Análise – Unepic

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Após uma entrada algo desastrosa da EnjoyUp Games na Xbox One com o fatídico Rock ‘N Racing Off Road DX, era fácil ficar com uma ideia menos boa deste estúdio espanhol. Eis que chega um novo jogo de um género completamente diferente e com este muitas dúvidas em relação à sua qualidade. Unepic é uma combinação de RPG com plataformas, com a coincidência de basear-se, tal como no jogo de corridas mencionado, no estilo e dificuldade dos jogos das décadas de 80 e 90. Será que o estúdio foi pelo mesmo caminho e acabou por não fazer justiça ou será que acertaram desta vez?

Encarnamos o papel de Daniel, um tipo normal dos dias de hoje: gosta de jogos, adora filmes e séries de ficção científica, algo novato em jogos de tabuleiro de RPG, amigo de substâncias “menos legais” e algo azarado com as miúdas. No meio de uma jogatana de tabuleiro com amigos acaba por ser transportado para um castelo misterioso o que o leva a crer que está a sofrer uma alucinação devido a alguma substância deitada na bebida por algum amigo. Tendo isso em conta decide aproveitar e partir para a aventura até o efeito passar.

Um dos (complicados) chefes do jogo.

E é aqui que começamos a jogar, logo após ter sido possuído por uma sombra que não o consegue controlar nem sair do seu corpo a não ser que morra. Essa sombra vai então “acompanhar” o herói durante o jogo tentando enganá-lo, a ver se causa a sua morte mais depressa. Logo descobre-se o objetivo final desta visita misteriosa: matar Harnakon, o mestre do castelo, e libertar os Espíritos-Puros. Durante a aventura Daniel acaba por descobrir aos poucos que nem tudo é o que parece.

Jogamos numa perspectiva 2D no qual vamos explorando o castelo e descobrindo divisões do mesmo estilo de um Metroidvania. Ao nosso dispor teremos um mapa que se vai atualizando conforme entramos em novas divisões. Perante a escuridão temos ao nosso dispor um isqueiro que utilizamos para conseguir ver alguma coisa, até encontrarmos tochas e afins que iluminam mais um pouco os recantos deste castelo. Aos poucos também começamos a encontrar objetos e armas que iremos precisar para derrotar os muitos (e típicos) monstros que encontraremos.

Os perigos não só são os monstros.

Este não é um jogo de progresso linear. Tal como outros do género teremos de andar para a frente e para trás e recuar por lugares já descobertos para podermos progredir no jogo. A exploração é incentivada também com a possibilidade de tesouros escondidos. No entanto por vezes damos por nós a vaguear algo perdidos, pois nem sempre o jogo é muito explícito sobre a missão ou caminhos a seguir o que pode acabar por frustrar um pouco. À medida que exploramos descobrimos locais onde podemos comprar ou vender equipamentos, poções e itens que nos ajudam na nossa aventura.

O jogo oferece-nos uma boa variedade de equipamentos e armas que rondam a volta dos 100. Podemos também disferir cerca de 70 feitiços e outros objetos tais como pergaminhos, anéis, receitas e artefactos. A maioria destes está encontra-se escondida daí o tal incentivo à exploração, ou então dentro de barris que podem ser destruídos. Também, ao derrotar os inimigos, por vezes obtemos essências coloridas ou partes necessárias para fazer alguns feitiços por isso não é muito aconselhável andar a fugir deles sempre que pudermos! Alguns feitiços são mesmo essenciais para derrotar alguns dos sete chefes principais.

Os atalhos (no menu ao meio, abaixo) são muito úteis.

Algo muito bem-vindo é um sistema de equipar rápido no fundo do menu que nos dá três caixas que mostram posições vazias onde podemos gravar qualquer equipamento ou feitiço para uso rápido usando os botões LB, RB ou o pressionar de ambos em conjunto com os botões A, B, X ou Y. Isto dá um total de doze atalhos muito úteis que evitam em parte as já frequentes e necessárias idas ao menu de inventário. O que é curioso é que apesar de irmos ao menu o jogo não pausa, o que pode causar alguns transtornos ou termos de ir à procura em situações aflitivas, de um sítio seguro para poder navegar o inventário.

Graficamente está relativamente simples tendo em conta os standards desta geração apesar de alguns efeitos de luz engraçados. É claramente notória a inspiração retirada de jogos de gerações mais antigas e apesar de até ter alguma variedade não deixa-se de notar uma certa repetição de cenários. Os diálogos estão claros o suficiente porém em uma ou outra ocasião nota-se alguma qualidade abaixo do ideal. Ou então será que é propositado? O humor também está presente de forma mais ou menos evidente, salientando-se especialmente referências a videojogos ou filmes. Um belo exemplo é logo no início onde matamos a nossa primeira serpente e a sombra que fala connosco grita “Snake! Snake? Snaaaaaaake!” fazendo alusão a Metal Gear Solid. Muito bom.

O primeiro ponto de gravação do jogo.

Opinião final:

Unepic é um jogo em que o estúdio EnjoyUp Games consegue-se redimir. Desta feita conseguem de facto captar o estilo dos anos 80 e 90 mantendo atualizado com bom humor e variedade na jogabilidade. É um jogo que sinceramente poderá não agradar a todos porque em partes consegue ser um pouco difícil e também exige exploração repetida a lugares já antes visitados. Tem um sistema de estatística algo simplificado para RPG mas o suficiente para manter o jogador interessado e a variedade quase assoberbante de itens que podemos apanhar ajuda a o tornar entusiasmante. Um bom joguinho a um preço interessante. Vale a pena dar-lhe uma chance.

O que gostamos:

  • Jogabilidade bem conseguida baseada em jogos de outras gerações;
  • Tema interessante e intemporal;
  • Com 200 divisões a explorar, sete bosses a matar e exploração extensiva temos jogo para umas boas horas de entretenimento.

O que não gostamos:

  • Não é dos mais acessíveis: em algumas partes pode ser bastante difícil para alguns jogadores mais casuais;
  • Gráficos apesar de agradáveis podiam ser um pouco melhores;
  • Não podemos pausar o jogo!

Nota: 7.5/10