Antevisão – The Tomorrow Children

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A convite da Sony e da Q-Games, equipa responsável pela produção de The Tomorrow Children, marcámos presença na versão beta fechada, onde, em horários muito restritos, tivemos oportunidade de experimentar um dos exclusivos mais intrigantes da PlayStation 4 para este ano.

De facto, a premissa deste jogo é tão estranha que inclusive depois de o experimentar tenho algumas dificuldades em defini-la. Em The Tomorrow Children somos levados até a uma realidade alternativa em que, devido a uma experiência realizada pela União Soviética que correu terrivelmente mal, todo o planeta Terra foi envolto por uma substância muito peculiar, restando o The Void.

Durante esta sucessão de eventos uma percentagem enorme da população humana perdeu a vida e os poucos sobreviventes não se atrevem a explorar o The Void, tendo criado clones para esse fim. Nós somos um desses clones digitais – uma criança – cuja meta é construir o futuro da humanidade, daí o nome do jogo, que serve também como possível alusão à questão tantas vezes colocada: «Que mundo vamos entregar aos nossos filhos?».

Num breve tutorial são nos explicados, através de um monitor onde vemos um misterioso e, pelo menos aparentemente, maléfico magnata soviético, os conceitos básicos de The Tomorrow Children. Começamos por aprender uma mecânica fundamental ao longo de todo o jogo – a obtenção de recursos – que será o motor da sociedade que queremos edificar. Com a ajuda de uma pá, uma picareta e outros equipamentos de exploração aproximamo-nos de ilhas flutuantes onde, no interior, encontramos os bens que procuramos, como metal ou ouro. Independentemente da ilha a explorar temos sempre de nos servir de uma lanterna já que os clones, quando no escuro, desintegram-se, o que significa o fim da nossa aventura.

Ora aí vai mais um pouco de ouro!

Obter recursos é fundamental para sustentar a cidade.

Findado o tutorial somos deixados um pouco à deriva e apanhamos um metro em direção a uma cidade aleatória, onde encontramos outros jogadores. Em The Tomorrow Children trabalhar para a comunidade, que é a nossa missão pois estamos englobados num estado comunista, significa trabalhar para o bem maior da nossa cidade. No The Void não existe órgão de poder central sendo que cada cidade cresce por si mesma, num sistema político idêntico ao que encontramos na Grécia Antiga com as suas cidades-estado.

A cidade onde nos colocam não é, de todo, definitiva e a qualquer momento podem abandoná-la rumo a outra localidade através do metro. Dentro de cada cidade o poder distribui-se hierarquicamente num sistema de três classes, também elas alusivas às ideias de Marx. Embora a primeira seja o Proletariado, de maneira a experimentarmos um maior número de funcionalidades de edição e construção a Q-Games colocou-nos automaticamente na segunda, o Burguês que, entre outras vantagens, pode construir a sua própria casa e mobiliá-la a gosto.

Para conseguirmos os recursos, cuja importância frisei anteriormente, temos de apanhar um autocarro que nos leva até às já referidas ilhas. Já na posse dos recursos regressamos à cidade onde os depositamos num espaço aberto a que qualquer um dos outros cidadãos pode aceder e utilizar para construir o que quiser.

A comunidade digital traz um pouco de vida para o The Void

A comunidade digital traz um pouco de vida para o The Void

Em todas as cidades encontramos vários estabelecimentos onde podemos gerir a cidade, comprar itens para continuar a angariar recursos entre muitas outras funcionalidades. As construções que podemos criar na nossa cidade são o ponto principal de The Tomorrow Children, sendo que temos inúmeros objetos e edifícios por onde escolher, cada um com a sua finalidade única e que incentiva a que joguemos durante várias horas para conseguir expandir a cidade mais e mais.

O facto de os recursos estarem disponíveis para todos os jogadores poderá tornar-se um problema quando o jogo for lançado em casos em que estamos muito perto de conseguir os recursos que precisamos para um projeto que ambicionamos há muito tempo e de repente um dos nossos companheiros arruína tudo ao criar um edifício completamente diferente.

Esta falta de contacto entre os jogadores fez-se notar bastante na beta em que por vezes tinha duvidas se eram realmente outras pessoas ou eram NPCs que eu estava a ver. Devido à inexistência de voice chat ou qualquer forma de contactar eficientemente com os nossos companheiros, existe uma quebra bastante notável entre tudo o que o jogo propões – que passa pela união em prol do bem comum – e a falta de proximidade entre os membros desta sociedade digital.

Para além desta dificuldade, gerada pela falta de contacto, e aqui fica tudo mais interessante, existe um desafio muito maior ao crescimento organizado da nossa cidade – os Izverg – monstros colossais que vagueiam sem direção definida e que poderão tentar destruir a nossa comunidade. Assim, um dos objetivos mais importantes de qualquer cidade é construir defesas suficientes para aguentar com o ataque destas bestas.

Quando virem um monstro colossal a aproximar-se, peguem nas vossas armas!

Quando virem um monstro colossal a aproximar-se, peguem nas vossas armas!

Em termos visuais, a Q-Games conseguiu criar algo que consegue simular a 100% o ar tão característico da União Soviética dos anos 60, o que, aliado aos próprios sistemas de jogos faz com que sintamos que estamos dentro de uma sociedade comunista soviética.

Opinião final:

Desde que ouvimos falar de The Tomorrow Children ficámos interessados nesta proposta da Q-Games e o que pudemos experienciar na versão beta apenas veio de encontro às nossas expectativas, tirando um ponto ou outro em que esperamos ver melhor na versão final. Ao jogarmos este título ficamos com uma ideia bastante clara: que se trata de algo único, que nos poderá entreter durante largas dezenas de horas, especialmente se jogado entre amigos, e de que será um título que muito provavelmente vai cumprir com as nossas expectativas. Da nossa parte continuamos curiosos sobre como irá evoluir The Tomorrow Children até ao seu lançamento e aguardamos ansiosamente para voltar a experimentar este exclusivo PlayStation 4.