Análise – YO-KAI WATCH 2: Bony Spirits & Fleshy Souls

Yo-kai Watch já tinha tomado o Japão de assalto há muito quando finalmente chegou ao Ocidente. A fazer-se acompanhar da série animada e de um número infindável de merchandising, o sucesso do primeiro título por cá foi (felizmente) suficiente para que fossemos agraciados com o segundo título da série.

Desta vez, tomando notas da série Pokémon, temos não só um, mas dois Yo-kai Watch!  A Level-5 decidiu duplicar a diversão e lançar duas versões: Fleshy Souls e Bony Spirits – sendo que é esta última que iremos analisar. À semelhança da outra famosa franchise, as diferenças entre versões prendem-se com os Yo-kai que poderão encontrar na vossa aventura (cerca de 448 no total!). Caso não sejam ávidos colecionadores, escolham a versão que bem entenderem e lancem-se à aventura!

Depois do final do primeiro jogo, tudo parece estar mais calmo – se é que isso é possível com tantos Yo-kai à solta. Mas a paz é de pouca dura quando o titular Yo-Kai Watch desaparece e as memórias dos nossos protagonistas são apagadas. Mesmo sem se lembrarem da existência dos Yo-kai, alguns estranhos acontecimentos vão espicaçando a memória, até que uma estranha loja surge do nada. Como ninguém é imune a objectos curiosos em saldos, Katie ou Nate (conforme escolherem) levam para casa – sem saberem – o Yo-kai Watch. A partir daqui, a aventura começa, relembrando antigas amizades e criando novas.

A primeira impressão ao jogarmos Yo-Kai Watch 2 é de que o que temos é mais do mesmo. Mesmos gráficos, mesma cidade, mesma jogabilidade. Felizmente, a sensação vai-se desvanecendo à medida que vamos explorando mais e mais. Mas já lá vamos.

Em Yo-kai Watch os ataques são no mínimo… diferentes.

Como são férias de Verão e somos uns netinhos muito queridos, no decorrer do jogo vamos visitar a nossa avó a Harrisville. No jogo original, os meios de deslocação eram maioritariamente a pé, de bicicleta ou através do yo-kai Mirapo. Aqui junta-se o comboio, retratando toda a maravilhosa experiência de uma CP da vida. Sim, terão de comprar o bilhete, entrar no comboio certo, e até trocarem de linha! Isto, sem se enganarem na vossa paragem, caso contrário terão de voltar para trás – sim, fala a voz da experiência. Agora dizem-me… mas no primeiro jogo já tínhamos comboio! Sim, é certo, mas pelo menos eu nem sequer pensava em utilizá-lo tendo formas mais rápidas de chegar onde queria em Springdale.

As primeiras vezes até são engraçadas, vão encontrando alguns yo-kai no comboio que só querem arranjar confusão ou até personagens conhecidas que se sentam convosco para trocar dois dedos de conversa. Depois já se torna um pouco mais do mesmo e confesso que quase tive flashbacks de Spirit Tracks (nada agradáveis, acreditem). Mas nada receiem, felizmente o jogo dá-vos rapidamente a opção de utilizarem o Mirapo para se deslocarem mais facilmente, para que não gastem todo o vosso dinheiro em bilhetes de comboio.

O ponto extremamente positivo da expansão desta mecânica é a introdução de novas áreas, como Harrisville e San Fantastico. Não são da mesma dimensão de Springdale, é certo, mas adicionam uma bem-vinda variedade. Como se isto não fosse suficiente, a narrativa de Yo-kai Watch 2 leva-nos ainda a viajar no tempo – 60 anos no passado, para ser mais precisa. Para além de serem cruciais à história, estas viagens no tempo  adicionam ainda uma dinâmica engraçada a todo o jogo. Existem yo-kais que apenas podemos conhecer no passado e as diferenças da Springdale moderna para a antiga são notórias. É aqui que vemos a atenção ao detalhe dada pela Level-5.

Espicaçar os yo-kai pode não ter bem o efeito que esperam.

