Cities: Skylines – Industries – Análise

Cities: Skylines foi lançado em março de 2015 para PC. E embora tenha posteriormente recebido versões para PlayStation 4, Xbox One e Nintendo Switch sempre foi no PC que o jogo ganhou mais destaque, já que pelas mãos da Colossal Order e Paradox Interactive, o jogo de simulação e gestão de cidade recebeu diversas DLCs e até mesmo algumas centenas de mods.

Mas um problema bem comum em jogos deste estilo, é que nem sempre as suas DLCs estão à altura do jogo base, e quando temos um dos jogos mais aclamados dentro do seu género, essa tarefa tornar-se um desafio considerável. Podem, no entanto, ficar descansados – a última expansão de Cities: Skylines, intitulada “Industries”, cumpriu na perfeição esse desafio e foi ainda mais além.

Lançado no final de outubro deste ano, Industries, como o próprio nome já indica, amplia ainda mais os setores industriais do jogo, reunindo mecânicas já familiares para qualquer jogador de Cities: Skylines que conheça os sistemas de distritos, e  finalmente trazendo um impacto real para esses setores e os seus recursos dentro do jogo e do seu mapa.

Até então, o que a maioria dos jogadores fazia era simplesmente olhar qual área era mais indicada para cada indústria, construir acessos, e transformar tudo aquilo numa zona industrial indiscriminada, deixando nas mãos do jogo entender qual era a diferença de uma zona industria tradicional e uma zona industria especializada na extração e transformação de recursos, algo que nem sempre trazia algo de diferenciado, sendo muitas vezes mais uma zona industrial qualquer e altamente poluente.

Já com esta nova expansão, um novo mundo de oportunidades e diversidades se abre, e não é exagero dizer isso. O planeamento começa desde os primeiros passos que derem na construção e gestão da vossa cidade, já que cada tipo de indústria irá afetar outros elementos dentro da cidade. Por exemplo, ao se construir um distrito industrial florestal, estes não serão prédios com uma quantidade massiva de fumo a sair das suas chaminés, mas serão edifícios que vão condizer com a exploração daquela zona e inclusive funcionar em sinergia com a expansão disponibilizada em maio deste ano, Parklife, que permite aos jogadores explorarem o turismo e o entretenimento natural com parques naturais e até zoológicos.

À medida que a vossa indústria florestal sobe de nível, vai abrindo espaço para outros tipos de produção com base nessa industria, pelo que uma zona que fazia a extração de madeira e até então exportava o produto bruto, agora poderá utilizar essa matéria-prima para produzir novos recursos especializados, como placas de madeira, que poderão ser utilizadas não apenas nas áreas industriais tradicionais, mas em outras áreas industriais especializadas na produção de outros recursos. Esta janela para novas oportunidades traz uma sensação de evolução constante e coesão entre as diversas zonas da cidade, já que num determinado momento do jogo a vossa cidade irá alcançar um nível de produção industrial onde uma matéria-prima simples, que começou a ser extraída numa região da cidade, irá viajar entre as diferentes regiões e distritos e utilizada para chegar a um produto final altamente especializado e importante, como veículos.

Contudo, algo que qualquer jogador de Cities: Skylines aprendeu rapidamente é que mais importante do que prédios, comércio ou indústria, é o quanto uma região residencial gera de trânsito com os seus habitantes, ou uma zona industrial gera de trânsito com camiões e camiões a tentar exportar esses recursos, e esta dimensão foi ainda mais aprofundada com a expansão Mass Transit (lançada em maio de 2017), alcançando agora em Industries todo um novo nível.

Agora o trânsito não se limita à exportação para fora da vossa cidade, mas acontece também dentro da mesma, ou seja, um recurso extraído num ponto deverá ir para armazéns na sua cidade e de lá exportado para outras regiões do mapa, através de rotas marítimas, áreas ou terrestres. Desta forma, aeroportos de carga e até mesmo o sistema de correios ganha uma nova importância e o jogador deverá estar ainda mais atento à possibilidade de as suas ruas rapidamente se tornarem autênticas armadilhas de veículos, com ninguém a conseguir ir para lado algum, como por exemplo um camião que deveria chegar ao aeroporto em 1 minuto, ficar preso num trânsito infernal, acabando por apenas chegar, provavelmente, ao seu destino no dia seguinte. Devido a estas novas fontes de perturbação das vias públicas, os jogadores deverão ter atenção à criação de diferentes rotas, onde colocam cada armazém ou edifício de tratamento e exportação de recursos. Quando for o momento ideal, uma solução poderá passar por apostar em portagens e, como mencionado, esperar até ao momento em que a vossa cidade já estiver praticamente toda construída não é, definitivamente, a melhor solução.  O jogador deve, antes, planear ao máximo cada zona logo nos seus primeiros minutos de jogo, para assim evitar uma posterior remodelação forçada.

