Call of Duty: Modern Warfare – Análise

Call of Duty Modern Warfare (2019) foi a maior investida por parte da Activison em reconectar a série Call of Duty com as suas raízes. A prova disso é a enorme quantidade de recursos projetados num enredo onde tudo é pensado e que deixa a memória do jogador a fervilhar por mais, com motivações que nos levam a um cenário de guerra, onde esta nos é mostrada na sua forma pura e dura.

Todo este carinho dado à saga Modern Warfare surgiu pelo seu estatuto pioneiro na jogabilidade, no seu level design, assim como nos seus visuais inovadores e algo únicos. O tempo passou, mas os fãs nunca deixaram que a saga caísse no tumulto do esquecimento e eis que constatamos que a Activision também não. Depois de vários anos de um divagar constante na série, esta voltou a fazer escala em Modern Warfare, podendo ter gerado o melhor jogo já feito com o poderoso nome Call of Duty.

O enredo parece ter sido retirado de um guião de Hollywood, com mais momentos épicos e de reviravoltas do que possas esperar, deixando-te preso ao sofá durante horas até terminares por completo esta aventura incrivelmente desenhada para agradar a gregos e a troianos. Os atores demonstraram um trabalho incrível, tanto a nível de voz, de acting ou de qualquer outra característica técnica.

A campanha do jogo leva-nos a várias localidades por todo o mundo, tendo estas igual importância no desenrolar da trama. Desde o deserto ao centro de Londres que somos envolvidos por uma enorme tensão, derivada de uma iminente ameaça terrorista, que terá de ser neutralizada pela nossa personagem. Neste leque de mercenários voltamos a encontrar-nos com o icónico Mr. Pierce, lendária personagem da saga que volta com uma persona diferente, contudo com a mesma aura de mercenário implacável. É ainda importante referir que este jogo foi bastante castigado pelos seus utilizadores em sites de cotação de notas por supostamente transmitir, através do seu enredo, ódio, xenófobia e preconceito em relação a um outro país. Algo a que todos remete uma opinião, mas que não será julgada nesta análise por motivos óbvios. Vamos apenas concentrar-nos no jogo em si e tudo o que transcenda a ficção que fique para os entendidos.

O armamento é apresentado num vasto leque e dificilmente deixará algum fã desapontado. Desde as conhecidas SMG´s às caçadeiras, e nunca esquecendo as snipers, o jogo apresenta-se com um arsenal retalhado para a destruição massiva das forças oponentes. O bullet drop está apresentado com belo efeito sendo muito divertido de observar as ações da natureza a definir o destino de uma bala cuja trajetória tem de ser meticulosamente calculada.

Todos estes elementos são parte fulcral do modo história, que, embora curto, está muito grosso, metaforicamente falando, claro. Os momentos épicos fazem deste um dos FPS´s mais cinematográficos já vistos até hoje, mantendo um gameplay bastante ativo e intuitivo, com uma ótima narrativa linear que nos vai conduzindo de forma quase brilhante ao longo da jornada, resultando numa mistura de ação desenfreada e incrivelmente divertida com o peso dramática que a guerra traz de forma iminente a todos os que passam pela sua destruição e impiedade.

Apesar do brilharete no modo história, o modo online surge com todo o seu potencial e não desapontou. Os modos clássicos estão de volta, com a novidade de podermos jogar agora em mapas de maior escala – bem ao estilo Battlefield. As mecânicas muito atuais e reconfiguradas permitiram que houvesse uma evolução bastante significativa no que todos os fãs pediam, algo mais fresco e dinâmico.

Admito que joguei e gostei bastante da fluidez com que tudo acontece, apesar de existirem vários jogadores na tela. Uma jogabilidade leve permite que todos os jogadores consigam com algum treino ficar relativamente bons em pouco tempo, o que faz com que este novo Call of Duty te permita usufruir de várias horas de jogo, sozinho ou com amigos. Desde o clássico Search and Destroy ao Capture the Flag, todos os modos estão otimizados para que possas extrair o máximo da experiência que a Activision quis de facto entregar.

O nível técnico do jogo é algo de incrível para a atual geração, e este pode ser facilmente considerado como um dos shooters mais bonitos. Os detalhes e texturas estão meticulosamente trabalhados, algo ainda melhor promovido por uma campanha relativamente pequena, mostrando claramente que, aqui, o tamanho não interessa e que, grosso modo, todos os ingredientes estão na medida certa e que o resultado é tudo menos insosso. Os diferentes cenários estão muito bem desenhados e emitem de forma clara que a vida de um mercenário passa por se enquadrar em diferentes ambientes, onde teremos de saber usar os seus pontos fortes e prevenir-nos dos pontos fracos, para assim estarmos sempre um passo à frente dos nossos inimigos.

A performance é muito estável mesmo que numa PlayStation 4 fat. Foram raros os momentos em que houve quedas nos fotogramas e estas nunca aconteceram de forma significativa. Acredito que tenha existido muito carinho no desenvolvimento deste novo capítulo da saga, pois não se via um título Call of Duty com esta envergadura há muito tempo. Mesmo nos momentos mais claustrofóbicos, onde a ação é imperativa, o jogo corre com uma flow mais do que satisfatória e sem ter precisado de atualizações pós lançamento, algo que hoje em dia é quase uma certeza numa indústria cada vez mais aflita em entregar os produtos atempadamente com a qualidade exigida.

Opinião Final:
Este é sem dúvida o caminho que os fãs tanto pediram durante esta década para a série, e depois de várias experiências menos conseguidas um dos mais poderosos nomes da indústria volta para atacar o final da década com mestria e classe, com a consciência de que descartar um bom enredo é “cortar as pernas” a algo mais. É com muita satisfação e com um sorriso na cara que concluí o modo história e parti para o sólido modo online. Tudo parece bem encaminhado e certamente que a Activision ficou com vontade de mais, podendo melhorar ainda os próximos títulos da série. Aguardamos com muito entusiasmo pelos próximos projetos relacionados com a franquia, e certamente que vamos acompanhar todos os desenvolvimentos.

Do que gostamos:

  • O regresso de um colosso;
  • Enredo muito bom;
  • Ótimo desempenho e visuais;
  • Modo online impecável.

Do que não gostamos:

  • Final da história pouco desenvolvido.

Nota: 9/10