LEGO DC Super-Villains – Análise

Depois da sua última aposta em LEGO The Incredibles, a Warner Bros. e a TT Games decidiram alargar o universo LEGO até às terras dos super heróis da DC, só que desta vez a atenção caiu sobre os seus vilões, aos quais nos teremos de juntar para salvar o universo. Exatamente isso, usar o mal para combater o mal é a premissa desta nova aventura animada.

Como já é habitual, podemos jogar com várias personagens do universo DC, das mais emblemáticas e carismáticas às menos conhecidas, mas nem por isso menos importantes. E acreditem que o número de personagens jogáveis, à imagem dos restantes jogos da LEGO, é de facto absurdo.

Apesar do número exorbitante de bonecos, existe algo que surpreendeu em LEGO pelo seu caráter pioneiro na série. Temos de criar uma personagem totalmente nova, e o nível de personalização é surprendente! São de facto muitas as variáveis de entre as quais podemos escolher para o novo vilão, estilizando-o de acordo com os nossos ideais de maldade. Além das inúmeras peças de roupa, cabelos e formas, temos ainda a possibilidade de personalização individual de cada parte do corpo, além do tipo de poder que queremos associado à nossa pequena criação do mal. A nossa personagem carece de linguagem verbal, isto é, durante toda a aventura nunca temos o prazer de ouvir o nosso próprio boneco entre a restante comitiva de vilões, o que contudo rapidamente nos passa ao lado pelo ritmo acelerado da história. É também importante referir que a nossa criação terá impacto direto na narrativa e não serve apenas para que possamos jogar com uma personagem esteticamente diferente. Ah, e podemos ainda batizar o nosso rookie com o nome que bem entendermos.

Ao longo da nossa estadia pelas terras do crime, encontraremos uma vasta gama de poderes aos quais vamos ter acesso, sendo alguns deles são desbloqueados durante o próprio decorrer do jogo e tornando o nosso pequeno rookie mais competente e capaz de ter “voz” no meio de tanto bandido. Além disso, como já referido, existe ainda um grande número de vilões e heróis com poderes praticamente únicos, o que faz, por um lado, que queiramos jogar com todos eles, mas, por outro, que lhes entreguemos pouco do nosso tempo, dada a quantidade enorme de personagens. Tudo isto com direito a uma jogabilidade bem simpática e que poucas vezes me deixou desapontado.

A história do jogo gira em volta de como os vilões vão conseguir salvar o universo depois de os nossos super heróis da DC terem sido raptados pelo Justice Syndicate e no seu lugar terem ficado impostores que se fazem passar pelos originais. Desde provar que aconteceu o seu desaparecimento, a como conseguir recuperar os verdadeiros heróis, todos os vilões tentam engendrar a melhor forma de o conseguir fazer e provar a todos que afinal, os “bons” da fita não passam de vigaristas que viajaram da dimensão Earth 3 para apenas virem à Terra com intenções de roubar um artefato para o seu mestre. O ritmo da história é intenso e bem conseguido. O argumento é muito bom e fez com que a dezena de horas que eu gastei na história principal vale-se a pena, não apenas pelo seu humor característico, mas também pela qualidade da escrita apresentada, que se reflectiu numa honrosa história original LEGO.

Todos os capítulos são introduzidos pela dupla Lois Lane, acompanhada pelo fotógrafo Jimmy em sequências de vídeo que vão contando os desenvolvimentos sobre o que se está a passar, ao mesmo tempo que tentam desvendar o caso dos misteriosos “heróis”. Esta é uma forma muito inteligente de contar a história, até porque estas são duas personagens com imenso carisma que conseguem criar momentos bastante divertidos e insólitos, que nos fazem acompanhar o enredo ao pormenor e, simultaneamente, entretendo-nos.

Mas não apenas da história vive o jogo, e, como também já é habito no títulos LEGO, existem imensas atividades que podem ser feitas de forma intercalada com a história principal, ou, se preferirem, no final do último capítulo de DC Super – Villians. As tarefas adicionais podem, por exemplo, ser corridas, ou muitas outras missões secundárias muito bem ilustradas espalhadas por Gotham City e Metropolis, e que apresentam uma atmosfera ao mesmo tempo realista e bastante colorida. Existe ainda um conjunto enorme de colecionáveis que podem ser adquiridos no final de cada capítulo no denominado modo livre. No final do jogo terão seis missões à disposição, mas desta vez para serem vividas pelos heróis que tão bem conhecemos, como o Super Homem, Mulher Maravilha, Flash, Batman, entre muitos outros.

Visualmente, não existe muito a apontar a LEGO DC Super – Villains. O jogo está com um aspeto impecável nas várias modalidades. Um ótimo menu, graficamente cumpre (como já é hábito), criando uma boa imersão entre o mundo da DC e a proposta mais infantil que acaba por ser o DNA de LEGO. As cut scenes estão fantásticas e proporcionam-nos pequenos trechos dignos de um filme de animação e que se conjugam lindamente com o desenrolar da história, nunca fugindo ao clímax da mesma.

A banda sonora também está surpreendentemente boa e além das variadas músicas que vamos encontrando ao longo do jogo ouvimos faixas como Joker and the Thief dos Wolfmother e ainda I fought the Law da autoria dos The Clash. Músicas que dificilmente são encontradas em jogos de animação mas que, e mais uma vez aproveitando todo o universo envolvente da DC e dos seus vilões, encaixou que nem uma luva.

A maior crítica a apontar ao jogo é algo que marca presença em todos os títulos LEGO. Falo da ausência do modo cooperativo online, sendo apenas possível usufruir da experiência com os nossos amigos ou familiares no modo offline. É um fator que priva estes jogos e que poderia tornar uma experiência muito boa em algo de excelência. Afinal, não há nada melhor do que partilhar gargalhadas parvas com os nossos amigos. Embora mesmo de forma solitária dê para aproveitar muito bem todo o conteúdo do jogo sem que lhe percamos o apetite.

Um outro elemento que desfavorece um pouco a experiência, embora se perceba já que o foco da produtora são os jogadores mais casuais e as crianças, é a dificuldade exigida para completar as tarefas, ou melhor, a falta dela. O jogo apresenta-se em tudo acessível e para os jogadores que gostam de se sentir desafiados, o único obstáculo que irão encontrar aqui é de  que o jogo é bastante fácil.

Opinião Final:

Feito a pensar na criançada, mas com muito para ensinar aos mais velhos. Um jogo que surpreendeu em quase todos os níveis. Com uma ótima história, com boas personagens e que tecnicamente quase não deixa falhas à vista. Sempre divertido, com uma enorme variedade de tarefas nada enfadonhas a realizar, e ainda na companhia de um conjunto de vilões e heróis a partilharem as cidades pelas quais muitos de nós já se apaixonaram em criança. LEGO optou pela criatividade e o resultado foi excelente, acabando por se tornar num dos melhores videojogos com o nome da marca.

Do que gostamos:

  • Criação e personalização de personagem;
  • Visuais e Banda Sonora;
  • Recriação de Gotham e Metropolis;
  • História muito bem desenvolvida;
  • Joker e Harley Queen.

Do que não gostamos: 

  • Falta de modo cooperativo online;
  • Demasiado fácil para jogadores mais experientes.

Nota: 8,5/10