Análise – The Legend of Zelda: Tri Force Heroes

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Cada vez que um jogo da conhecida e mítica saga Zelda é anunciado, é acompanhado de milhares de gritos estridentes de fãs pelo mundo inteiro. Ainda mais consegue-se sentir sempre esse entusiasmo com o aproximar do lançamento de cada jogo. No entanto, e talvez com alguma estranheza, este Tri Force Heroes parece não ter conseguido gerir essa adrenalina. Isto porquê? Um dos motivos principais será talvez por este não ser, de facto, um jogo de lançamento principal tal como The Legend of Zelda: A Link Between Worlds, mas sim uma espécie de “desvio”. Um “spin-off” por assim dizer, e ultimamente os spin-offs não têm arrebatado muitos fãs.

O jogo, tal como o nome indica, baseia-se principalmente no trabalho em equipa com mais dois companheiros. E como tal temos a vertente singleplayer e multiplayer local e online. Cada área é dividida em várias seções e ainda desafios que são desbloqueáveis e “exige” que as revisitemos várias vezes. Sendo assim, e começando pelo modo online, estranhei logo desde início apenas ter algumas mensagens pré-definidas em forma de imagens engraçadas de Link que são ativadas no ecrã para comunicar com quem estamos a jogar, no entanto e pelo menos nas primeiras fases acaba por ser eficiente e mais que suficiente.

Um dos muitos puzzles que requerem cooperação e reflexos dos 3 guerreiros.

As coisas tornam-se complicadas nos níveis mais avançados onde puzzles mais complexos e com timings mais restritos exigem maior comunicação e é aqui uma das grandes falhas do jogo. Não temos como comunicar pelo chat de voz, o que causa imensa frustração estar ali simplesmente à espera dos outros companheiros que, ou entendam o que se deve fazer ou simplesmente deixem de divagar pelo nível e tratem de seguir os objetivos como deveria ser feito. Alguns puzzles são mesmo tão específicos, por exemplo, que temos de fazer um totem onde o personagem que ficar no meio tem de atirar e depois todos ao mesmo tempo. Isto é virtualmente impossível apenas com as 8 frases disponíveis.

Além dos problemas de comunicação o sistema de lobby é incrivelmente arcaico. No início cada jogador vota numa área, a qual depois é escolhida aleatoriamente e depois votamos em uma das 4 fases dessa área com a possibilidade de ativar (ou não) algum desafio extra. Consegue-se progredir, pois conta para a nossa campanha, mas se queremos progredir ainda mais além dessa área temos de sair e juntar-se a um novo lobby pois não podemos votar de novo em outra área. Se por acaso encontramos bons companheiros de equipa não seguimos com eles para a área seguinte pois começamos sempre tudo de novo. Pelo lado positivo, poucas foram as vezes que notei alguma espécie de lag nas sessões online.

A maior parte do tempo a jogar a solo vamos andar assim.

Tendo dito tudo isto, é mais que óbvio que Tri Force é muito melhor jogado com amigos localmente e quase posso dizer que é um bom conceito para o Street Pass e tudo isso, porém não estou a ver isto a ser muito usado fora do Japão. De cair em graça é a opção de podermos jogar com os amigos apenas com uma cópia do jogo com a opção de Download Play, mas mesmo assim há um senão: temos de ser obrigatoriamente 3 pessoas pois o jogo não permite só duas pessoas e o 3º guerreiro ser controlado pela IA. Quem estiver a jogar sem a cópia do jogo não consegue gravar o seu progresso, porém o jogo faz questão de lembrar que a pessoa pode ir até à eShop o comprar. Uma curiosidade é que sente-se mais lag através desta forma do que jogando online.

Jogado a sós, Tri Force apenas contribui ainda mais para o sentimento negativo geral já gerado pelo mesmo. É óbvio que o jogo foi desenhado para ser jogado acompanhado ou online e até se nota que a área de escolha para jogar sozinho é mais pequena. Neste caso jogamos com 2 “gémeos” que ficam para ali parados até os selecionarmos para os controlar. Isto é muito estranho tendo em conta o excelente trabalho feito em Four Swords onde podemos colocar os companheiros onde queremos ou assobiar para os chamar para perto de nós. Isto torna as tarefas que poderiam ser muito mais céleres em algo demasiado rotineiro ou com a opção “forçada” de andarmos quase sempre com os 3 heróis em “torre”. Esta frustração transfere-se para os puzzles onde precisam reflexos rápidos e timing mas ainda mais nos bosses de final de nível.

Comunicamos online através destes 8 símbolos.

É, então, com alguma tristeza que lamento dizer que apesar do charme típico da Nintendo este jogo com a opção de podermos usar fatos diferentes e muito queridos, personagens adoráveis e incentivo a colecionar peças de fatos diferentes e de jogar com os nossos amigos online ou localmente, acaba por desiludir. Um dos pontos mais fortes do jogo é realmente os itens que poder usar e ainda melhorar durante o jogo e quando jogado bem até consegue ser bem divertido no entanto trata-se das pequenas e simples coisas que acabam por impedi-lo de ser simplesmente melhor.

 Opinião final:

The Legend of Zelda: Tri Force Heroes é simplesmente como se de uma missão secundária se tratasse. Quando conseguimos jogar e com companheiros que saibam o que estão a fazer consegue ser divertido e interessante. Quando jogado a sós é notória a incompreensível falta de atenção dada neste e muitos outros aspetos do jogo. Sistema de puzzles complicado para jogar cooperativamente e demasiado entediante e frustrante para jogar a sós. Poderia ter sido muito mais. Ainda esperamos por um novo Zelda digno de seu nome.

O que gostamos:

  • O charme Nintendo sempre presente;
  • Quando jogado com amigos é divertido;
  • Download Play só com uma cópia do jogo.

O que não gostamos:

  • Comunicação online muito restrita estraga experiência;
  • Modo single muito aborrecido e mal construído;
  • Toda a estrutura multijogador mal pensada apesar de funcional.

Nota: 6/10