O lançamento para PC de God of War Ragnarök deu a um público mais vasto a oportunidade de experimentar a saga de Kratos e Atreus em toda a sua grandeza inspirada na mitologia nórdica. Este último capítulo, originalmente um exclusivo PlayStation 5 (ao qual analisamos e podem ler ou reler a nossa Análise PS5 que mereceu Nota 10/10, aqui), beneficia imensamente da liberdade técnica oferecida pelo hardware moderno do PC, melhorando os visuais de cortar a respiração e a jogabilidade envolvente que definiram a sua estreia nas consolas. Mas será que esta adaptação consegue captar a alma do original e tirar o máximo partido das capacidades do PC? Vamos ver o que torna esta versão especial e onde é que pode falhar.
Começando logo após os eventos do reboot de 2018, God of War Ragnarök catapulta os jogadores de volta para um mundo dominado por Fimbulwinter, um prelúdio amargo para os eventos apocalípticos de Ragnarök. Kratos e o seu filho, Atreus, são arrastados para uma narrativa que tem tanto de pessoal como de mítica. Atreus, agora mais velho e mais curioso, é movido pelo desejo de compreender o seu papel na profecia que se aproxima, enquanto Kratos luta para equilibrar os seus instintos de pai com a sua desconfiança em relação ao destino. A interação entre estas duas personagens é o coração da história, oferecendo uma mistura de diálogos pungentes, confrontos tensos e momentos sinceros que dão profundidade à evolução da sua relação.
A narrativa é soberba, conseguindo um equilíbrio delicado entre a intimidade emocional e a escala épica esperada de um conto com raízes na mitologia nórdica. Enquanto o enredo leva os jogadores através de nove reinos, cada um deles repleto de história, a narrativa nunca perde de vista os seus temas centrais de família, legado e auto-descoberta. Cada interação, seja com deuses como Odin e Thor ou personagens secundárias como Freya e Brok, é rica em subtexto e propósito, assegurando que mesmo os momentos mais pequenos contribuem significativamente para a história mais vasta. A excecional interpretação de vozes eleva ainda mais a escrita, com o desempenho de Christopher Judge no papel de Kratos e o retrato de Sunny Suljic de Atreus a proporcionarem momentos de destaque.
Em termos visuais, a versão para PC de Ragnarök é simplesmente espantosa. Desde as auroras cintilantes que iluminam os céus de Alfheim até aos fluxos de lava de Muspelheim, a direção artística do jogo dá vida ao mundo mitológico com um detalhe sem paralelo. Os ambientes são diversos e meticulosamente trabalhados, convidando à exploração e recompensando a curiosidade com tesouros, histórias e segredos escondidos. No PC, estes visuais são levados ao próximo nível, com suporte para resolução 4K, taxas de fotogramas desbloqueadas e monitores ultrawide, proporcionando uma experiência ainda mais expansiva. As texturas melhoradas e os efeitos de iluminação aprimorados tornam cada canto do mundo um banquete visual, atraindo os jogadores para as suas paisagens imersivas.
Para além das suas proezas visuais, o jogo brilha na sua jogabilidade. O combate, uma marca registada da série, é uma mistura emocionante de brutalidade e estratégia. O arsenal de armas de Kratos – o seu icónico Machado Leviatã, as ardentes Lâminas do Caos e a recém-introduzida Lança Draupnir – fornece um conjunto de ferramentas versátil para enfrentar os vários inimigos do jogo. Cada arma parece distinta, com conjuntos de movimentos únicos e caminhos de atualização que encorajam a experimentação. A adição da Lança de Draupnir acrescenta uma nova camada de estratégia, especialmente em encontros que requerem precisão ou controlo de multidões.
Atreus também desempenha um papel muito mais ativo no combate, reflectindo o seu crescimento como personagem. As suas habilidades com o arco e as suas capacidades únicas complementam a força bruta de Kratos, e os momentos em que assume a liderança oferecem uma refrescante mudança de ritmo. Os inimigos, que vão desde bestas monstruosas a adversários humanos astutos, são diversos e desafiantes, garantindo que o combate nunca se torna monótono. As batalhas de bosses, em particular, são um destaque, misturando um toque cinematográfico com mecânicas de jogo que testam os teus reflexos e adaptabilidade.
