Conan Exiles – Analise

O calor está a chegar! É com esta premissa que enfrentamos esta ousada aventura pelas terras áridas e impiedosas de Conan ExilesO jogo aparenta-se com um cenário arrebatador e implacável onde do nada podemos encontrar tudo. Os desertos escondem as mais horríveis criaturas que rapidamente são capazes de com poucos, mas ferozes golpes de fúria terminarem com  a tua jornada, e claro, lá vamos nós outra vez. Além de um leque de criaturas desenvolvidas a pensar no ambiente do jogo vemos e temos de passar por mais pessoas como nós, algumas delas que fervem por morte e não perdem uma oportunidade para acabar connosco, não existindo bom senso nem o politicamente correto dentro da própria civilização. Se não for a mão engenhosa das criaturas, que são uma ameaça à tua existência e querem terminar contigo, não te preocupes pois os fatores naturais como a fome, sede ou até tempestades de areia podem ser o suficiente para iniciarmos o processo de fossilização, outra vez.

Depois de uma introdução genérica sobre Conan Exiles vamos passar então ao ponto onde tudo começa. No início da jornada encontramo-nos crucificados bem ao estilo bíblico, enquanto derretemos ao sol abrasador que abraça o deserto. Até que nos surge Conan e nos salva sem grandes amabilidades, apenas referindo que o está a fazer honrosamente como guerreiro, e é aí que tudo começa. O início do jogo é uma apresentação de todas as suas funcionalidades, onde aprendemos o básico sobre um clássico de sobrevivência. Desde conhecer e explorar os melhores locais do mapa, recolher os pequenos recursos disponíveis como galhos e pedras para posteriormente conseguirmos criar a nossa primeira arma, e depois acertamos em tudo o que se mexa para aumentarmos a complexidade dos nossos equipamentos, assim como vestirmos a nossa personagem e torná-la um pouco menos vulnerável a todas as ameaças presentes, até ao momento áureo de construirmos a nossa primeira casa onde podemos adorná-la com preciosos baús e começar a guardar um pouco do loot que vamos recolhendo ao longo da jornada, todas estas são funcionalidades apresentadas nesta fase incial. Nada de novo e revolucionário por enquanto, sendo o processo inicial tradicional de um survival.

Posto isto, e com o desenrolar do jogo vamos conseguir craftar o nosso primeiro arco, que nos será extremamente útil para continuarmos a respirar por mais tempo, por muito pouco que este seja. As selvas e desertos de Conan Exiles enfrentam de forma constante momentos difíceis e típicos de uma terra ficcionada com o foco na sobrevivência. Falo de terrores antigos e artefatos suportados na feitiçaria que conferem um nível incrível de profundidade ao jogo, fazendo com que para onde quer que olhemos consigamos sentir o cheiro ao medo e uma muito boa sensação de aventura! À medida em que vamos ganhando mais experiência vamos consequentemente ficando mais fortes e poderosos. Conseguimos assim desbloquear novos equipamentos para fabricar como armaduras mais fortes, armas metálicas ou de ferro assim como novos adereços para decorar a nossa casa, o que nos dá a leve sensação de um conforto relativamente melhor.

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É possível iniciar o jogo de forma autónoma, o que para os mais solitários pode ser uma boa abordagem, tornando os processos mais demorados, mas também mais aprazíveis, não fosse tudo conquistado inteiramente por nós, ótimo para nos aumentar a auto-estima. É ainda possível tirar partido de Conan jogando com mais 39 jogadores em PvP ou PvE. Para os jogadores mais acesos e menos temperamentais talvez o modo adequado seja o PvP onde sentimos a nossa vida de forma muito mais preciosa, onde do nada também a podemos perder para algum bastardo que nos chacine e fique ainda com todos os recursos que levamos connosco, doendo sem dúvida, muito mais! Podemos jogar ainda de forma cooperativa com os restantes jogadores do servidor, se bem que os servidores têm falhas mais constantes do que era suposto e por vezes a experiência sai comprometida de forma algo significativa.  De qualquer forma, independentemente da forma como abordarmos o jogo, vamos acabar por nos divertir e sentir como se fosse uma nova experiência, valorizando o seu valor de repetição.

Antes de conseguirmos chegar a um nível avançado do jogo e começarmos a enfrentar inimigos de maior calibre, é necessário um trabalho exaustivo de recolha de recursos. É de facto fundamental recolhermos materiais como madeira ou pedra, entre muitos outros, para posteriormente evoluirmos de forma bastante progressiva e por momentos monótona (pois só este exercício pode levar-nos mais de meia dúzia de horas de jogo, tempo que nem todos os jogadores estarão dispostos a perder apenas para uma abrangente introdução).