As indústrias também vão influenciar outros elementos dentro do jogo, como os serviços públicos. Um dos mais notáveis é a educação, industrias de alto desempenho e tratamento de recursos mais nobres vão exigir profissionais com melhores habilitações académicas, enquanto que a exploração de recursos mais simples vão mesmo pedir profissionais com menos habilitações académicas. Sendo assim, cabe ao jogador não apenas pensar especificamente nas zonas industriais, mas também pensar em quais serviços colocará em cada zona do mapa, afinal, pessoas com grandes habilitações académicas dificilmente vão querer passar o dia inteiro a trabalhar com máquinas pesadas e poluição em pedreiras, ou áreas de exploração de petróleo.

Mas Industries traz uma consequência que poderá dividir muitos jogadores. Enquanto que no jogo base, por não haver tanta especialização e diversidade, as cidades evoluíam de maneira quase gradual e sem grandes picos de lucros, Industries fará os jogadores optarem por níveis de dificuldade maior, já que o custo de construção dessas indústrias é bastante alto, porém, se bem planeados, esses distritos industriais especializados vão fazer a cidade gerar lucros de maneira assustadora, sendo a principal fonte de lucro das mesmas, representando facilmente 80% do lucro total.

Além disso, esse ciclo de recursos gera oscilações muito notáveis nos lucros. Ou seja, caso um camião ou veículo dos correios fique preso no trânsito, por exemplo, uma indústria que precise desse recurso começará a sofrer baixa na sua produção e isso automaticamente fará com que o lucro daquela indústria comece a cair, até o recurso finalmente chegar. O mesmo acontece se a demanda for maior que a oferta. Por isso , o jogador também deverá estar constantemente atento ao crescimento não apenas daquela área industria, mas também das outras áreas industriais que precisam daquele outro recurso para conseguir produzir os seus produtos.

Opinião Final:

Em resumo, Cities: Skylines – Industries é uma excelente expansão para aqueles que procuram ampliar ainda mais a gama de possibilidades na criação de distritos industriais especializados como mineração, extração de petróleo, pecuária ou exploração florestal em geral, não apenas influenciando consideravelmente a maneira como temos de gerir essas zonas, mas toda a cidade, desde os primeiros passos a tomar, funcionando de maneira paralela a outras expansões e trazendo agora a consideração adicional de uma indústria depender da outra para continuar a evoluir o seu nível.

Se por um lado isso vai agradar a muitos jogadores, aqueles que procuram apenas algo simples e divertido sem precisarem de tomar grandes decisões e estar constantemente a pensar em maneiras de transportar recursos, vão sentir-se intimidados por esta expansão, já que, definitivamente, apesar de funcionar em sinergia com Parklife, esta expansão está bem longe de ser um “passeio no parque”.

Do que gostamos:

  • Especialização industrial;
  • Possibilidade de criação e gestão de indústrias e dos seus recursos de maneira mais especializada;
  • Sinergia com outras expansões;
  • Novos serviços e leis a serem aplicadas na cidade e zonas;
  • Novos elementos de decoração;
  • Influência nos serviços públicos da cidade.

Do que não gostamos: 

  • Algumas incompatibilidades com mods anteriormente lançados (principalmente na sua semana de lançamento);
  • Apesar da sinergia com a expansão Mass Transit, essas zonas industriais ainda geram problemas no transporte que nem sempre poderão ser corrigidos de maneira efetiva;
  • Dependendo do nível de dificuldade escolhido, poderá chegar um momento em que terão mais dinheiro do que poderiam gastar se fizessem 3 cidades daquele mesmo tamanho;
  • Não é uma expansão indicada para todos os jogadores, sendo mais indicada realmente para aqueles que buscam por novos meios de gestão e especialização industrial.

Nota: 8,5/10

Jogo analisado através de uma cópia gentilmente cedida pela Paradox Interactive para PC.