Análise – Watch Dogs 2

watch-dogs2_analise_portugalgamers

Foi durante a E3 do ano de 2012 que a Ubisoft anunciou a sua próxima franchise de peso, ao apresentar o primeiro trailer do mesmo, que deixou toda a gente que estava a assistir de boca aberta, devido à grande qualidade de gráficos e ao realismo do mundo do jogo, sendo muito provavelmente uma das maiores revelações dessa E3.

No entanto, depois de mais alguns trailers revelando mais informações do jogo em si, surgiu a dúvida se teria existido um downgrade no jogo em si, pois estava muito inferior ao que foi mostrado em 2012, sendo que infelizmente, quando o jogo foi lançado em 2014, foi confirmado que houve uma descida significante na performance do mesmo, deixando os fãs e os jogadores descontentes com o ocorrido, gerando assim o início da desconfiança dos trailers apresentados durante os eventos mais importantes dos videojogos. No entanto, embora tenha sido uma desilusão no que toca ao downgrade, o jogo foi bem recebido e teve uma média razoável no que diz respeito à crítica dos média, sendo um jogo totalmente inovador no que toca à história, mecânicas de gameplay mas que teria capacidades para muito mais, como foi mostrado no primeiro trailer, como mais vida em Chicago, melhorias nas mecânicas de condução(que não foi bem escolhido) e mais opções de hacking.

Depois de quase 3 anos, eis que nos chega às mãos Watch Dogs 2, que devido aos problemas do primeiro, teve um entusiasmo bastante reduzido comparado ao mesmo, sendo a desconfiança enorme, muito devido aos trailers extremamente realistas que a Ubisoft nos apresentou novamente. No entanto, ao ser divulgado cada vez mais pormenores do mesmo, começou-se a notar grandes diferenças entre o 1º jogo e este, tal como a nível do protagonista, Marcus, rebelde, activo e pertencente ao grupo infame de hackersDedsec, em termos de vida do mundo em si, história, mecânicas de gameplay, opções de hacking, está tudo superior ao 1º jogo, e pode-se dizer que a Ubisoft aprendeu com os erros do mesmo.

Watch Dogs 2 tem lugar em San Francisco, uma cidade foi apoderada pela gigante de informática Blume, uma empresa que se aproveita de todas as tecnologias da cidade (câmaras, telemóveis, bancos, drones, telefones, computadores, etc) para enriquecer e utilizar a informação a seu favor, para fins “suspeitos”. É aqui que entra Marcus, o protagonista do jogo, também conhecido como Retr0, um hacker amador que não aceita as mentiras da Blume e a sua tirania. Começamos o jogo a invadir uma base de servidores da Blume, sendo que é uma missão de “recrutamento” para entrar nos Dedsec, e Marcus terá que se infiltrar na base para apagar o seu registo criminal, por forma a ficar anónimo frente à sua inimiga, Blume.

A beleza da cidade de San Francisco é tremenda

A beleza da cidade de San Francisco é tremenda.

Terminado o tutorial, depois de algumas cutscenes, somos introduzidos ao esconderijo dos Dedsec, onde nos são apresentados os nossos aliados, que irão nos ajudar durante a aventura de Marcus, fornecendo armas (através de uma impressora 3D), informações sobre as missões (através da aplicação DedSec, que é uma lista das missões que estão disponíveis para realizarmos, o que fazer, qual o objetivo, resumo da história que a mesma tem, se é principal ou secundária (sendo que algumas secundárias dá para jogar online), entre outras coisas interessantes que se vão desbloqueando conforme progredimos no modo de história do jogo.

As mecânicas de gameplay de Marcus, em frente ao protagonista do jogo anterior, Aiden, estão superiores, sendo que agora é possível comandar drones aéreos e terrestres para alcançar lugares impossíveis a um ser humano, é possível utilizar várias aplicações no telemóvel (sendo este o “menu” do jogo em tempo real),  tal como uma imitação do google maps que serve como gps e mapa do jogo, um sistema para alugar qualquer tipo de meio de transporte, uma aplicação dedicada aos pontos de habilidade (chamados agora de research points) que nos irá permitir utilizar habilidades e geringonças mais avançadas a troco de alguns pontos de research (sendo estes obtidos através da angariação de fãs para a Dedsec ou em pontos específicos espalhados por toda a cidade de San Francisco. Embora seja uma mudança bem vinda e genial, o jogo deixou de ter um menu de pausa, sendo que o personagem apenas para e abre o telemóvel quando queremos pausar o jogo, obrigando-nos a sair do mesmo ou clicar no botão PS, seria preferível pausarem completamente o jogo quando carregamos no botão options.

É brutal controlar os drones para tornar as missões mais furtivas

É brutal controlar os drones para tornar as missões mais furtivas.

