Captain Toad: Treasure Tracker (Nintendo 3DS) – Análise

Muitos dos principais lançamentos do mercado de videojogos – como os grandes títulos de jogos de plataformas ou de ação e aventura – trazem consigo pequenos minijogos que muitas vezes acabam por ser uma forma simples e divertida de refrescar a experiência e quebrar um pouco alguma monotonia que sempre se faz notar. Em alguns destes, ironicamente, os minijogos conseguem mesmo ser mais divertidos ou se destacar mais do que o “prato principal”. Seria injusto dizer que isto se passa em Super Mario 3D World, mas é importante notar como os minijogos com o Capt. Toad conseguiram transcender a vida do jogo em que surgiram. A maneira como o fizeram foi através de Captain Toad: Treasure Tracker, um jogo lançado no dia 1 de janeiro de 2015 para a Wii U e que se trata exatamente de uma compilação de níveis inspirados nos minijogos de 3D World, à qual foi acrescentada uma estória bastante simples.

Os minijogos protagonizados pelo adorável Capt. Toad ganharam de tal modo uma vida própria que o jogo que os agrupou numa coletânea de mais de 70 níveis chegou agora à Nintendo Switch e Nintendo 3DS. E isto sem sequer sabermos se Super Mario 3D World acabará por seguir o mesmo caminho que este e tantos outros títulos da Wii U.

A experiência que encontramos nesta nova versão para a Nintendo 3DS é, fundamentalmente, a mesma da versão original, e aqui analisamos principalmente a qualidade desta versão face à original. As principais novidades são duas: a substituição dos níveis alusivos a 3D World por níveis alusivos a Odyssey; e o pixel Toad. Este último trata-se de um sprite em 8-bits de Toad que irá estar colado a uma das paredes de cada nível, tratando-se de mais um desafio extra ter de encontrá-lo (por vezes em sítios bem rebuscados) e apanhá-lo tocando nele com o ecrã tátil. O pixel Toad trata-se, portanto, de mais um colecionável, permitindo um aumento da longevidade para aqueles que gostam de completar tudo a 100%. Colecionar os pixel Toads não vos dará qualquer extra, mas se forem como eu, irão com certeza querer ter um carimbo a mais nas página de cada nível, e, caso consigam encontrá-lo em todos os níveis, também no livro

Captain Toad: Treasure Tracker está organizado em vários livros que relatam a estória de Cpt. Toad, Toadette e de um pássaro que não deixa estes exploradores em paz. Nestes livros, cada página corresponde a um nível, excetuando pontuais páginas em que é revelada uma cinemática da expedição de Cpt. Toad ou Toadette. Cada livro representa um episódio independente na estória do jogo. Por isso, quando ao fim de cerca de 2 ou 3 horas chegarem ao fim do primeiro livro, com tudo completo a 100% e virem os créditos a correr no vosso ecrã, não se preocupem, ainda há mais a explorar em Treasure Tracker.

Infelizmente o que ficará por explorar não diverge muito daquilo que jogaram até ao final do primeiro nível. A dificuldade aumenta um pouco, mas a estória dos livros seguintes é exatamente igual à do primeiro e os desafios não trazem grandes novidades. Isto leva a que o jogo acabe por se tornar algo repetitivo. Isto nota-se especialmente em sessões mais longas de jogo, e é por isso que Captain Toad: Treasure Tracker se adequa de forma tão perfeita à Nintendo 3DS e à Switch: é o jogo ideal para uma curta sessão de jogo quando estão fora de casa e não têm muito tempo.

Sabemos que a Nintendo 3DS já conta com mais de sete anos, e que mesmo na altura do seu lançamento não era a consola de ponta em termos de poder bruto, e este facto tem sido responsável por alguns dos ports da Wii U para a consola ficarem aquém das expetativas, com as imagens muito comprimidas, quebras de framerate e outros problemas. A versão portátil de Hyrule Warriors sofreu particularmente com este problema (como notámos na nossa análise), mas outros lançamentos não brilharam muito mais do que Legends.

Com este historial de lançamentos de qualidade mista, torna-se ainda mais espantoso observar a qualidade deste port de Captain Toad: Treasure Tracker. Captain Toad não é tão frenético (nem pouco nem mais ou menos) como Hyrule Warriors, ou mesmo como Mario Maker ou Yoshi’s Wooly World, e portanto compreende-se que tenha sido mais fácil colocá-lo a correr tão bem na 3DS. Mas mesmo que atendamos a esse facto, não deixa de ser impressionante como, apesar de a imagem sem dúvida ter sido algo comprimida, o jogo tem um aspeto incrível e várias cenas de fazer cair o queixo. No aproximar do seu fim de vida, a 3DS tem recebido jogos com um aspeto fantástico, como Dillon’s Dead Heat Breakers. E Captain Toad: Treasure Tracker faz sem dúvida parte deste canto de cisne da portátil da Nintendo.

Apesar de nunca ter conquistado muito os detentores da consola ou os jogadores no geral, sempre fui um apologista da inclusão do efeito 3D na Nintendo 3DS e fiquei encantado com alguns dos jogos em que este estava melhor trabalhado, como no The Legend of Zelda: Ocarina of Time, um dos primeiros jogos que tive e joguei na portátil da Nintendo. E considerando os vários títulos que fui tendo oportunidade de jogar na consola desde 2011, penso que não seria de todo um exagero dizer que Captain Toad: Treasure Tracker é um dos jogos em que o efeito 3D mais melhora a experiência. Em modo 2D o jogo já tem um bom aspeto para a consola com as especificações da 3DS e sabendo que o título original foi lançado para a Wii U, mas especialmente em modo 3D o jogo fica significativamente mais apelativo.  Se estiverem a jogar numa new3DS, o aspeto será ainda melhor.

No geral, o port de Treasure Tracker está bem realizado. A apresentação está incrível tanto em termos de visuais como da banda sonora, os controlos respondem bem, e a performance mantém-se estável num bom nível… excepto nos coin galores. Nestes momentos, Cpt. Toad tem a oportunidade de ganhar muitas moedas num curto intervalo de tempo, e qualquer um dos minijogos através dos quais se podem ganhar essas moedas, devido à quantidade de eventos a ocorrer e objetos no ecrã, o framerate baixa imenso, o que não ocorreu durante nenhum outro ponto da minha experiência.

Opinião Final:

Captain Toad: Treasure Tracker foi um lançamento sólido no início de 2015 para a Wii U, e continua a ser uma grande experiência, e que na verdade se torna melhor e é mais adequada para as consolas para que sai agora: Nintendo 3DS e Switch. A versão 3DS deixou-nos particularmente espantados pela sua qualidade, apesar das especificações da consola face à Wii U. Tirando o facto de não terem sido acrescentadas muitas novidades, do jogo continuar com alguns dos seus problemas e de existir problemas de performance nos coin galores, esta é uma boa experiência que com certeza devem experimentar, o que poderão fazer através de uma versão experimental disponível na Nintendo eShop e assim saber se Treasure Tracker apela ao vosso gosto.

Do que gostamos:

  • Excelente apresentação;
  • Efeito 3D bem trabalhado e relevante para a experiência;
  • Pixel Toad acrescenta alguma longevidade ao jogo;
  • Adequa-se perfeitamente à portabilidade da Nintendo 3DS.

Do que não gostamos: 

  • Quebras no framerate nos coin galores;
  • Pode tornar-se repetitivo especialmente em sessões longas de jogo;
  • Repetição da estória de episódio para episódio.

Nota: 8,5/10