Carcassonne (Switch) – Análise

O famoso jogo de tabuleiro de construção de localidades medievais, estradas e terrenos chegou no passado dia 6 de dezembro à loja digital da Nintendo Switch. Falo de Carcassonne, o primeiro jogo de tabuleiro a chegar à consola da Nintendo fruto da iniciativa da Asmodee Digital, anunciada na apresentação Nintendo Direct de 13 de setembro do ano passado, de adicionar ao catálogo deste sistema clássicos jogos de mesa.

Carcassonne trata-se de um título bastante simples, o que permite facilmente explicar a outras pessoas como o jogo funciona, e que divirta sem grandes demoras. É compatível com os três modos de jogo da Switch (modo TV, estável e portátil), e contém tanto um modo a solo, em que o jogador defronta um oponente controlado por Inteligência Artificial, como um modo multijogador em que até seis pessoas se podem divertir localmente. Infelizmente (e inexplicavelmente, diga-se), não existe modo multijogador em linha, pelo que terão mesmo de ter amigos disponíveis para partilhar a experiência convosco numa mesma divisão para a vossa experiência não se limitar ao modo solo.

Jogar Carcassonne será sempre divertido, mas esta versão não parece fazer o suficiente para honrar o seu nome.

E aqui é de referir aquele que é talvez o maior problema com este lançamento. Enquanto que jogar a solo se torna facilmente aborrecido, apesar da diversão inerente ao próprio jogo de tabuleiro, Carcassonne, jogar localmente com amigos ou familiares num ecrã… simplesmente transmite uma sensação de inadequação. Não estou, é claro, a afirmar que videojogos não possam proporcionar experiências bastante divertidas localmente: é claro que podem, não deixando de falar na Switch, basta olhar para a diversão que se pode ter juntando amigos num sofá a jogar Mario Kart 8 Deluxe ou Super Smash Bros. Ultimate. Simplesmente, no caso de Carcassone estamos a falar de um jogo de tabuleiro, e sendo este uma adaptação de um jogo de tabuleiro real… simplesmente não é a mesma coisa do que ter o próprio tabuleiro a ser construído em cima da nossa mesa.

Poderiam apontar-me que séries como Mario Party também apresentam tabuleiros e são jogos que definitivamente têm o seu público – basta observar o número de vendas do mais recente título na série, Super Mario Party. No entanto, penso que o caso não é comparável. Enquanto nos jogos dessa série, tanto a nível do dinamismo do que ocorre no próprio tabuleiro virtual, como a nível dos vários modos disponíveis e pelo facto de existirem vários minijogos, estes não se sentem como simples jogos de tabuleiro, mas como uma compilação de minijogos que, em alguns modos, é apresentada sob a forma de uma espécie de jogo da glória.

Até 6 jogadores podem defrontar-se pelo domínio de um mundo medieval.

Fazendo justiça a Carcassonne, é verdade que esta versão digital apresenta alguns efeitos interessantes, auxílios visuais e modelos a três dimensões. De facto, este talvez seja o único ponto de destaque desta versão digital face à versão física, pois permite não só ter melhor noção de como o jogo se está a desenrolar, como elimina ainda um dos pontos negativos do jogo físico: a dificuldade em contar os pontos. O jogo oferece poucas opções de customização, sendo impossível sequer mudar o nome dos jogadores, pelo que caso queiram jogar localmente, cada uma das pessoas será o Player 1, Player 2… e por aí adiante. Este facto torna não só mais provável que a pessoa perca a noção de qual jogador é, mas torna também a experiência menos pessoal.

Os menus são simples e não é possível controlá-los (por razão nenhuma) com o D-Pad, mas apenas com o analógico esquerdo, e os Joy-Con vibram sempre que se aponta numa direção em que não há mais opções. Também durante as próprias sessões de jogo o HD Rumble é usado abundantemente, e de forma abusiva até. Infelizmente, não é possível desligar esta funcionalidade, o que acaba por tornar a experiência irritante. Ao jogar o modo a solo em modo portátil, dei por mim a pousar a consola assim que acabava uma sessão de jogo, pelo exagero do uso no final das mesmas.

É sempre possível desativar os efeitos 3D e animações, optando por uma visão aérea que permite um maior controlo estratégico.

Neste momento poderão comprar a versão base na eShop por 19.99€, tendo ainda a possibilidade de comprar a expansão Inns & Cathedrals. A opção de comprar esta expansão aparece logo no menu inicial, sendo uma de três opções que podem escolher. Embora seja compreensível que a Asmodee Digital queira informar os jogadores de que podem diversificar a sua experiência investindo em expansões para o mesmo, a maneira como o faz é algo ostensiva. De forma a redigir esta análise tivemos acesso a uma versão do jogo base, a qual vem já com as expansões The Abbot The River, e pelo lado positivo estas de facto alteram a experiência de jogo, e é possível selecionar facilmente, antes de entrar numa sessão de jogo, se queremos jogar com alguma expansão, com todas, ou apenas com algumas, simplesmente ativando aquelas com que desejamos jogar.

Opinião Final:

Escusado será dizer que Carcassonne é um divertido jogo de tabuleiro – os seus prémios e amplo reconhecimento falam por si. Como tal, este lançamento acaba por divertir em jogos a solo, ou com amigos (embora neste tipo de jogos, jogar sozinhos nunca seja o mesmo), em virtude da qualidade do jogo de tabuleiro de que é uma adaptação.  No entanto, não é apenas a qualidade do produto original que conta, e este lançamento acaba por falhar na maior parte daquilo que traz de novo. Embora as animações tragam mais vida a este mundo medieval e sejam uma ajuda, a falta de opções básicas, o abusar do HD Rumble e a incompreensível falta de um modo online tornam esta uma versão empobrecida de Carcassonne, especialmente em comparação com a versão lançada há quase 12 anos para a Xbox 360.  Embora existam promessas de melhorias futuras, como a inclusão de um modo online e de mais expansões serem disponibilizadas na eShop, não podemos, em boa fé, recomendar a versão Switch de Carcassonne tal como se encontra no momento em que esta análise é publicada.

Do que gostamos:

  • A experiência competitiva de construir um mundo medieval continua tão divertida como sempre;
  • Animações e modelos 3D tornam a experiência mais acessível e menos demorada;
  • Possibilidade de suspender o jogo a qualquer momento.

Do que não gostamos: 

  • Ausência de modo online;
  • Falta de opções básicas;
  • Uso excessivo do HD Rumble;
  • Forma ostensiva como a possibilidade de comprar expansões nos é apresentada;
  • O jogo na Switch conta ainda com poucas expansões.

Nota: 5,5/10