Days Gone Remastered – Análise

Days Gone Remastered chega à PS5 como uma reinterpretação técnica e polida do título original lançado em 2019 pela Bend Studio. Esta nova versão não apenas atualiza visuais e desempenho, mas também aproveita os recursos do hardware da nova geração para dar uma nova vida ao mundo pós-apocalíptico de Oregon. A promessa é clara: manter a essência narrativa e mecânica do jogo original, enquanto oferece uma experiência mais fluida, imersiva e tecnologicamente relevante para os padrões atuais.

Depois de termos analisado a versão PlayStation 4 do jogo que pode ser lida aqui, e mais tarde a versão PC que pode ser lida aqui, agora chegou a vez de Days Gone Remastered na PlayStation 5.

A história de Days Gone continua a centrar-se em Deacon St. John, um motociclista e caçador de recompensas a viver num mundo devastado por uma pandemia que transformou grande parte da população em criaturas conhecidas como Freakers. A narrativa é, acima de tudo, uma jornada pessoal de perda, sobrevivência e redenção, explorando os traumas do protagonista e a sua constante luta para preservar a sua humanidade num mundo em colapso. A remasterização não altera o enredo, mas o impacto emocional ganha força com cutscenes mais nítidas, transições mais suaves e uma melhoria substancial nos detalhes faciais e expressões dos personagens.

A nível visual, o salto é evidente. A remastered edition corre a 60 frames por segundo com resolução dinâmica a 4K, oferecendo uma densidade de vegetação, efeitos de iluminação e clima dinâmico que tornam o ambiente ainda mais envolvente. As florestas densas, estradas lamacentas e pequenas comunidades em ruínas são representadas com mais fidelidade, reforçando o tom sombrio e melancólico do jogo. A atmosfera é um dos grandes trunfos da experiência, e nesta versão, o trabalho ambiental ganha uma dimensão ainda mais cinematográfica.

O sistema de combate mantém-se funcional e satisfatório. Days Gone mistura ação furtiva com tiroteios intensos, num equilíbrio que exige planeamento e adaptação. A remasterização refina o feedback das armas e o controlo da câmara, tornando os confrontos mais responsivos e credíveis. O DualSense também desempenha um papel importante: os gatilhos adaptativos transmitem resistência consoante o tipo de arma usada, e o feedback háptico é utilizado para destacar o impacto dos combates corpo-a-corpo, assim como o ruído do motor da moto em terrenos irregulares.

A moto, aliás, continua a ser uma das grandes protagonistas de Days Gone. Mais do que um simples meio de transporte, ela é uma extensão do jogador, exigindo manutenção, combustível e upgrades constantes. A ligação entre Deacon e a sua moto é central na experiência de jogo, e a versão remasterizada melhora as sensações de condução com uma física mais refinada e uma sensação de peso mais realista. Atravessar um campo devastado com freakers à solta, sentindo cada solavanco e vibração no comando, é agora ainda mais tenso e envolvente.

Em termos de estrutura, Days Gone aposta num mundo aberto de ritmo mais pausado. Ao contrário de outros jogos do género, aqui não se trata de correr de missão em missão. O ciclo dia-noite, os padrões de comportamento dos inimigos e as ameaças dinâmicas (como hordas gigantescas) obrigam o jogador a adaptar-se constantemente. Esta remasterização mantém esse ADN intacto, mas melhora os tempos de carregamento, a estabilidade geral e a fluidez entre zonas.

O design sonoro também foi retrabalhado. Os ruídos ambiente são mais presentes, o som dos Freakers em emboscada ou em massa é mais ameaçador, e a música continua a alternar com eficácia entre o suspense e a emoção. As atuações de voz permanecem competentes, e os momentos mais emocionais beneficiam agora de uma melhor sincronização labial e clareza nas interpretações.

No entanto, algumas limitações persistem. As missões secundárias continuam a sofrer de repetitividade, e certas animações, mesmo com os retoques, denunciam as origens da geração anterior. O mundo, embora vasto e atmosférico, por vezes carece de interatividade mais rica ou de escolhas com impacto real na narrativa. A inteligência artificial dos inimigos humanos também podia ter sido mais refinada para esta versão.

Opinião Final:

Days Gone Remastered cumpre o seu propósito. É uma versão melhorada de um jogo subvalorizado, que encontrou com o tempo uma base de fãs sólida e apaixonada. Esta remasterização não tenta reinventar o que funcionava, mas melhora o suficiente para tornar a experiência mais envolvente, mais fluída e mais adequada ao hardware atual. Para quem nunca jogou, esta é a versão definitiva. Para os que já o fizeram, pode ser a desculpa ideal para redescobrir o mundo de Deacon com novos olhos.

Do que gostamos:

  • Melhoria significativa de performance e visuais;
  • Ambientação mais imersiva graças ao trabalho de iluminação e som;
  • Uso eficaz do DualSense para aumentar a sensação de realismo;
  • Narrativa emocional com boa caracterização de personagens;
  • Condução da moto mais fluída e gratificante.

Do que não gostamos:

  • Missões secundárias repetitivas;
  • IA inimiga pouco evoluída;
  • Algumas animações ainda datadas;
  • Falta de maior inovação na estrutura geral.

Nota: 8/10

Análise efetuada com um código PlayStation 5 cedido gentilmente pela distribuidora.