Dead Island 2 – Análise

Os vários meios de entretenimento têm vindo, de forma global, a dar mais atenção ao mundo dos Zombies e dos mundos apocalípticos à volta de uma pandemia zombie. Séries tipo The Walking Dead e filmes como World War Z, trouxeram de volta ao coletivo das imaginações a ideia de como o mundo seria se aparecesse uma doença que transforma as pessoas em monstros violentos.

Do lado dos videojogos, o mundo dos zombies habituado a clássicos como a série Resident Evil, teve um renascer no estilo de jogos em oferta. Tudo (re)começou em 2008 com Left 4 Dead, que combinava um shooter muito árcade com hordas de zombies que se adaptavam à forma como jogamos. Até aos dias de hoje, vários títulos lançaram mão ao zombie outbreak, inclusive os fantásticos The Last of Us I e II, recentemente adaptados para uma série televisiva pela HBO. Um desses títulos foi o RPG de ação semicómico chamado de Dead Island, onde as personagens, presas numa ilha fictícia, tentam escapar a mesma após o estalar de uma pandemia zombie. O jogo foi recebido com alguma aclamação, em razão da mistura entre o cenário, a situação cómica e também a violência com que os jogadores sobrevivem aos habitantes da ilha.

Desta vez, em Dead Island 2, a carnificina continua, mas desta vez em Los Angeles – um cenário mais rico e vibrante, com alguma critica social, dado que é o trono de uma das industrias mais supérfluas do mundo, ou pelo menos que mais superficialidade atraí – o mundo das estrelas de Hollywood!

O cenário idílico de Los Angeles (Hell-A) serve de background para Dead Island II

Tal como no primeiro jogo, encarnamos um dos vários sobreviventes – Slayers – que conseguem embarcar num avião para fugir da cidade que entrou em quarentena. Todavia, após se descobrir que existe um infetado a bordo, o avião é imediatamente abatido do ar, despenhando-se com quase todos os passageiros a morrer, salvo o protagonista escolhido pelo jogador, uma estrela de cinema – Emma Jaunt – e o seu assessor, Michael. Rapidamente se organizam numa fuga pela cidade de LA (Hell-A) até à mansão de Emma, que será o quartel general do grupo dos sobreviventes (bastante esteriótipados) e de todos aqueles que vamos encontrando e ajudando nas várias sidequests.

A nível de jogabilidade, estamos perante um RPG de ação em primeira pessoa, com uma grande ênfase no combate melee. Como o mote do jogo é a sobrevivência, o protagonista terá de procurar no mapa tanto as armas, como os vários itens que servem para as melhorar. Claro que a variedade (e a diferença de Dead Island) é que cada protagonista para além de ter os seus próprios atributos, também) consegue equipar várias habilidades (skill cards) que podem ser equipados. É possível utilizar os vários elementos espalhados pelo mapa para várias finalidades – eletricidade para abrir portas ou electrocutar zombies em cima de um solo molhado – mas também é possível usar água, fogo ou até mesmo veneno. O sistema de rage ou fúria está de volta.
As sidequests são extremamente variadas, consistem em ajudar uma personagem secundária a sobreviver ou a aceder a determinado sitio e permitem recrutar essa personagem para o nosso quartel-general, aceder a armas mais poderosas ou até mesmo aceder a zonas diferentes do mapa. Mapa que na verdade, não é verdadeiramente open-world, mas sim várias zonas separadas, embora as mesmas sejam muito amplas e com imensas oportunidades de exploração.
Os inimigos também vêm nas formas mais variadas, com vários efeitos e resistências, como bombeiros que resistem ao fogo, zombies elétricos que nos chocam quando entram em contacto connosco (mas que são vulneráveis à agua), zombies que são tóxicos e cujo veneno pode ser “lavado”, zombies que são enormes e muito resistentes, zombies que correm e daí em diante.

Cada combate consegue ser diferente, dependendo do tipo de zombie que estamos a enfrentar!

No entanto, o sentimento que permeia Dead Island 2 é que é mais do mesmo. Não revoluciona completamente o caminho trilhado por Dead Island nem procura ir mais longe no seu escopo. Aliás, torna-se repetitivo na sua formula não obstante a mudança de cenários.
Não nos entendam mal, se procuram o divertimento sangrento de despachar zombies das maneiras mais criativas possíveis, é exatamente isso que Dead Island 2 apresenta, mas não deixamos de pensar que esta oportunidade poderia ser levada ligeiramente mais longe, pelo que sentimos que – à exceção dos grandes títulos que abordam o tema com profundas narrativas acompanhadas de uma excelente jogabilidade – talvez o género dos jogos de zombies esteja a estagnar.

Graficamente, Dead Island 2 é um jogo muito bonito, mantendo-se estável nos 60fps na plataforma em que analisamos (Xbox Series X) e com uma resolução de 3072×1728, isto é, não chega bem aos 4K (dados Digital Foundry), sendo o resto tratado através de upscalling. O tratamento da luz é algo espantoso que faz com que Los Angeles se realize na nossa sala de estar. Se tiverem oportunidade, liguem o HDR.

Preparem-se para muito, muito sangue!

O jogo possui um modo multiplayer, mas apenas permite “equipas” de 3 jogadores (o primeiro jogo permitia 4), sem possibilidade de cross-platform, mas com cross-gen dentro das respetivas plataformas. É possível saltar para o dentro dos jogos de outros jogadores que mantenham o seu jogo como “público”, com todas as nossas armas no seu nível (mas sujeitos a um downgrade de nível da personagem). Quando a sessão acabar, toda a experiência, itens e armas adquiridos no jogo multiplayer transitam para o modo singleplayer.

Opinião Final:

Dead Island 2 é um bom jogo de zombies. É divertido, muito sangrento, cómico e em certos momentos até brilhante. Mas é difícil não sentir que é um pouco mais do mesmo. Não se aproxima da profundidade narrativa (nem consideramos que o deseje) de títulos com zombies mais conhecidos, mas ainda assim propícia algumas horas bem divertidas a só ou com os amigos.

Do que gostamos:

  • RPG primeira pessoa divertido com um bom sistema de combate;
  • A “critica social” aos estereótipos de LA é bastante cómica;
  • Boa performance gráfica

Do que não gostamos:

  • Um bocadinho repetitivo;
  • Não vai mais longe para além da formula tradicional do percorrer os mapas a matar zombies e cumprir objetivos;
  • Multiplayer parece ter sofrido um downgrade ao só permitir 3 jogadores em simultâneo.

Nota: 7/10

Análise efetuada com um código Xbox Series S/X cedido gentilmente pela distribuidora.