Para que os jogadores não se sintam desamparados, é fornecida uma lista de objetivos a cumprir, o que no fundo facilita bastante a vida, e ainda bem que assim é, caso contrário a progressão no jogo tornava-se muito difícil e grande parte dos jogadores iria abandonar as terras do exílio de forma bem mais breve. Nesta lista de objetivos agrupam-se várias atividades, desde tarefas de escalada, técnicas de combate corpo a corpo, habilidades de combate básicas, chegando a sessões de exploração. Além das inúmeras atividades, estes guias ajudam-nos a seguir o caminho correto.

Um dos problemas do jogo é que nem todos os tutoriais estão bem desenvolvidos pela FunCom, sendo alguns tão básicos como coletar os recursos deixados por um crocodilo depois de o matarmos ou construir a nossa primeira casa fazendo-o de forma correta. Uma outra nota menos positiva é o facto de trocarmos de armas, acessórios e, no fundo, tudo o que está no nosso inventário. Os controlos não estão desenvolvidos da melhor forma e os jogadores habituados a jogos com sistema de troca de equipamentos como em The Legend of Zelda: Breath of the Wild ou no mais recente Monster Hunter World vão encontrar aqui uma interface algo barroca e desatualizada.

Os desenvolvedores aprenderam bastante enquanto o jogo esteve em Early Acess, implementaram um melhor sistema de combate, que chega a ser bastante interessante e algo complexo, apesar de não ser necessariamente revolucionário e nos deixar com uma expressão de surpresa. Algo que foi melhorado foi o mundo de jogo em si,  novas áreas como as montanhas e as selvas foram adicionadas, o que tornou tudo mais dinâmico e apelativo, dando a sensação de que sim, estamos num mundo vivo, apesar de todas as suas limitações. Por fim, toda a temática das religiões e a invocação de seres superiores tornou também bastante credível o universo de Conan.

Infelizmente os bugs são algo inerente ao jogo, e não apenas bugs comuns. Por vezes sentimo-nos frustrados porque a ferramenta que queremos usar não parece funcional em determinada situação, até que do nada começa realmente a funcionar e acabamos por ter de insistir demasiadas vezes em algo que tinha tudo para ser um processo simples. É muito comum vermos também inimigos dentro de rochas, árvores ou então a flutuar e muitas vezes os combates sofrem com este tipo de aberrações da programação que sim, acabam por comprometer e muito o nosso interesse pelo jogo. Cada vez mais é exigido dos jogos e das produtoras, e quando se trata de um jogo com o valor de lançamento fixado nos 50€ já se é esperado algo no mínimo acima da média.

Além deste tipo de erros desnecessários durante a campanha, fomos ainda brindados com quedas de framerate constantes em situações de combate, e quando isto acontece não é nada divertido! Por vezes num milésimo de segundo a nossa personagem é projetada uns bons metros de distância da besta enquanto a atacamos, ou então fica parada e permite uma oportunidade ao adversário de nos atacar, e perder saúde em Conan é tudo menos aconselhável. É urgente tratarem deste problema o mais rapidamente possível, é um dos pontos mais sombrios e negativos desta versão do jogo (a versão PlayStation 4, à qual tive acesso para escrever esta análise).

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Sentimo-nos sim compensados quando tudo acontece de forma natural e vamos evoluindo notoriamente, ganhando novas habilidades e sítios para explorar pelas terras devastadas. É aí que o jogo se aproxima de realmente conseguir exprimir o tom épico que quer transmitir aos seus jogadores, e ela acontece… mas fá-lo de forma muito vaga. É também muito compensatório vermos as construções feitas pelos outros jogadores com materiais que nos são ainda desconhecidos e todo esse sentimento nos fazer querer jogar mais para também conseguirmos fazer algo único e incrível! 

Opinião Final:

Conan Exiles é uma mistura de boas ideias com más concretizações. É um bom jogo para quem quer uma experiência prolongada e que lide bem com os possíveis erros que possa encontrar no mesmo. Sendo um jogo praticamente sem enredo, tem um valor demasiado alto para aquilo que oferece, apesar de ser uma jornada bastante complexa. Apesar de todos os seus erros, conseguem-se extrair bastantes horas de diversão, principalmente se for jogado com amigos.

Do que gostamos:

  • Experiência bastante complexa;
  • Durabilidade e valor de repetição;
  • Credibilidade do mundo em Conan.

Do que não gostamos:

  • Preço;
  • Introdução algo monótona;
  • Vários bugs que comprometem a aventura;
  • Quedas constantes de framerate;
  • Servidores Instáveis.

Nota: 6/10