Dreams – Análise

Este sonho foi anunciado durante a velha E3 de 2015, onde ainda muitos desconheciam o conceito final da mais recente produção da Media Molecule, que já fez, inclusive, jogos como Little Big Planet e Tearaway. Para quem é fã, já sabe que a produtora entrega uma quantidade de elementos criativos sem precedentes, que transcendem a juventude e se podem facilmente adaptar a qualquer faixa etária. Afinal, não há idade para se ser criativo ou para nos divertirmos.

Desde do seu anúncio que Dreams promete imenso, não pelo orçamento, não pelos gráficos, nem pela jogabilidade, mas sim por aquilo que é a alma do jogo: o seu conceito único. Na terra dos sonhos é possível criar e partilhar de forma única e tão bem-disposta! Existem infinitas possibilidades de mostramos que somos artistas, e só precisamos de ter um comando na mão. Dreams é um jogo revolucionário que promove a indústria de videojogos como arte, no seu sentido mais puro.

dreams - portugal gamers

Existem duas possibilidades primárias no nosso menu. A primeira é jogar os sonhos dos outros jogadores (as suas criações), onde existem várias opções, como seguir o criador ou gostar da sua obra. É impressionante a quantidade de níveis que a comunidade já fez e que promete, sem dúvida alguma, continuar a criar. Este título é possivelmente um dos jogos da atualidade com mais potencial, porque não se define por uma moda, mas, como anteriormente referido, por um conceito.

Para nos introduzir a este mundo de magia que são os sonhos, a Media Molecule resolveu caprichar-nos com uma história interativa com aproximadamente duas a três horas de duração. Trata-se de um nível bastante aprimorado nos detalhes e que nos mostra algum do potencial do jogo. Todo o nível foi feito com recurso às ferramentas de Dreams, à exceção, claro, de toda a sonoplastia e narração introduzidas.

Nesta aventura vestimos a pele de Art, uma personagem bastante singular que está a passar por um momento negativo na sua vida, algo que a produtora quis claramente relacionar com a capacidade que os sonhos têm de nos manter com objetivos e felizes. A simbologia atribuída aos sonhos é-nos logo incutida desde o início da aventura, o que nos faz ficar de imediato imersos na história. Esta vai trazer tantas, mas tantas emoções que só a experiência de a completar vale a compra do jogo. Vais ter momentos incrivelmente variados nesta aventura musical, sendo que podes estar a andar de carro num momento, como mais tarde estar a jogar um shooter. Esta é ainda uma aventura que brilha em vários aspetos, desde os detalhes dos cenários que são de aplaudir, ao próprio enredo que é uma viagem fantástica. Dreams é uma mistura audiovisual incrível, que culmina num momento fascinante.

Depois de completares esta aventura, vais entrar no que realmente é Dreams: uma rede social vasta onde o objetivo é que os jogadores interajam, contando os seus sonhos a toda a comunidade. O nível de complexidade vai depender apenas daquilo que estás disposto a fazer e do tempo que vais dedicar ao jogo, que pode facilmente passar as dezenas de horas. Já existem vários eventos dedicados à comunidade, em que os níveis mais votados pela comunidade são selecionados e exibidos a todos os jogadores, para que possam estejar abrangidos pelas criações mais originais e fascinantes – que, diga-se, são bastantes.

Little Big Planet é uma clara inspiração para a criação de Dreams, desde as pequenas e fofas figuras que nos acompanham nas aventuras, a todo o mundo pitoresco que nos é apresentado de uma forma primorosa. Contudo, Dreams eleva-se face a qualquer jogo já produzido pela Media Molecule, pela sua capacidade ilimitada de contar histórias. É literalmente um jogo que nunca vai perder a essência nem “morrer”, porque a sua auto sustentabilidade está na criatividade da comunidade, algo único e especial na indústria.

A adaptação ao jogo é feita de forma muito prática e acessível, em poucos minutos vais perceber o que tens de fazer para que as tuas criações se tornem realidade. Os comandos são simples e intuitivos, tendo um tempo de aprendizagem relativamente rápido. Depois, apenas tens de deixar fluir a tua imaginação e começar a criar cada vez mais mundos e personagens adoráveis, e, no fim, poderás contar as tuas próprias histórias à tua maneira. Dreams revoluciona também pelo facto de nos dar a possibilidade de criarmos um jogo, uma música, uma história sem que tenhamos de dominar ferramentas específicas para o fazer. Qualquer um pode partilhar a sua alegria, dor, saudade entre infinitos sentimentos através de uma mesma plataforma.

O preço do jogo é outro fator incrivelmente aclamativo, custa 40€ e nem por isso tem um tempo definido de gameplay: cada um vai dedicar-lhe o tempo de que precisa e quer entregar ao jogo, sem compromissos nem repetições. Cada criação é única e especial, e tu vais sentir isso mesmo assim que o começares a jogar.

Opinião Final:

Não há muito mais a dizer, Dreams é isto: o imaginário da criação nas nossas mãos. E assim como a história de Art, acredito que muitos dos jogadores que neste momento possam estar a atravessar um mau momento nas suas vidas se possam rever na sua situação e que através deste jogo se consigam libertar dos seus maus pensamentos. É uma obra prima que ficará para sempre gravada na história dos videojogos. É sempre bom inovar e trazer algo novo a um mercado que, embora de boa saúde, se tenha reconfortado no que já existe e que se mostra preguiçoso em apostar fortemente em novas experiências. Dreams é tudo aquilo de que a indústria precisava: algo fresco, deliciosamente bem produzido e que nos mostra que a vida é muito melhor quando levada com alegria e diversão.

Do que gostamos:

  • Art;
  • Mundo com infinitas possibilidades;
  • Aspeto formidável;
  • Transmite esperança.

Do que não gostamos:

  • Muito procurei, mas não os encontrei.

Nota: 10/10