Desperados III – Análise

O tão aguardado regresso ao Oeste chegou. Desperados III volta na pele de James Cooper, um experiente mercenário selvagem que veste como ninguém a pele de um verdadeiro Cowboy. O jogo apresenta-se como uma sequela de Desperados: Wanted Dead or Alive, onde somos convidados a agregar-nos a personagens bastante peculiares, com características e histórias únicas. Desperados 3 é um jogo onde nos é mostrado todo o requinte de um jogo tático, com belos visuais, imensas mecânicas de abordagem, tudo isto numa dança mágica entre matar ou ser morto. Digamos que é justo assumir este jogo como um Hitman do Oeste selvagem e com uma categorização a nível furtivo um pouco mais expandida na sua componente de quase jogo de tabuleiro.

No início, somos brindados com um longo tutorial que nos indica as várias informações, das mais simples ás mais complexas. Somos postos no lugar do filho de James Cooper que mostra uma enorme vontade de seguir as pisadas do pai, que aos poucos, nos vai mostrando como concluir um objetivo ao mesmo tempo que potencializa a nossa criatividade para os níveis futuros. No fundo, apresenta-nos este tabuleiro de xadrez com uma rápida explicação sobre cada uma das peças disponíveis, às quais teremos de dar o nosso melhor para que consigamos o “xeque-mate” a cada nível, pois existem momentos em que temos de parar e repensar várias ações porque o jogo não se propõe a facilitar.

Depois do tutorial, seguimos a todo o vapor para o primeiro nível, onde nos é apresentada uma personagem diferente, assim como em outros níveis a seguir. Os diálogos entre personagens entregam um humor bastante agradável, assim como uma noção de conversa bastante orgânica e humana. Existe de facto uma sinergia entre os personagens jogáveis que tornam toda a viagem mais real ao mesmo tempo que complementa de forma bastante agradável toda a ambientação e tensão do jogo.

Em quase todos os momentos, Desperados 3 obriga-nos a jogar num ambiente de constante ansiedade naquilo que são as melhores decisões a serem adotadas relativamente à abordagem que escolhemos para passar determinada fase dos níveis. Podemos distrair um inimigo mas também o podemos matar, porém, serão as balas importantes numa fase posterior? São estas as dúvidas que nos são coladas de forma constante durante todo o jogo, o que torna a experiência ainda mais especial. Além disso, somos também presenciados com um forte fator de replay que nos propões objetivos extra após passarmos cada nível a primeira vez. 

Considerei o nível de dificuldade elevado, tendo em conta que foi a minha primeira experiência com um título da saga. Controlar a câmara manualmente ao mesmo tempo que “deitámos o olho” ás rotinas dos inimigos não é uma tarefa propriamente simples, contudo, quando conseguimos o clímax perfeito entre a expetativa que temos numa determinada abordagem e a sua realização bem conseguida, dá-nos um feeling muito agradável e gratificante. – “Pois é amigo, já foste!”. Os controlos na sua teoria também são algo acessível, mas que durante toda a ação se mostram exigentes, dependendo da nossa destreza perante os desafios que teimam em deixar-nos frustrados.

A imersão no jogo é de tal forma agressiva, que muitas vezes só descansei quando consegui passar determinadas fases, é verdadeiramente viciante. Para agravar a situação, somos ainda brindados pela Mimimi Games com estatísticas no final de cada nível, o que acreditem, vos vai fazer lá voltar. Na tabelatura destas mesmas estatísticas vamos encontrar informações sobre o número de vítimas que fizemos, sobre as cargas que conseguimos apanhar, até ao número de reféns salvos por nós. Também temos acesso ao nosso trajeto durante toda a missão, quase tão estimulante como vermos o replay num jogo como Grand Turismo, Forza ou Dirt Rally, muito bom!

A composição narrativa de Desperados 3 é bastante aceitável, mas em diversos momentos um pouco rasa, algo que acaba por ser compreensível, dado o foco do jogo ao seu gameplay totalmente diferenciado. Porém, todas as personagens que encontrei, mostraram-me um carisma e brilho que me prenderam durante toda a aventura, até ao momento. Além disso, existem personagens com personalidades bastante diferenciadas que certamente irão de encontro ás diferentes características de cada jogador. Quero com isto dizer que, Desperados 3 não se trata de um jogo com um foco narrativo ao estilo de por exemplo: Red Dead Redemption, onde quase todos os dilemas de uma sociedade totalmente anárquica na sua visão política são referidos. Porém, dá-nos um leve e saboroso sabor Western, ao mesmo tempo que nos premeia com um gameplay de extrema qualidade,completado ainda com uma banda sonora de grande nível. 

Opinião Final:

Desperados 3 é um jogo perfeito para quem procura uma experiência diferenciada, divertida e acima de tudo, com um teor tático de luxo. Apresenta as suas falhas em pequenos momentos como uma excessiva dificuldade no controlo da câmara por exemplo, mas todas essas pequenas imperfeições são passíveis de ser controladas, sendo que ao longo do tempo vamos conseguindo uma experiência singular e cheia de estilo. Este é um título que precisa de ser jogado para que toda a sua qualidade seja testemunhada, assumindo-se como um dos grandes jogos táticos da atual geração de consolas, assim como da plataforma PC.

Do que gostamos:

  • Imersão excecional;
  • Gameplay único;
  • Personagens envolventes;
  • Elevado valor de replay.

Do que não gostamos:

  • Dificuldades de aprendizagem das mecânicas;
  • História algo rasa.

 

Nota: 9/10