
Killing Floor 3 chega com a difícil missão de modernizar uma fórmula que, apesar de já bem consolidada, começa a mostrar sinais de desgaste. Desenvolvido pela Tripwire Interactive, este novo capítulo da série volta a colocar os jogadores no centro de uma guerra desesperada contra hordas de criaturas grotescas conhecidas como Zeds. Com uma ambientação futurista situada em 2091, o jogo aposta fortemente numa experiência cooperativa, mantendo a ação frenética e visceral que tornou os títulos anteriores tão populares, mas tentando ajustar algumas peças para agradar tanto a veteranos como a novos jogadores.
Logo à partida, nota-se uma tentativa clara de renovar o visual e o ritmo do jogo. Killing Floor 3 utiliza a mais recente versão da Unreal Engine para apresentar ambientes mais densos, iluminação dinâmica e um detalhe gráfico superior ao dos antecessores. No entanto, estas melhorias técnicas nem sempre brilham na Xbox Series S. Embora o jogo mantenha os 60 fotogramas por segundo de forma geral, é comum haver quebras de fluidez em momentos de maior intensidade, especialmente quando vários inimigos enchem o ecrã e efeitos de partículas se acumulam.

Em termos de jogabilidade, a essência mantém-se: ondas sucessivas de inimigos cada vez mais perigosos, intercaladas com curtos períodos de preparação, onde os jogadores podem reabastecer munições, comprar armas, modificar equipamentos ou instalar torres defensivas. A grande novidade aqui está na mobilidade. Pela primeira vez, os jogadores podem escalar estruturas, deslizar e realizar esquivas rápidas, conferindo uma nova verticalidade ao combate. Esta adição muda o ritmo de jogo e incentiva abordagens mais dinâmicas, embora a sua eficácia dependa muito do mapa em questão.
Falando em mapas, Killing Floor 3 apresenta arenas mais verticais e densas, com pontos de estrangulamento e áreas abertas que requerem comunicação ativa entre os membros da equipa. A atmosfera continua sombria e opressiva, com um design artístico que reforça a sensação de colapso civilizacional. A narrativa decorre numa Europa devastada, onde a megacorporação Horzine perdeu o controlo sobre os seus próprios experimentos genéticos, e a resistência conhecida como Nightfall combate para travar o avanço das aberrações. Apesar de o enredo continuar a ser uma desculpa para a ação, há tentativas de o integrar mais organicamente através de objetivos secundários durante as partidas.

O sistema de classes mantém-se, agora com seis personagens jogáveis desde o lançamento, cada uma com o seu estilo de jogo, árvore de habilidades e armamento exclusivo. Temos desde o típico assalto com espingardas automáticas, ao suporte com buffs de equipa, ao especialista em armamento corpo a corpo. Cada classe evolui separadamente e permite customizações detalhadas de habilidades passivas, perks e modificações de armas. Embora este sistema adicione profundidade, pode tornar-se excessivamente complexo para jogadores que queiram apenas entrar e disparar sem pensar demasiado.
A variedade de inimigos é um dos pontos altos. Os Zeds foram redesenhados com mais detalhe e animações, apresentando comportamentos mais agressivos e adaptativos. Desde os clássicos Slasher e Bloat até novos tipos de elites com ataques coordenados, há um esforço visível para tornar cada combate imprevisível. O sistema M.E.A.T., responsável pelos efeitos viscerais de dano, foi melhorado e agora apresenta desmembramentos mais detalhados, com física aprimorada e feedback visual mais intenso. Este nível de gore, que é quase uma assinatura da série, continua a ser um dos grandes atrativos para quem procura uma experiência de combate crua e satisfatória.
Killing Floor 3 também introduz um sistema de missões dinâmicas dentro das partidas, como proteger áreas, ativar geradores ou resgatar aliados. Estas tarefas ajudam a diversificar a jogabilidade, quebrando a monotonia de apenas eliminar ondas e oferecendo recompensas adicionais. Contudo, algumas destas missões parecem mal integradas e acabam por ser ignoradas em dificuldades mais elevadas, onde a sobrevivência imediata se sobrepõe à estratégia.

No que diz respeito à progressão, o jogo segue uma lógica de desbloqueio gradual, com novos itens cosméticos, armas e melhorias desbloqueadas à medida que se joga. Existem também passes de temporada e eventos temporários planeados, o que pode afastar jogadores que não apreciam estruturas de live service. O menu e a navegação por este sistema de progressão são pouco intuitivos, e muitas opções estão divididas entre submenus confusos. Além disso, a ausência de funcionalidades como chat de texto ou browser de servidores no lançamento limita a organização de partidas com amigos ou a procura de comunidades específicas.
Em multiplayer, a experiência é sólida, mas depende muito da cooperação entre jogadores. Em partidas públicas, a ausência de coordenação pode transformar a jogabilidade num caos pouco gratificante. O matchmaking é eficaz, mas peca por vezes no equilíbrio das equipas, colocando jogadores novatos com veteranos em modos de dificuldade elevada. Ainda assim, quando jogado com um grupo coeso, Killing Floor 3 brilha como poucos shooters cooperativos, com momentos de pura adrenalina e satisfação tátil.
O áudio está à altura do espetáculo visual. A trilha sonora mistura industrial com metal agressivo, funcionando como combustível para a ação. Os efeitos sonoros são consistentes, desde o ricochetear de balas até ao som gutural das criaturas. O design de som reforça o impacto dos combates e ajuda a identificar tipos de inimigos pela audição, o que é crucial em momentos de tensão.
Opinião Final:
No geral, Killing Floor 3 é uma evolução contida da fórmula original. As melhorias na mobilidade, o aumento da densidade gráfica e os novos sistemas de combate trazem uma lufada de ar fresco, mas não alteram fundamentalmente o núcleo da experiência. Para quem já gostava da série, é um regresso bem-vindo. Para novos jogadores, pode ser um desafio entrar neste mundo tão brutal e complexo sem um onboarding mais acessível. Ainda assim, continua a ser um dos jogos cooperativos mais viscerais do mercado.
Do que gostamos:
- Ação cooperativa intensa com boa resposta;
- Variedade de classes e armas;
- Sistema de desmembramento M.E.A.T. impressionante;
- Adições de mobilidade e objetivos dinâmicos.
Do que não gostamos:
- Menus e navegação pouco intuitivos;
- Progressão algo confusa e excesso de sistemas;
Nota: 8/10
Análise efetuada com um código Xbox cedido gentilmente pela distribuidora.