Yo-kai Watch não seria o que é sem muitas brigas amigáveis. O combate mantém-se igual ao que já estávamos habituados, mas com uma novidade. Agora, assim que obtiverem o Model Zero, poderão, ao tocar no centro do ecrã, passar a poder usar a M Skill dos vossos yo-kai, aumentando assim o poder do Soultimate. Ao activar a M Skill, o yo-kai activo absorve os Soul Meters dos yo-kais imediatamente ao seu lado. O Target passa a ser Poke e sim, consiste numa habilidade que vos permite “tocar” num ponto fraco de um inimigo quando este está inspirited, e assim causar dano. Este Model-Zero traz também algo que já há muito fazia falta – permite-nos ver qual a comida favorita de um determinado yo-kai. Isto facilita e muito o processo de nos tornarmos amigos daquele yo-kai que nos anda a fugir há uns tempos.

Ainda assim, o combate não é das minhas coisas favoritas neste jogo. Apesar de todas as mecânicas e possíveis estratégias, sinto muitas vezes que é tudo muito fácil e que me posso simplesmente encostar sem sequer dar uso ao Soultimate – algo que já acontecia no original, em que apenas sentia alguma necessidade de esforço em bosses. Os ranks do Yo-kai Watch não ajudam neste sentido, limitando o nível dos yo-kai que vamos encontrando, e assim a dificuldade.

Novas adições prendem-se com a introdução de mais variedade à enormidade de fetch quests que permeiam o jogo. Mini-jogos, apanhar esferas durante o Terror Time ou a utilização do Yo-kai Watch para descobrir portas escondidas ou até adivinhas são pequenos toques que ajudam a fugir um pouco à típica tarefa de apanhar yo-kai X para resolver o problema da pessoa Y. Sim, as quests infelizmente mantém-se na mesma rotina já bem conhecida dos fãs de Yo-Kai Watch. A novidade aqui é que agora podem seleccionar a quest que querem seguir, originando uma seta muito jeitosa que vos orienta para o vosso objetivo. Ainda assim, não esperem grandes novidades. Vão ter que continuar a ajudar os cidadãos de Springdale e arredores com as coisas o mais mundanas possível – com um toque de yo-kai à mistura.

Bem-vindos à velha Hill Valley! Quer dizer, Springdale!

Toda a informação e funcionalidades encontram-se agora compiladas no Yo-kai Pad de Whisper, ou não fosse ele o melhor yo-kai mordomo de sempre. Podem consultar as Quests, os insectos e peixes que já apanharam, o vosso Medallium e tudo a que já tinham acesso no título anterior. A isto se juntam os criminosos Yo-kai (perigosos yo-kai que estão em fuga e poderão ser apanhados por vocês), a previsão do tempo e funcionalidades multijogador que vos permitem não só lutar com os vossos amigos, mas também trocar medalhas e até juntarem-se até quatro aliados para fazerem frente ao terrível Oni, em Yo-kai Blasters.

Yo-kai Watch 2 constitui a oportunidade perfeita para agarrar os jogadores que ainda não conhecem esta franchise. Não aliena aqueles que não jogaram o primeiro e faz aquilo que uma boa sequela deve fazer: manter aquilo que se fez bem e introduzir ainda novidades. Ainda assim, perdeu a oportunidade de resolver alguns dos soluços do título que o antecede, estando Yo-kai Watch perigosamente perto de cair na ratoeira de se tornar apenas mais uma franchise em que as sequelas serão sempre mais do mesmo. Ainda assim, o seu encanto acaba por levar o jogador naquilo que é uma experiência extremamente divertida – e não é isso que se quer de um jogo?

Opinião final:

Yo-kai Watch 2 é uma melhoria notória em comparação com o primeiro título da série. Tudo aquilo que o tornavam bom regressam e temos uma miríade de novidades que vão agradar não só aos fãs do primeiro jogo, como a novos jogadores que aqui terão a melhor introdução de sempre ao mundo dos Yo-kai. Esperamos assim que a Level-5 continue a abraçar a localização desta franchise e que os fãs ocidentais possam viver mais aventuras com Yo-kai Watch.

Do que gostamos:

  • Novas áreas para além de Springdale;
  • Viagens no tempo!
  • Melhoria de pequenos detalhes, comparativamente com o primeiro jogo.

Do que não gostamos:

  • Combate continua a ser demasiado fácil e sem previsão de melhorar.

Nota: 9/10