempre ao longo de todo o jogo uma certa sensação de vazio. Faltava ali qualquer coisa para o tornar mais interessante ou entusiasmante. Fica pela ideia interessante e bons gráficos e banda sonora, porém consideravelmente monótono.

O que gostamos:

  • Visualmente interessante;
  • Banda sonora bastante boa.

O que não gostamos:

  • Bastante curto;
  • Alguns problemas técnicos;
  • Algumas partes incrivelmente monótonas;
  • Vazio e com pouca personalidade.

Nota: 6/10