Anthem – Análise

Passado um período de quase três meses desde o seu lançamento atribulado, e após as várias alterações feitas a nível de equilíbrio e correção de bugs, Anthem – o looter/shooter MMO da EA, desenvolvido pela BioWare – evoluiu ligeiramente da absoluta confusão que era a sua versão de lançamento. Consideramos, pois, que uma análise justa e completa, deve incluir estes ajustes ao jogo – sob pena da mesma se tornar rapidamente desatualizada.

Antem é um jogo difícil de definir, tal é a esquizofrenia entre os vários elementos que o compõem. Por um lado, é um RPG 1st person inserido numa narrativa altamente desenvolvida – e quando dizemos altamente, nem chegamos perto de explicar o quão intrincados são os elementos que constituem a história. Anthem, cataclysm, javelin, lancer, echo, cypher, cenotaph, são tudo termos específicos ao universo de Anthem e que necessitam de ser compreendidos para sequer sabermos o que se está a passar – muito ao estilo BioWare – e o jogo não faz esforço nenhum (a não ser apresentar glossário in-game) para explicar do que se tratam os mil e um termos que são lançados à cara do jogador logo nos primeiros 10 minutos. Por outro lado, é um shooter/RPG ao estilo de Destiny, no qual a nossa missão é completar objetivos pelo mapa, sendo recompensados com loot, com que depois podemos equipar e embelezar a nossa armadura.

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Preparem-se para combates espectaculares contra criaturas grotescas!

Mas vamos à estória. Anthem passa-se num mundo em que os seres humanos vivem em enclaves (fortes) que os separam da natureza selvagem e perigosa. Neste mundo construído pelos Shapers – entidades misteriosas que desapareceram sem deixar rasto – existem algumas relíquias deixadas por estes criadores e que, por influência do anthem – o hino da criação – se ativam, causando cataclismos que têm todo o tipo de efeitos – desde alterar a geografia até criar espécies novas de criaturas. Conscientes deste perigo, a humanidade utiliza os Javelins, armaduras ao estilo IRON-MAN pilotadas por Freelancers, pilotos com talento, que procuram suprimir o perigo, combatendo as criaturas e parando os cataclismos. Chamam a isto silenciar o anthem. O Domínio, um império a Norte, procura por sua vez, obter o cenotaph – uma relíquia com um acesso ilimitado ao anthem – e que, se conquistado, poderá colocar em perigo todo o planeta, cabendo aos Freelancers de Fort Tarsis impedir esse desfecho.

Esta narrativa tem a sua melhor exposição nos momentos passados dentro de Fort Tarsis. Nestes, a nossa personagem consegue interagir com vários NPCs pertencentes às várias facções presentes no forte – os Freelancers, que foram acima descritos,; os Sentinels, a força policial que mantém a ordem no forte; e finalmente os Arcanists, os académicos que procuram saber mais sobre o mundo e os elementos que o compõem. Com a possibilidade de desenvolver o relacionamento com estas fações através das escolhas (mas não só) feitas durante as interações com as personagens, somos relembrados de jogos como Mass Effect e Dragon Age – porém, com bastantes limitações.

Do outro lado da muralha, temos o “jogo” propriamente dito. Comecemos pelos 4 javelins jogáveis:  temos o Ranger, que é equilibrado, mas que não brilha em nenhuma das três categorias; o Colossus, que serve como tanque, pois tem uma alta capacidade de defesa, mas é lento em contrapartida; o Storm, que é um dps/suporte com a capacidade de fazer AoEs, mas com uma defesa baixa; e finalmente o Interceptor, um javelin dps rápido e com alto poder de ataque, mas uma capacidade de defesa também bastante baixa.

Os quatro javelins são uma absoluta maravilha de contemplar.

Anthem pede por ser jogado em equipa, com as capacidades de certos javelins a jogarem em conjunto. Aliás, o jogo quase que nos força a jogar em conjunto. É possível escolher ir numa missão sozinho, mas rapidamente somos avisados de que o jogo é mais divertido em conjunto, e – entendam bem – somos avisados que caso carreguemos no “Ok” – o jogo reconfigurará o modo para multijogador público.

Estranhamente, durante mais de 60% da campanha, jogámos absolutamente sozinhos. Não havia nada de errado com a nossa ligação à Internet, nem com as configurações do jogo – o que nos leva a crer que o problema estaria do lado do servidor.

No que toca à jogabilidade, mais uma vez o jogo demonstra a esquizofrenia absoluta ao possuir mecânicas de voo e de combate absolutamente fantásticas – é completamente viciante levantar voo e voar pelo mapa, aterrando no meio do combate, num espetáculo de balas e fogo, mas por outro lado, os objetivos são quase sempre os mesmos: vai até este local, mata todos os inimigos, pega no item, resolve o puzzle, vai até outro local, mata todos os inimigos ou o boss… e sucesso! Tudo isto culmina num jogo extremamente divertido nos primeiros minutos de cada missão, arrastando-se à medida que os objetivos se vão repetindo.

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Com uma forte componente social, Anthem quase que exige ser jogado juntamente com mais 3 jogadores!

A nível de apresentação, Anthem é um jogo muito bonito, e quando nos referimos a ele dessa forma, queremos na verdade dizer que a expansão que é o mundo de Anthem é algo de inacreditável – um mundo verdejante e cheio de criaturas que vivem organicamente no meio da natureza. Já dentro das muralhas, o espetáculo visual é menor, mas as interações com os NPCs estão cheias de vida. Talvez pela expressão que fazem quando nos olham diretamente nos olhos, talvez pela linguagem física dos mesmos, digamos apenas que as interações com os NPCs em Anthem têm de figurar nos próximos jogos da BioWare. As personagens simplesmente puxam por nós e interessa-nos genuinamente saber como estão e se terão sucesso nos seus afazeres em Fort Tarsis.

Musicalmente, digamos que o tema Freelancer é uma composição inesquecível que está ao nível do tema de Halo. Simplesmente consegue transmitir a ideia de que conseguimos pilotar uma armadura fantástica e que aquele mundo depende de nós.

Opinião Final:

Anthem não é aquele jogo incrível que foi anunciado e mostrado na E3 de 2017, mas também não é aquela confusão injogável que a crítica recebeu em Fevereiro. É um bom jogo, não é incrível, e tem muito por onde crescer – aliás, certamente que assim será, até porque terá certamente expansões DLC e provavelmente uma sequela. A jogabilidade é boa e é bastante divertido quando jogado em conjunto, embora um bocado repetitivo. Além disso, o mundo de Anthem é interessante e poderá ser muito melhor aproveitado em projetos futuros, com tempo e planeamento. Basta a EA dar liberdade suficiente à BioWare para esta fazer novamente a sua magia.

Do que gostamos:

  • A narrativa de Anthem estabelece um mundo incrível, interessante e cheio de vida;
  • É incrível levantar voo e depois aterrar no meio de um combate, arma e capacidades especiais a dispararem em todos os sentidos, o que transmite aquela ideia de invencibilidade;
  • A apresentação gráfica e banda sonora trazem vida e entusiasmo ao mundo de Anthem.

Do que não gostamos: 

Existe uma certa desconexão entre o mundo dentro e fora das muralhas de Fort Tarsis.

Nota: 7/10