Uma das caraterísticas mais marcantes da versão para PC é o seu nível de personalização. A Santa Monica Studio e a Jetpack Interactive garantiram que os jogadores podem ajustar a sua experiência de acordo com o seu hardware e preferências pessoais. Quer esteja a jogar num equipamento topo de gama capaz de atingir as definições máximas ou numa configuração mais modesta, o jogo oferece opções para otimizar o desempenho sem sacrificar a qualidade visual. Funcionalidades como o DLSS da NVIDIA e o FSR da AMD melhoram ainda mais o desempenho, tornando o jogo acessível a um público mais vasto.
No entanto, nem tudo na versão para PC é perfeito. A decisão de exigir uma conta na PlayStation Network (PSN) para um jogo para um jogador foi recebida com críticas, pois parece desnecessária e intrusiva. Além disso, apesar de o jogo estar claramente optimizado para comandos – em especial o PlayStation DualSense, que oferece feedback melhorado e gatilhos adaptáveis – a sua implementação no rato e teclado deixa algo a desejar. Os controlos são menos intuitivos, com certas acções a exigirem combinações de teclas estranhas que podem perturbar o fluxo do combate.
O ritmo do jogo é outro aspeto digno de nota. Apesar de a narrativa principal ser bem tecida e consistentemente cativante, algumas missões secundárias e segmentos de exploração podem parecer um enchimento, prejudicando o ritmo geral. Dito isto, estes momentos mais lentos proporcionam muitas vezes uma valiosa construção do mundo ou o desenvolvimento das personagens, o que faz com que valham a pena para os jogadores que se dedicam à história.
Tecnicamente, a versão para PC é polida, mas não está totalmente isenta de problemas. As quedas ocasionais da velocidade de fotogramas, especialmente em cenas com maior intensidade visual, podem ser uma distração, e pequenos erros, como cortes ou falhas de animação, quebram ocasionalmente a imersão. Felizmente, estes problemas não são frequentes e é provável que sejam resolvidos através de futuras correcções.
Como jogo, God of War Ragnarök consegue manter a integridade da sua versão para consola, tirando partido dos pontos fortes do PC. Oferece uma experiência visualmente espetacular e emocionalmente ressonante que é um testemunho da arte do Santa Monica Studio. A mistura de uma narrativa cativante, uma jogabilidade refinada e imagens de cortar a respiração fazem deste jogo um título de destaque não só no género de ação e aventura, mas também nos jogos em geral.
Opinião Final:
Em conclusão, God of War Ragnarök no PC é uma adaptação impressionante que mantém a magia do seu lançamento original, ao mesmo tempo que proporciona melhorias técnicas que elevam a experiência. As suas pequenas falhas – como o requisito da PSN e os controlos de teclado menos que ideais – são compensadas pelos seus inúmeros pontos fortes. Para aqueles que perderam o jogo na PlayStation ou para os fãs ansiosos por revisitar a história com maior fidelidade, esta é uma viagem obrigatória que capta a essência do que torna a série tão adorada.
Do que gostamos:
- Uma narrativa rica e emocionante que equilibra a mitologia épica com o crescimento pessoal das personagens;
- Visuais deslumbrantes melhorados por funcionalidades de PC como resolução 4K, suporte ultrawide e iluminação melhorada;
- Combate dinâmico e estratégico com opções de armas versáteis e inimigos desafiantes;
- O papel alargado de Atreus na narrativa e na jogabilidade, acrescentando profundidade e variedade.
Do que não gostamos:
- O início de sessão obrigatório na PlayStation Network (PSN) parece desnecessário;
- Controlos do rato e do teclado estranhos em comparação com a experiência de utilização de um comando;
- Problemas ocasionais de ritmo em certas missões secundárias e segmentos de exploração.
Nota: 10/10
Análise efetuada com um código PC cedido gentilmente pela distribuidora.