Crash Team Racing Nitro-Fueled – Análise

Na minha inocência, peguei no remake de Crash Team Racing a achar que ia ter uma experiência relaxada, correr um bocadinho com karts, assim uma coisa suavezinha. Confesso que não joguei este título na sua época de lançamento, na velhinha PSX, e tão pouco tinha noção dos detalhes do mesmo, para além do básico “jogo de karts com personagens de Crash Bandicoot”.

Nada me preparou para o enxerto de porrada que acabei por levar, a agressividade disfarçada com cores vivas e músicas animadas. Aliás, fui inocente demais e já deveria estar à espera de algo do género, depois da experiência de bradar aos céus que tive com a N-Sane Trilogy.

À semelhança do que foi feito com a trilogia de Crash Bandicoot, não esperem aqui uma simples atualização, uma melhoria de texturas para que possa ser chamado de HD… o que aqui temos é na sua essência, e no seu pleno, um remake puro e duro, como estes devem ser feitos. É excelente ver o carinho da Beenox por este jogo, o amor que claramente foi dedicado a refazer um favorito dos fãs, resultando num jogo cheio de personalidade. Mesmo que, como eu, não estejam familiarizados com o jogo original, é impossível não nos perdermos nos pequenos detalhes e nos efeitos gráficos, quer nos hubs onde podemos escolher as corridas, quer nos próprios percursos onde iremos competir furiosamente.

Os mais puristas têm aqui a experiência original de Crash Team Racing, mas com gráficos que sem dúvida levaram uma grande melhoria. Mas aqueles que querem algo mais do que um simples remake podem ter a certeza que também têm aqui muito com que se entreter. Para além da experiência original, podem optar pelo modo Nitro-Fueled, permitindo-vos selecionar de entre três níveis de dificuldade, bem como mudarem de personagem entre corridas e personalizarem o vosso kart.

Preparem-se para bradarem aos céus e tentarem a mesma corrida umas 40 vezes.

Desenganem-se se acham que o facto de poderem escolher a dificuldade vos vai ajudar – e é aqui que recai um dos problemas de Nitro-Fueled. Para pôr as coisas em termos simples, o jogo consegue ser estupidamente difícil, requerendo partes iguais de grandes habilidades do jogador e de pura sorte. Para poderem levar avante a aventura, terão mesmo… mas mesmo, de se tornarem verdadeiramente bons a jogar Crash Team Racing, tornando-se mestres na arte de Power Sliding. Mas toda a habilidade do mundo não vos servirá de nada se vos lançarem um míssil bem dado, conseguido através dos power-ups espalhados pelos circuitos.

O principal problema recai no enorme fosso que existe entre os níveis de dificuldade. Após estar a ter alguma dificuldade em Medium, decidi tentar o Easy, pensando que seria ligeiramente mais fácil… cheguei ao ponto de ter uma vantagem de quase meio circuito à frente dos meus adversários, tornando a experiência aborrecida, de tão fácil que é. Este desequilíbrio pode facilmente afastar alguns jogadores que não se queiram dedicar de coração e alma a Nitro-Fueled. O modo Medium não é assim tão difícil, é certo (não é um Dark Souls) mas requer dedicação e o desejo de querer ser melhor.

Para além das corridas normais, requeridas para avançar com o modo Adventure, poderão ainda tomar parte nas Relic Races e CTR Races. A primeira obriga-vos a rebentarem com caixotes, tendo o tempo contra vocês, obrigando a estudar qual a melhor forma de conseguirem rebentar com tudo antes do tempo acabar. As CTR Races são uma corrida normal – em que terão de ficar em primeiro – mas em que também terão de encontrar as letras C, T e R – convenientemente escondidas em recantos obscuros do circuito.

Apesar de não serem o foco do jogo principal, estas corridas servem como mais um desafio para os jogadores e são também uma forma de se auto-testarem face à dificuldade imposta pelo jogo. Se conseguirem passar estas corridas, não há porque não conseguirem avançar com o resto do jogo.

Os vossos adversários não são os únicos perigos na estrada.

Crash Team Racing apresenta um total de 26 personagens podem bem ter a certeza de que não estarão todos disponíveis logo de início – e uma das formas de os desbloquear, juntamente com peças para os vossos karts, é através de Wumpa Coins. Estas moedas são ganhas sempre que vencem uma corrida e se tiverem suficientes, poderão começar a comprar personagens adicionais. Para além disto, existem eventos Grand Prix que permitem que os jogadores participem em desafios especiais (diários, semanais, temáticos e pro), que servem quase como uma espécie de achievements mas que ajudam a ganhar ainda mais Wumpa Coins. Deste modo, o jogo certifica-se de que têm sempre um objetivo, para além de simplesmente irem desbloqueando mais corridas e bosses.

Apesar de me ver obrigada a repetir certas corridas (o que é dose, considerando que existem 31 circuitos) mais vezes do que o que gostaria de admitir, nada bate a sensação de pegar no comando, pensar “é só mais uma” depois de tantas, e finalmente conseguir acabar a corrida em primeiro – sabendo que isso aconteceu depois de muito praticar e tentar. É certo que a componente dos power-ups pode rapidamente acabar com uma boa performance e deixar-nos em último lugar, mas faz parte da experiência e Crash Team Racing não seria o mesmo sem isso.

Opinião Final:

Crash Team Racing Nitro-Fueled é tudo aquilo que um bom remake deve ser – pegando em tudo aquilo que os fãs adoravam da experiência original, criando uma componente gráfica impecável mas que apela à nostalgia, bem como adicionando mais que conteúdo suficiente para manter velhos e novos jogadores agarrados ao comando durante muito tempo. Obrigando a uma verdadeira demonstração de habilidade, Nitro-Fueled não perdoa com a sua dificuldade, mas recompensa amplamente aqueles que não desistem.

Do que gostamos:

  • Excelente remake com bastante conteúdo adicional;
  • Através dos diversos desafios do Grand Prix, tenta ir reavivando o desafio do jogo.

Do que não gostamos: 

  • As diferenças entre os níveis de dificuldade são abismais.

Nota: 8/10