A desenvolvedora Techland tem uma vasta experiência na criação de jogos inspirados em zombies. Tudo começou com Dead Island e pouco tempo depois com a expansão stand alone Dead Island: Riptide. Mais tarde, em 2015, surgiu Dying Light, um jogo onde o parkour pela cidade desempenhava um papel central. Agora, mais de sete anos (e muitas datas de lançamento adiadas) depois, chegou finalmente o tempo de lançar a segunda aventura neste universo pós-apocalíptico: Dying Light 2: Stay Human.
Na primeira entrada de Dying Light, os jogadores seguiam Kyle Crane. Agora é a vez de Aiden Caldwell ser o protagonista da história. Os eventos de Dying Light 2: Stay Human acontecem 22 anos após o primeiro título da série. Tal como Crane, Caldwell tem as capacidades de free running necessárias para se movimentar bem pelas ruas e vielas que estão à sua disposição na enorme cidade de Villedor. Apesar da sua destreza, o novo protagonista não consegue evitar ser alvo de uma mordida que o infeta com o vírus que virou todo aquele universo de pernas para o ar. Isto cria imediatamente um problema, pois está infetado e, se não tiver cuidado, pode transformar-se em morto-vivo. Caldwell possui, no entanto, habilidades excecionais de localização e combate, que usa para combater a multidão de zombies que vai encontrando ao longo da sua aventura.
Após os eventos do primeiro jogo desta série, o Global Relief Effort desenvolveu uma vacina contra o vírus e a pandemia de zombies foi resolvida – não fosse o facto de os GRE ainda estarem a fazer testes em segredo. Nada impediu que uma mutação desta tal vacina, resultado dos testes, causasse uma segunda pandemia. Esta espalhou-se ainda mais depressa do que a anterior e uma grande parte da humanidade acabou mesmo por morrer. Na verdade, Aiden Caldwell tem apenas uma missão: encontrar a sua irmã, Mia. Ele não sabe onde está ou sequer se ainda está viva, mas deve e vai encontrá-la. Na sua infância, Aiden e Mia eram cobaias de um médico chamado Waltz, o médico que fez experiências em crianças para encontrar uma cura para o vírus.
A busca por Mia leva Aiden Caldwell até Villedor, uma cidade onde os efeitos da segunda pandemia são claramente visíveis. Esta afetou a cidade inteira, que se encontra repleta de zombies. Há pequenos acampamentos onde as pessoas se escondem e tentam sobreviver, mas tens de estar atento em todo o lado . As pessoas ficam desconfiadas quando as suas vidas estão em jogo. Como já foi mencionado mencionado, navegas pela cidade principalmente a pé. Os teus dotes de free running devem ser tudo o que precisas para te levar de ponto A a B. Mais tarde no jogo, um parapente e um gancho também farão parte das tuas opções para transversar pela cidade. O ciclo diurno e nocturno é também um elemento importante. Os zombies são muito mais activos e poderosos à noite do que durante o dia, mas por vezes não terás muita escolha que não sair à noite.
Dying Light 2: Stay Human tem um aspeto absolutamente deslumbrante. Desde belas e refinadas vistas da cidade até casas escuras e delapidadas entre as quais terás de encontrar o teu caminho. É fácil de perceber que foi dada muita atenção ao jogo. Se tiveres o PC ou portátil certo, é definitivamente recomendado que jogues o mais recente título da Techland com os gráficos no máximo – não te vais arrepender. Visualmente, o jogo é verdadeiramente de cortar a respiração. O plano de iluminação é excelente, também por causa do ciclo de dia e de noite. Devido à dentada que sofreu, Aiden transforma-se lenta, mas seguramente, num zombie à noite. A única cura para isto são a luzes de raios UV, que também contribuem para a iluminação do jogo. À noite, tens um período de tempo limitado para fazeres qualquer coisa. Esta janela de tempo introduz um elemento de tensão à noite de Villedor que não se fazia sentir no primeiro título da série. Se não estiveres envolto em raios UV antes do final dessa limitada janela temporal, o vírus transforma-te-á num zombie.