As habilidades de hacker de Marcus estão bem superiores a Aiden, sendo um leque de habilidades tremendo, bastando apenas clicar no botão L1 com a mira no objeto/pessoa que pretendemos hackear para ver as várias opções que podemos utilizar, sendo possível utilizar os drones para executar esta ação também, as opções variam de objeto/pessoa e são inúmeras as possibilidades que nos são possibilitadas, não faltando as válvulas de esgoto, canos, portões de garagens, semáforos, etc, para fugir da polícia. Várias habilidades serão disponibilizadas depois de pagarmos em research points, tornando a jogabilidade mais realística e imersiva.

Uma das falhas das mecânicas de Marcus é as manobras de parkour, embora os gestos e manobras sejam muito boas, não dá para utilizar quando quisermos, e basta premir o botão R2 em certas localidades, sendo que foi nesta funcionalidade que encontrei um grande problema, Marcus apenas pode usar R2 em locais que lhe são acessíveis, logo a Ubisoft esmerou-se em não deixar o mesmo tentar subir as paredes ou outras trafulhices que os jogadores adoram experimentar, o que leva a limitações até mesmo para superfícies que devia dar para utilizar, como um muro com metade do tamanho de Marcus que divide a rua de um parque, sendo que até na realidade seria possível saltar o mesmo, e no jogo é possível saltar do parque para a rua, no entanto não é permitido da rua para o parque. Outro pormenor que deixa a desejar é o facto da bolinha de mira no meio do ecrã ser permanente e não nos ser possibilitada uma opção para removê-la, somos obrigados a ter aquela bola mesmo no centro do ecrã, tirando imersão ao jogo em vários momentos, sendo que esta apenas não aparece em cutscenes.

Os tiroteios estão realistas até mais não!

Os tiroteios estão extremamente realistas.

O mundo de jogo está muito superior ao anterior, sendo que o tempo demora a passar, as pessoas reagem à forma como nos movimentamos ou como agimos, reparando até mesmo se lhes direccionamos o telemóvel, perguntando o que estamos a fazer ou barafustando, e aqui a Ubisoft está de parabéns, pois à cerca de 16 anos que jogo videojogos e nunca tinha me deparado com uma inteligência artificial tão minuciosa em tudo o que se passa à sua volta ou até à forma como estamos vestidos, gestos que fazemos aos seus animais, ao tirar uma selfie, entre outros pormenores que tornam Watch Dogs 2 numa experiência fantástica e das mais realistas de sempre.

Por falar em realismo, pode-se mesmo dizer que o que foi prometido durante o trailer de 2012 do primeiro jogo de Watch Dogs no que toca ao grafismo, vida na cidade, iluminação, qualidade dos modelos de personagens, foi introduzido nesta sequela, sendo que fica muito acima do que nos foi mostrado anteriormente, e sentimos que é um pedido de “desculpas” da Ubisoft.

A Dedsec está de volta "bitches"

A Dedsec está de volta “bitches”.

Embora o jogo esteja perto da perfeição, existe vários pontos a melhorar, como é o caso da história, sendo que esta está muito genérica e sem um motivo pessoal para Marcus e os restantes da Dedsec ou até mesmo a inserção de tantas mecânicas, tarefas e outros pormenores que nem se chega a perceber onde estão. Um dos defeitos que me deixou desapontado foi a questão das legendas e fonte de letra do jogo, sendo esta muito pequena e com um tom branco, o que não facilita nada a leitura, visto que não tem uma sombra nem se sobrepõem ao cenário, dificultando a leitura e interpretação das mesmas.

Opinião final:

Ubisoft demonstrou com Watch Dogs 2 que aprendeu com os erros do primeiro jogo, polindo os vários defeitos que este teve para tentar alcançar a perfeição em Watch Dogs 2, com um leque de habilidades muito superior, com um mundo de jogo com mais vida e uma inteligência artificial muito superior, juntando tudo isto a gráficos de topo nas diversas localizações de San Francisco e à historia do famoso grupo de hackers Dedsec, pode-se dizer que a Ubisoft está de parabéns e conseguiu entregar ainda mais que o prometido em Watch Dogs, com uma experiência de jogo divertida e aliciante.

Do que gostamos:

  • Inteligência artificial quase perfeita;
  • Motor de jogo com visual deslumbrante e realista;
  • Mecânicas de jogo melhoradas e liberdade no modo como podemos executar missão;
  • Drones aéreos e terrestres com funcionalidades muito interessantes;
  • Habilidades de Hacker muito superiores e com mais possibilidades;
  • Mundo de jogo com muita vida e muitas tarefas e curiosidades;
  • Interação do personagem com o mundo do jogo muito realista e cheia de pormenores.

Do que não gostamos:

  • Limitação nas manobras de parkour de Marcus;
  • História genérica e pouco pessoal;
  • Fonte da letra das legendas muito pequena e sem sombra;
  • Modo multiplayer desnecessário e sem qualquer relevo no jogo.

Nota: 8/10