Fitness Boxing – Análise

Com o lançamento da sua consola híbrida há pouco mais de 2 anos, a Nintendo quis apresentar-se com uma nova cara, marcando uma rotura face a muito do que definia a companhia durante a geração da Wii e Wii U. Este afastamento fez-se (e continua a fazer-se) notar em várias dimensões, e uma delas é sem dúvida uma mudança na mentalidade no desenvolvimento de jogos.

Embora a Switch apresente títulos no seu catálogo em que o foco é proporcionar uma experiência simples e divertida a todo o tipo de pessoas, como Kirby: Star Allies, Super Mario Party ou 1-2 Switch, estes não têm uma presença tão marcada como na Wii e Wii U. Não vemos a Nintendo a apostar tanto em party games, ou jogos de desporto para toda a família, e isto parece significar também que não veremos na Switch uma nova iteração da série de jogos de fitness, Wii Fit.

Ao contrário de jogos como Wii Party U, Wii Sports Resort ou Animal Crossing: amiibo Festival, Wii Fit e Wii Fit U, embora fossem em princípio apelativos a um público bastante geral, representavam mais do que entretenimento: representavam uma forma útil e acessível de controlar a forma física e de cumprir uma rotina diária de exercícios. Como tal, e sendo a Switch uma plataforma bastante adaptável que tem conquistado pela sua acessibilidade, seria uma pena que não víssemos nesta nenhum lançamento que viesse substituir os jogos de fitness da Nintendo.

Preparem-se para disferir socos ao ritmo de várias músicas bastante populares.

Para ocupar este espaço, a Nintendo publicou, no dia mais curto do ano passado, Fitness Boxing, um jogo de fitness produzido pela Imagineer em que, como o título permite entrever, as rotinas de exercício consistem em dar uns socos no ar com os Joy-Con na mão. Os vários tipos de socos (jabs, ganchos, uppercuts…) são executados ao som de músicas mexidas e bastante populares, de artistas como LMFAO ou Lady Gaga, o que é sempre uma ajuda para distrair do cansaço, assim como para manter um estado de espírito positivo. Nas primeiras vezes que se forem exercitar com este jogo, terão acesso a poucas músicas, no entanto irão desbloqueando mais de entre 21 no total, estando algumas das mais populares guardadas para mais tarde, como Sugar dos Maroon 5 ou Girlfriend de Avril Lavigne.

A data de lançamento não poderia ter sido melhor, e Fitness Boxing proporcionou uma boa ajuda no controlo de danos durante e após os excessos de Natal e Ano Novo, bem como na tentativa (até ao momento falhada) de cumprir com as resoluções de ano novo. No Japão tem ganho fama como uma ajuda na perda de peso, e a verdade é que este, embora não tendo todas as funcionalidades do Wii Fit e não sendo exatamente igual a este, acaba por ser um bom substituto da popular série de fitness da Nintendo.

Batalhem ainda os vossos amigos, mais uma vez com uns socos bem colocados e cronometrados.

Como seria de esperar, as funcionalidades e opções comuns em jogos deste género estão cá todas. Podem definir uma meta, uma rotina de treino, podem registar os vossos dados (e, se quiserem, protegê-los com um código numérico de 4 dígitos), o jogo atribui uma Fitness Age de acordo com a vossa prestação, e estima ainda quantas calorias (baseando-se nos vossos dados) deverão gastar ao realizarem determinados exercícios.

Infelizmente, como seria também de esperar, o registo dos movimentos do jogador não está isento de problemas. Encontramos aqui as mesmas virtudes e limitações que em outros jogos com controlos por movimento, e embora as limitações não sejam gritantes, acaba por se tornar algo desanimador ver que não faz diferença nenhuma caso realizemos um uppercut tal como deve ser (rodando para um dos lados, baixando-nos, e dando um soco na vertical) e simplesmente dar um soco regular em frente. Apesar disso, os combos rápidos que o jogo exige de nós, assim como a música de fundo, fazem-nos ignorar este problema durante fases de exercício mais intensas.

Após uma breve explicação de como nos devemos posicionar, e de um aquecimento, Lin poem-nos logo a mexer.

Tal como em Wii Fit, contamos aqui também com a figura de uma instrutora que nos introduz às mecânicas de jogo, Lin. Esta irá aparecer no ecrã a realizar os movimentos que devemos executar, tornando mais fácil saber o que fazer: basta imitar o que observamos (embora, no entanto, tendo em atenção o ritmo da música e o momento certo de disferir os socos). É ainda possível escolher entre mais quatro instrutores e alterar a sua aparência. Os modelos dos mesmos deixam algo a desejar, destoando numa consola em alta definição, e mesmo em relação aos restantes efeitos visuais presentes em Fitness Boxing. Apesar de ser um fator negativo, este desenho simples dos instrutores não terá peso praticamente nenhum na vossa experiência de fitness – o que interessa não é ficar a observar atentamente o/a instrutor(a), mas sim dar no duro durante o treino (e acreditem que se forem couch potatoes como eu, os exercícios podem ser bem exigentes).

O que poderá ter algum impacto, sim – mas na vossa carteira ou decisão de investir no jogo – é o preço de 49.99€ a que Fitness Boxing se encontra. Apesar de, quando comparado ao custo de uma subscrição mensal de um ginásio, este se apresentar relativamente acessível, não deixamos de sentir que o preço é um tanto amargo tendo como comparação, não os custos de subscrição num ginásio, mas dos videojogos no geral e o conteúdo que oferecem, mesmo incluindo a famosa «taxa» Switch. No fundo, terão de ser vocês a justificar o valor investido com exercício regular. Tal como em Wii Fit, aqui o central não é o entretenimento, mas a utilidade que este software poderá ter para alcançarem os vossos objetivos.

Os instrutores podem não ser realmente a coisa mais bela do mundo.

 

Opinião Final:

Fitness Boxing é como que um substituto de Wii Fit na Switch. Produzido por um estúdio externo, Imagineer, mas publicado pela Nintendo, este abandona a Wii Fit Board e apenas pede do jogador que coloque os seus Joy-Con um em cada mão, voltados para cima (como em ARMS) e que execute vários tipos e combinações de socos no momento certo enquanto se balança ao som de músicas bastante populares das últimas décadas.
O seu preço poderá não ser o mais simpático, mas caso lhe dediquem atenção regularmente, este acabará por ganhar valor e justificar o investimento inicial. Com modos de jogo diferentes, várias estatísticas disponíveis e exercícios que se sucedem a um ritmo rápido, esta é a melhor experiência de fitness que encontrarão na Switch.

Do que gostamos:

  • Uma boa ajuda para manter a forma, mesmo sem se sair de casa;
  • Músicas mexidas que motivam a fazer um esforço extra durante os exercícios;
  • Várias estatísticas dão uma ideia de como alcançar um certo objetivo;
  • Não existe necessidade de comprar qualquer acessório, basta pegar nos Joy-Con;
  • Versatilidade da Switch permite continuar as sessões de treino fora de casa, com o modo estável.

Do que não gostamos: 

  • Modelos dos instrutores destoam um pouco em termos de qualidade visual;
  • Movimentos podem não ser reconhecidos adequadamente;
  • Preço poderá ser demasiado alto dado o conteúdo oferecido.

Nota: 7.5/10