Em Dying Light 2: Stay Human, existem três fações a considerar. São elas os Peacekeepers, os Renegados e os Sobreviventes. Estas fações não vivem propriamente em boas condições, e terás de te mover entre elas. O jogo está cheio de escolhas que afetam o curso do jogo, dado que ao ajudares uma fação, colocas outra em desvantagem. Isto, por sua vez, afeta a forma como eles te veem e como te tratam. Segundo a Techland, Dying Light 2 pode oferecer mais de 500 horas de jogabilidade e estou disposto a acreditar nisso. Há tanto para fazer e vê-se que podes passar bastantes horas neste jogo se estiveres disposto a focar a tua atenção em apanhar todos os colecionáveis e completar todas as missões secundárias e desafios. Além disso, Villedor é muito maior que Harran, o local onde os eventos do primeiro Dying Light decorreram. Um dos problemas é que o jogo demora demasiado tempo a dispor dos vários upgrades que tem para ti.
O design do som do jogo também deve ser mencionado, porque está muito bem feito. Atrai-te para a história e sentes-te ótimo enquanto te esgueiras furtivamente através de algum apartamento completamente destruído. A atuação da voz, por outro lado, é bastante incoerente: apesar de algumas vozes serem muito bem interpretadas, outras são de um nível muito inferior. É uma pena que a Techland não tenha conseguido equilibrar a qualidade da voz durante todo o jogo, porque é, sem dúvida, o que o título merece.
No final, a maior queixa que tenho sobre o jogo é que ele difere muito pouco do primeiro. Sim, o jogo é muito mais agradável e maior que o seu antecessor, mas ao mesmo tempo não surpreende, porque é isso que é: mais agradável e maior. Mas certamente não é realmente inovador, apesar dos upgrades e escolhas (teoricamente mais impactantes) de que dispõe.
“Stay Human“, como diz o subtítulo, é um dos aspetos mais importantes em Dying Light 2. Mais uma vez, a Techland conseguiu criar um delicioso RPG de ação, na qual os zombies, e a tentativa de não te transformares num, desempenham um papel central. Embora grande parte do jogo seja bom, também há algumas críticas que temos de fazer. A qualidade das vozes não é equilibrada durante todo o jogo, a progressão é lenta e esta nova iteração na série é, na sua maioria, mais do mesmo. Ao longo desta análise, tentei abstrair-me dos bugs que estão presentes no jogo, mas são tantas incorreções e problemas que não seria justo se não acrescentasse umas quantas observações relativas ao assunto. O parkour, apesar de estar notoriamente melhor, acaba por sofrer de alguns contratempos em detrimento destes mesmos bugs. Se for possível resolver este tipo de problemas através de atualizações (que eu acredito que seja), penso que o jogo estará no seu auge e que corresponderá ao produto que a Techland idealizou. Se tens boas memórias com Dying Light, ou se apenas queres jogar um RPG de ação cheio de zombies, então Dying Light 2 é definitivamente o jogo certo para ti. Mesmo após ter escrito esta análise, ainda tenho muito que fazer em Villedor, pelo que se aquilo que procuras é conteúdo, este também será um título que te irá agradar.
Opinião final:
Dying Light 2: Stay Human é um grande jogo de role-playing, com uma narrativa cuidadosamente (mas não extensivamente) elaborada, formas de navegação e mecânicas de combate únicas no género, e um cenário extremamente aterrador. Trata-se de um jogo colossal que certamente se tornará numa referência dentro do género, se a Techland for capaz de corrigir, em tempo útil, todos os problemas técnicos existentes.
Do que gostamos:
- Qualidade gráfica;
- Várias formas de transversar as cidades;
- Bom design de som.
Do que não gostamos:
- Vários bugs;
- Progressão lenta;
- Pouca inovação quando comparado com Dying Light (2015).
Nota: 7/10
Análise efetuada com um código cedido gentilmente pela distribuidora.