King of Seas (PS4) – Análise

King of Seas é uma aventura escrita no mar das Caraíbas, que se prende essencialmente pelo grinding obrigatório que nos é imposto à força toda, isto para que possamos ir desbloqueando o progresso da história, que por si só é bastante seca, embora rodeada por água.

O jogo é desenvolvido pelo estúdio 3DClouds, e nasce como sendo um RPG de aventura marítima. Piratas versus Monarquia é algo que já faz parte do folclore do entretenimento há bastante tempo, sendo o Pirata das Caraíbas, em que Jonhy Depp interpreta o papel de Jack Sparrow, o principal embaixador do tema. Tema que conquistou o mundo com a sua devoção atabalhoada às forças ilícitas dos piratas que percorreram noutros tempos os mares das Caraíbas.

King of Seas procura trazer esses elementos de batalhas navais, com alguns momentos de humor entre as forças da bandeira negra contra os navios reais que dão uma falsa ilusão de proteção aos reinos pelos quais vamos navegar. Grande parte do tempo de jogo, no entanto, é gasto a apanhar recursos e subir de nível para que tenhamos capacidade de naufragar todos os nossos inimigos e, assim, aos pouquinhos, ir progredindo na história.

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O mapa do jogo é totalmente procedural, isto é, cada vez que iniciamos o jogo, o mapa vai ser diferente, com uma nova distribuição aleatório dos vários pontos de interesse e de todos os portos. É um elemento que o jogo apresenta, mas que acaba por ser irrelevante para a qualidade do mesmo. Não nos faz qualquer diferença que o mapa seja recriado a cada playthrough, porque nada na história muda, e apenas vamos ter uma leve sensação de diferença, sendo que, passado algum tempo, já nem nos lembramos desta funcionalidade do jogo.

A história inicia-se com um golpe de estado ao Rei, que proclamou a paz pelos reinos do mar das Caraíbas. No papel do/a seu/sua filho(a), temos a possibilidade de costumizar a personagem principal, que será injustamente culpada pela morte do seu próprio pai, apanhada numa armadilha ardilosamente preparada de forma a que um mal maior não seja desmascarado. Após o injusto julgamento de Luke (jogámos com a versão masculina da personagem), filho do rei, acabamos naufragados numa ilha dominada por piratas, que o vão ensinar a como sobreviver no mar e, passo a passo, vão planeando uma forma de limpar a imagem do jovem que de culpado nada teve.

Depois desta breve introdução mergulhamos em todos os elementos que constituem o jogo para que a nossa estadia a bordo seja bem-sucedida. Existem cinco barcos e, como é óbvio, começámos com o mais fraco. Ao longo das primeiras horas, somos ensinados a coletar o loot que paira sobre as águas, assim como a transportar itens do ponto A ao ponto B. Mais tarde, aprendemos a afundar e saquear barcos, tanto inimigos como dos próprios piratas, tarefa esta bem complicada e que requer bastante treino até se conseguir um domínio relativamente bem-sucedido das mecânicas de jogo.

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É aqui que começam os problemas. Uma vez por outra nas missões principais, temos de completar algumas tarefas que quebram totalmente o ritmo do jogo e que o vão tornando extremamente monótono. Por exemplo, em determinadas partes somos “convidados” a coletar quantias de dinheiro que nos vão ocupar horas e horas de jogo, e isto só para desbloquear um pedacinho de progresso que acaba por não compensar o esforço. Noutros casos, temos de afundar barcos de nível demasiado alto, para os quais ainda não estamos preparados, levando a que mais uma vez a nossa aventura pelo grind comece e acabemos por perder horas apenas para prosseguir um pouco mais na história. Este tipo de missões faz com que o jogo tenha uma história de apenas umas quatro ou cinco horas, mas que, através de todo este processo doloroso e demorado até à sua conclusão, leva a que demoremos facilmente umas trinta horas até chegarmos ao final da mesma. A falta de equilíbrio entre progresso na campanha e missões secundárias acaba por ser o grande defeito deste jogo.

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Mas, apesar de toda estas críticas, o jogo tem as suas conquistas. O gameplay, apesar de repetitivo, é muito divertido e acaba por ser viciante. Quando afundei o primeiro barco, tive uma sensação bastante satisfatória, que, ao longo do jogo, se foi mantendo. É um jogo bastante estratégico, onde é necessário escolher bem o barco, os poderes míticos de voodoo disponíveis e a melhor forma de abordagem ao barco inimigo, consoante as suas características. Sim, além das embarcações disponíveis podemos ainda selecionar poderes exuberantes que nos podem ajudar a derrotar os outros barcos e também a fugir deles, criando uma dinâmica bastante agradável.

Graficamente, King of Seas é bastante competente e os efeitos visuais do ciclo dia/noite e das tempestades para as águas calmas é satisfatório, conseguindo agarrar os jogadores por mais algum tempo. O visual de cada ilha é também minimamente diferenciado e causa uma leve sensação de diversidade, mas que nunca consegue passar disso mesmo, uma leve brisa. Cada ilha pode ser convertida em território pirata. Para isso, é necessário destruir a sua torre de defesa, que facilmente nos afunda o barco, e refiro-me a questão de segundos. Infelizmente, tal resulta num desafio desequilibrado, que é mais ingrato do que divertido.

Opinião final:

King of Seas é um jogo que está bem pensado e que se diferencia de muitos outros RPG, tornando-se inicialmente muito apelativo. Porém, a sua persistência no grind e em fazer o jogador retomar às mesmas tarefas de forma regular acaba por afastar os jogadores que querem novidade ao longo da jornada e não apenas andar à deriva. Se são amantes de jogos em que terão de dispender centenas de horas para os conquistarem totalmente, e em que no que fazem, são relativamente bons, têm aqui uma boa opção para se entreterem durante muito tempo. Para todos os jogadores mais casuais, este será um jogo difícil de vos agarrar.

Do que gostamos:

  • Sistema de combate;
  • Visualmente agradável.

Do que não gostamos:

  • Extremamente repetitivo;
  • Progressão na história mal balanceada;
  • Missões secundárias muito semelhantes entre si;
  • Dificuldade exagerada em alguns momentos.

Nota: 5,5/10